O Blog do Maybuk publica
belo texto escrito pela ex-diretora da Fecilcam (atualmente Unespar campus de
Campo Mourão-PR) para homenegear o grande professor Carlos Rodrigues Brandão
(professor livre-docente da Unicamp) e que liderou um trabalho importante aqui
em Campo Mourão em 1995.
Segue o texto.
In mmemoriam...
A 12 de julho de 2023 foi
juntar-se às estrelas do céu, uma das estrelas da singular história da educação
superior do Paraná. Assim, essa estrela e a educação superior do Paraná se
juntam para lembrar a humanidade de que o tempo é o senhor da história, de que
o tempo é real, é aqui e agora, mas é transcendente, é soberano e divino e que
ela, a humanidade, como extensão desse tempo e da imensidão do universo, também
o é. É tão só isso. E é, por isso, TUDO ISSO.
Carlos Rodrigues Brandão,
nesse 12 de julho de 2023, se foi...sua alma repousa sobre uma história
fantástica, plural, diversa e profundamente humana, que é a história da criação
da Universidade Estadual do Paraná- a UNESPAR.
Carlos Rodrigues Brandão
nessa despedida final faz brotar lágrimas. Lágrimas de luto por uma perda incomensurável, amiga,
acalentadora, acolhedora, amorosa, maternal, paternal e amiga...quantos
qualificativos mais? Todos eles, nascidos do coração e da mente, da gratidão
sem medidas daqueles que contaram com ele no momento único de uma aventura do
conhecimento e da educação que se chama, hoje, Unespar. Eu sei disso, eu sinto
isso. Nascidos do amor e da gratidão. Professor Carlos Brandão, querido amigo,
querido Mestre, querido farol de tantos sonhos e sabedoria, ciência, educação e
cultura, Professor Carlos, receba-nos, receba nosso carinho sem tamanho, nosso
abraço dolorido e ao mesmo tempo feliz pelo encontro magnífico com o senhor,
com que a vida nos presentou nos idos da década daquele ano de 1995. Sob
lágrimas escrevo. Elas banham meu coração, minha memória, meu reconhecimento,
mas tenho absoluta certeza de que não apenas de meus olhos elas brotam. Brotam
de todos os que sonhamos juntos, na década do ano de 1995, quando o conhecemos
e o ouvimos, pela primeira vez.
Elas banham quando ouvem,
entre outras, palavras assim:
“Globalizar implica em abertura,
claro. Mas implica também em alteridade, consciência do valor do outro para o
qual não se abre. Ou seja, globalizar implica em não-unificar concepções,
interações e procedimentos. Em nome e por causa do direito à diferença,
conforme salientou Adriano Ruiz, temos visto algumas posturas de resistência:
há pessoas, grupos e até etnias inteiras resistindo à globalização tal como
esta tem se mostrado. Há resistências, consideradas, muitas vezes, como mero
“atraso”, àquele trator aplastante” denunciado pelo Arguello. No decorrer desta
nossa conversa pretendo aprofundar um pouco isso: a valiosa e possível
contribuição dos excluídos...não como “mercado consumidor” é claro. Mas, antes
disso, aquele companheiro que pediu a palavra...”
Palavras ainda hoje tão
cheias de sentido, querido Mestre! Elas nos acompanharão por todas as nossas
vidas, são humanas. São atemporais e justas, são transcendentes.
Siga seu caminho, sua
Missão. Fazemos parte dela e nos sentimos orgulhosos de termos sido seus
educandos, como prefere que nos consideremos, na prática libertadora de
educação que pregou por uma vida inteira aqui entre nós. Prática da verdadeira
liberdade, que respeita a si mesmo e ao outro, prática da alteridade genuína.
Que respeita e que, portanto, por respeito mútuo, não agride o espaço do outro
com palavras e/ou com práticas invasivas, desumanas.
Nos idos 1995, surgida de
um sonho coletivo na gloriosa FECILCAM, a semente de Universidade Regional para
a COMCAM é replantada com muitas mãos, dali, de seu interior, mas agora também
de fora dela com toda a intensidade. Semeada tivera sido já por muitas mãos ali
de dentro, mas um sonho majestoso e imenso, intenso como aquele não caberia mesmo
ali. E em 1995 consolida-se um trabalho de muitas mãos, que se verá real na
fundação da hoje Unespar, tempos depois, numa primeira etapa que se faz já consolidada.
Uma etapa que nascera na gênese da instituição, quando se criou a Fundação
Municipal de Ensino Superior de Campo Mourão, a Facilcam, depois, Fecilcam, agora Unespar. Mas
se trata de um sonho que jamais morrerá, pois assim acontece quando os sonhos
merecem ser vividos, realizados. Eles florescem pelas sementes e cultivo bem
feito pelas mãos de seus primeiros semeadores, mas nunca se fecham, as sementes
são dadivosas, elas se propagam, perpetuam sempre também pelas mãos dos
sonhadores herdeiros que fazem brotar para a eternidade a esperança plantada lá
muito atrás. Começo que traz infinitos recomeços porque a vida é um eterno e
saudável encontro, abençoada pelo poder universal do amor.
Em 1995 o novo começo
venceu as resistências de seu tempo e convidou a história desse mesmo tempo a
sonhar bem alto, a arregaçar as mangas, a acreditar no que se dizia e que fazia
questão de se fazer, de fato impossível. E rompeu fronteiras. Deram-se as mãos, os herdeiros
intransigentes desse tempo. E o sonho recomeçou.
O sonho atingiu como
protagonistas os professores e funcionários da Fecilcam. Como parceiros,
instituições de além dela, como o Poder Público Municipal de Campo Mourão
(Executivo e Legislativo) com toda a sua estrutura de funcionários,
Secretarias, Fundações. Também o Cefet. Também a Associação Paranaense das
Faculdades Isoladas. E como parceiros acadêmicos, pois o sonho exigia
constructo acadêmico e científico de artilharia pesada, atingiu os núcleos
Nupélia (da Uem) e o NIMEC, da Unicamp. Essa força rompeu as barreiras do
Conselho Estadual de Educação do Paraná, cuja maioria quase absoluta negava às
Faculdades Isoladas a condição de se estruturarem a caminho de Universidade,
atingiu órgãos de fomento e pesquisa, como
CNPq e CAPES, atingiu finalmente o MEC. Hoje, tantas outras batalhas
aparentemente invencíveis, foram vencidas. E o sonho continua pela união das outrora
Faculdades Isoladas e outras instituições, na jovem e promissora Unespar. Assim o sonho continua a fazer brotar a
esperança nas vidas que pupulam para eternamente congraçar o amor por meio da
ciência, da pesquisa , extensão, da cultura universal e diversa. Amor à
Humanidade e mutuamente ao outro –outro que conosco vive nosso momento- todo o
meio ambiente e o Universo que nós, como Humanidade, alcançamos conscientemente
por meio da ciência e da cultura.
Obrigada, Mestre
Professor Doutor Carlos Rodrigues Brandão! Leva consigo esse sentimento sem
limites de reconhecimento e eterna lembrança!
Sinclair Pozza Casemiro
Maringá, 13 de julho de 2025.
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