O Blog do Maybuk criado no ano de 2008 publica hoje um texto emocionado de seu editor, professor Sérgio Luiz Maybuk sobre um dezembro tenso, preocupante, triste na maior parte do tempo, reflexivo com toda a situação e com um final feliz, pois uma vida foi salva. Trata-se do relato de um AVC hemorrágico de grandes proporções na dona Inês Michalski Maybuk mãe do professor.
Escrevo esse texto
ressaltando que com certeza há histórias muito mais tensas e tristes que essa,
porém o intuito é mais agradecer o valor da vida e as pessoas do que revelar a
história em si.
No dia 05/12/2024 eu
estava saindo de casa para ir participar de duas bancas de meus futuros
economistas na Unespar de Campo Mourão-PR, quando minha irmã Rose me liga dizendo
que a mãe tinha sofrido um AVC, estava indo de helicóptero para Maringá-PR e
que passaria em casa para me apanhar e ali começou uma maratona incrível que
culminou dentre outras coisas, Natal e Ano Novo cada um num canto sem ânimo
para comemorar.
Aqui
a sequência dos fatos mais significativos:
Em 05/12/2024 por volta
das 7 horas da manhã a mãe apresentou sintomas de um AVC. Foi para o Hospital
municipal de Roncador-PR, lá foi fundamental o trabalho de toda a estrutura com participação especial de meu primo o enfermeiro Márcio Michalski e já deram início aos atendimentos. Foi pedido o SAMU
e veio transporte aéreo que saiu por volta das 9h40m e ela foi encaminhada para
Maringá-PR. Ao chegar lá foi feito uma tomografia, que constatou um coágulo
grande. E disseram que ela deveria ser transferida para outro hospital de
referência. Por volta das 20 horas, chegou o SAMU terrestre.
A vaga de UTI saiu para
o Hospital UOPECCAN de Umuarama. Admito que inicialmente pensei que sair de um
grande centro para uma cidade de médio porte não tinha lógica. Puro preconceito
da minha parte, fui descobrir ao longo do mês que minha mãe estava
extraordinariamente bem assistida.
No dia 06/12/2024 na visita
estava acordada, falando, ela reconheceu os filhos e lembrava de tudo menos do
que tinha acontecido. E o quadro foi animador e que o caso ainda não era cirúrgico,
que seria feito o tratamento para reabsorção do coágulo pelo organismo. Alegria
total e comemoração nossa, mas em caso de internamento toda a prudência é
necessária. No dia 07/12/2024 no entanto, o quadro piorou e foi necessário a cirurgia
muito bem sucedida, que durou em torno de 4 horas realizada pelas mãos
talentosas dos neurologistas Gilberto Diniz Miranda e Wagner Munemori Mariushi.
A mãe foi entubada e ficou em coma induzido.
No dia 12/12/2024 foi realizada
a traqueostomia. No dia 14/12/2024 foi para o quarto desacordada e minha irmã Rose,
que embora seja Assistente Social de formação, ficou apavorada ao saber que
teria de ficar alguns dias de plantão, acompanhando alguém em coma que não
demonstrava nenhum sinal, além da respiração. Felizmente foi maravilhosamente
acolhida pela técnica de enfermagem Maria Lucilda e pelo Enfermeiro Chefe Luiz
Carlos.
No dia 18/12/2024 ela
acordou pela primeira vez após 11 dias em coma. No dia 21/12/2024 desfizeram a traqueostomia.
No dia 29/12/2024 se alimentou a primeira vez pela boca.
No dia 03/01/2025 foi transferida
para o Hospital Santa Casa de Campo Mourão, o leito mais próximo de Roncador-PR
tinha sido solicitado depois que ela foi para o quarto. Mas saiu quando já
estava prevista a Alta para dali três dias.
No dia 06/01/2025,
enfim recebeu Alta, a sua vida foi salva, mas ainda não temos dimensão das
sequelas, embora segundo um dos neurologistas que fez a cirurgia me disse, que
ela fechou o ciclo, ouve, entende e fala. E há oportunidade de começar uma
outra fase para reabilitação neurológica para recuperar memória, os dois lados
do corpo se mexem, o que é um bom sinal para reabilitação, embora com muita
sonolência ainda. É uma longa caminhada mas para nós da família nas condições
em que está, a gratidão já é eterna.
