Depois de uma belíssima, frutífera, abençoada, vida intensa e bem vivida foi para o outro plano nosso querido professor Assabido Rhoden. Ele deixou com o coração partido e triste a esposa querida Clautilde Khalaf, os quatro filhos, netos e um batalhão de amigos e amigas (todos admiradores) em todos os meios que frequentou.
Para falar dele precisei de ajuda intelectual e de coração aberto de outras pessoas e de informações de sua trajetória. Portanto, deixarei para o final minhas simples palavras, e trago aqui três depoimentos e uma matéria do nosso mais antigo jornal da cidade Tribuna do Interior.
O primeiro depoimento é de minha querida amiga e companheira de trabalho na Unespar e colega dele na Academia Mourãoense de Letras, a professora doutora Dalva Helena de Medeiros. Ela diz: "Partiu hoje, nosso querido professor e amigo, Assabido Rhoden. membro da Academia Mourãoense de Letras - AML da Associação Mourãoense de Escritores - AME e da Academia Mourãoense de Filosofia. Atuou como professor de Filosofia e de Filosofia da Educação, em vários cursos da Fecilcam, sobretudo no curso de Pedagogia e demais licenciaturas, contribuindo na formação de várias gerações de professores e pedagogos. Ao partir deixa seu legado educacional e bons exemplos de ética e de convivência. Agradecemos a oportunidade de ter partilhado da caminhada de pessoa tão querida e ilustre. Nosso adeus carinhoso"
O segundo depoimento da querida amiga e atual presidente da Associação Mourãoense de Escritores - AME - Professora Silvania Maria Costa, ela diz "Hoje descansou nosso mestre admirável. Hoje, em paz, seguiu ao encontro da eternidade. Nosso respeito e gratidão pelo amor sincero que o Professor Assabido sempre devotou à AME!".
O terceiro depoimento que publicarei em parte, do que está publicado na sua página pessoal é da querida amiga Dirce Bortotti Salvadori.
"Meu grande amigo e mestre Assabido Rhoden se foi. Era dos raros mestres capazes de dissertar em latim e grego; um erudito como poucos. Amante da Filosofia, da Religião, da Literatura e das Artes foi essencialmente um pensador e formador-transformador de pessoas. Na juventude escreveu músicas sacras que nunca publicou. Seus escritos guardados eram muitos, pois sempre refletiu escrevendo. Cabelinhos brancos, pernas cansadas pelos noventa e tantos anos de vida bem vivida, nunca desistiu de ensinar e longe da escola continuou ensinando por seus muitos escritos. A mente, sempre lúcida e afiada, ainda queria produzir conhecimento, embora o corpo já não o permitisse. Em março, na última visita que consegui lhe fazer, reclamou dos limites do corpo que a idade lhe impunha. Sua labuta era pela educação. Ensinou-nos tanto. Transformou-nos em pessoas melhores pela reflexão filosófica, sua amiga e companheira e que com a ajuda dele se tornou também nossa amiga e companheira. De mestre, na graduação, transformou-se em amigo assíduo em minha casa e acompanhou e orientou todas as etapas dos meus estudos, até a conclusão do doutoramento. Sempre quis ler e discutir os meus escritos e era um crítico amável, mas persistente. Sempre chegava com um texto novo para discutir comigo e tomar um cafezinho. O primeiro texto que discutimos, ainda no segundo semestre da minha graduação - e do qual jamais me esqueci, pois ele me fez escrever uma dissertação sobre o tema – foram as cinco vias do conhecimento e da existência de Deus, de Santo Tomás de Aquino: Via do movimento/primeiro motor; Via da causa eficiente; Via do contingente e do necessário; Via dos graus de perfeição; Via do governo das coisas/da finalidade do ser. Há uns três anos deixou de visitar-me por não poder mais dirigir, mas mesmo com dificuldades para caminhar foi levar seu abraço na hora mais difícil da minha vida. Foi dizer adeus ao “ bocheiro”, era assim que ele chamava o Ademar e chorou comigo a minha perda".
A matéria do jornal Tribuna do Interior intitulada "Morre o professor, teólogo e "padre" Assabido Rhoden e nela há dados importantes de sua trajetória profissional CLIQUE AQUI para ler.
Por último, num momento nostálgico, apelei para minha pequena biblioteca bagunçada NÃO encontrei o livro "Mito e logos no pensamento brasileiro" (ainda vou encontrar), mas encontrei o livro "Caminhos do Investigar" de 2001 de autoria do Assabido, com os professores Agenor Krul de saudosa memória e Carlos Nilton Poyer (Ver foto da dedicatória) e dois livros de pensamento religioso do eterno padre "Quem puder compreender!Encontrará!" 2011 e "A misericórdia divina" 2015.
Conheci o professor Assabido antes mesmo de ingressar na Unespar (antiga Fecilcam) e trabalhamos juntos na extinta FHEPE - Fundação Horácio Amaral e lá comecei a desfrutar do conhecimento e até da teimosia do querido professor Assabido. Firme nas suas colocações e propósitos e aquele coração de ouro.
Logo que eu ingressei na condição de professor ele se aposentou, mas como residia à meia quadra dali, muitas e muitas vezes encontrei o professor caminhando e quando parávamos para conversar, era preciso esquecer o tempo, porque era impossível não aproveitar as sábias palavras. Mas o ritual era o mesmo, aquele aperto de mão tão forte (eita velhinho da pegada firme), aliás uma bela característica, para mim aperto de mão que não é firme chega me dá um mal estar e não tem vibração, aquele sorriso encantador e aquela pergunta "como vai aquele manicômio intelectual" referindo se à "Fecillllcam" como ele pronunciava.
O professor Assabido Rhoden é um exemplo a ser seguido. Viveu intensamente, tanto no período de vida sacerdotal, quanto construindo sua bela família, combateu o bom combate sempre, apaixonado pelos livros e pelo conhecimento, um eterno professor, falava de filosofia como tivesse se alimentando e inspirou muita gente e um dos milhares de exemplos foi o da professora Dirce aqui citado. Não me recordo quando o vi pela última vez, fui convidado recentemente para ir a um aniversário dele com amigos muito próximos e me perdi na data e não pude beber de sua sabedoria mais uma vez.
Agora no início da noite perguntei ao colega de Unespar professor Walmir Salinas se ele foi ao velório, porque eu não pude ir, ele disse que foi muito triste, mas ao mesmo tempo confortante, por ver o carinho das pessoas por nosso amigo e pela certeza de que ele já foi recebido por Deus e eu respondi, que se ele não for recebido por Deus, nosotros estamos perdidos.
Descanse em paz querido professor.