A minha mãe ficou poucas
horas no Hospital Municipal de Roncador, um pouco mais de horas no Hospital Bom
Samaritano em Maringá, 29 dias no Uopeccan de Umuarama e finalmente 03 dias na
Santa Casa de Campo Mourão.
Revezamos no
acompanhamento Eu, meu filho Giordano Bruno e minhas irmãs Rose e Rosane.
Ficamos exaustos em ficar no hospital (eu fiquei 5 dias seguidos numa ocasião e
3 dias seguidos em outra), mas quando eu estava em casa ficava apreensivo de
medo ao perguntar como a mãe estava. Piorar o quadro sempre era possível.
Antes de agradecer aos
profissionais do Uopeccan e da Santa Casa, quero fazer um comentário sobre o
que acompanhei nesses dias todos.
Penso que todas as
profissões têm sua importância. Mas a área médica é algo como um sacerdócio e
vale para os de nível superior e os de nível técnico. Todos e todas foram
maravilhosos no trato com minha mãe. E no trato com os outros pacientes do
mesmo quarto que a gente pela convivência, passava a adotar e rezar como se
fossem nossos. Numa conversa com o enfermeiro Luiz Carlos do Uepeccan, ele
dizia que tirando os quartos que eram comunitários o atendimento do hospital
era padrão particular. E realmente eram. Mas quarto comunitário humaniza mais a
gente, faz você torcer pela recuperação do seu ente querido e do outro e ainda
ajuda a formar novas amizades.
Eu ouvi de enfermeiras/os/técnicas/os
centenas de vezes tanto para minha mãe quanto para outras mulheres ali
acamadas, meu amor, minha princesa, minha menina, meu bem e esbanjando carinho
e competência no trato. Parte delas/es talvez pelo cansaço ou estilo não
falavam muito com os pacientes, mas podia ser visto o carinho e trato em
cuidar, tratar, tirar os sinais, trocar os medicamentos, as dietas e fazer
aqueles curativos, alguns bem complicados, como se fosse uma obra de arte e
assinar. Coloquei três fotos como amostra em homenagem, duas do Uoepeccan e o
último feito na minha mãe na Santa Casa horas antes da Alta. As vezes eu estava
ali dormindo um pouco naquela cadeira 3 ou 4 horas da madrugada e estava ali
pertinho alguém cuidando da minha mãe ou de outro paciente, silenciosamente.
E pelas conversas que
eu ouvia entre técnicos/as enfermeiro/as percebia-se que estavam ali, mas tinham
suas vidas que precisavam ser cuidadas, vividas, algumas seguem determinadas
religiões e cantam na igreja, algumas contaram que também tem filhos, outras
que iriam passear depois do turno, outras também ficaram doentes, seres normais
como outros e que chegam com a carinha alegre e descansada no início do plantão
e no final é possível ver o cansaço e a necessidade de ir para casa.
Quero
agradecer o Uopeccan especialmente as mãos abençoadas dos
neurocirurgiões Gilberto Diniz Miranda e Wagner Munemori Mariushi e toda a
equipe da UTI no período da entrada, cirurgia e acompanhamento até a
transferência para o quarto. As equipes que se alternavam a cada doze horas e
batizados por uma acompanhante que eu testemunhei por lá como “anjos do
Uopeccan”: Enfermeira Juliana, Enfermeira Franciele, Enfermeiro Luis Carlos. Fisioterapeutas: Christopper, Karla,
Geovana, Maria, Ana Julia. Nutricionista:
Nátali Técnicas/os de Enfermagem Ana
Karoline, Caren, Simone, Nathália, Rafael, Jhuly, Fabiana, Jéssica, Gesiane,
Aline, Sabrina, Camila, André, Joisse, Sirlene, Lucilda, Andressa, Gislaine. Copeiras/os: Adriana, José, Simone,
Tania Cristina, Hilda, Camila. Limpeza: Ana
Claudia, Cristiane. Escriturária: Solange. Maqueiros: Ruan e Ismael. Não foi passado os nomes mas é
importante agradecer quem são os executores das tomografias e dos exames
laboratoriais.
Quero
agradecer a Santa Casa: técnicas de enfermagem
Josiane, Andresa, Maria Augusta, Simone, Sirley, Lívia, Luiza, Érica, Sandra, e
funcionárias da copa/cozinha e da
limpeza. A gentileza do Victor coordenador de uma das noites, Enfermaria
Ludmila, Enfermeira Lisangie, Enfermaria Suelen, Enfermeira Driele, Enfermeiro
Marco Junior. E de maneira especial por constituir-se no final da jornada mais
crítica da minha mãe, a Dra Mariana, Dra Maria Tereza, Nutricionista Jacqueline,
Enfermaria Chefe Suelen todas com todo o carinho e competência providenciaram a
Alta da minha mãe.
Algumas
belas lembranças de minha parte e com certeza tantas outras aconteceram com
outras técnicas de enfermagem no meu plantão que não vi e nos plantões e de
minhas irmãs e meu filho:
A mãe abriu os olhos
depois de 11 dias, com a técnica de enfermagem Camila e o rapaz da maca logo
após uma volta da tomografia. No mesmo dia e observada pela mesma técnica, a
mãe chorou emocionada com uma apresentação de natal que passou em frente ao
quarto com a música Noites traiçoeiras do padre Marcelo Rossi .
Minha mãe do nada, mandou
um “Deus te abençoe” para a técnica de enfermagem Fabiana e depois chorou
quando esta mandou um beijo na despedida do turno.
A mãe sentou a primeira
vez cadeira com o fisioterapeuta Christopper e já que estava sentada por um bom
tempo, recebeu o primeiro banho de chuveiro com a Aline e o André, foi muito
emocionante assistir aquela cena.
Eu algumas vezes fui
intimado e outras me ofereci, para ajudar a trocar minha mãe, cena difícil para
mim que só tinha feito isso quando meu filho, hoje com 26 anos, era uma criança
de colo. Ali eu testemunhava duas situações, a primeira a disposição e o amor
das/os técnicas/os de enfermagem naquele ato tão constrangedor para mim. E a
segunda é a constatação da fragilidade do ser humano naquela situação, não há
diferença de rico ou pobre, bonito ou feio ... , soberba, orgulho, excesso de
vaidade, esperteza não valem mais nada.
Companheiros/as
de jornada nos dias e noites mais significativos e que ficarão para sempre na
lembrança:
Quero destacar aqui as
acompanhantes da dona Neusa (rainha do hospital porque quase está morando lá) a
Patrícia que conheci primeiro e tivemos uma conversa muito interessante lá no
solário perto da Capela, inteligente com muita consciência social e depois ao longo
dos dias, percebi o lado divertido dela e sua generosidade ajudando todo mundo,
muito prestativa. Depois veio a irmã dela a Josiane. Também inteligente,
divertida apesar do drama pessoal que enfrentou com a força religiosa
inabalável.
Lembro do Sérgio de
Xambrê e suas irmãs acompanhantes da outra Dona Inês. Estavam se revezando na
luta e na fé com a mãe que já tinha ido para casa e depois voltou.
Lembro da Bruna de
Paranavaí e as acompanhantes dela, a avó, mãe e tia. A Bruninha quase perdeu a
perna atropelada por uma pá carregadeira. No dia revisão teve que ficar
internada mais uma semana, estava sozinha no quarto depois aparecerem duas
senhoras divertidas e riam muito por lá.
Acompanhantes da dona
Maria que estava em Umuarama e depois também foi transferida para Campo Mourão,
os filhos Everaldo e Edeuilso, o neto Igor Gabriel (que deseja ser médico e
será), a nora Angela e a tia Maria. Fiz amizade especialmente com o Everaldo.
São todos de Barbosa Ferraz-PR.
A Drica Santos e sua
irmã acompanhante, a Sinara. Simpáticas, firam dois dias apenas lá.
Demais
Agradecimentos especiais:
Além dos hospitais já
citados nos agradecimentos, agradeço a Secretaria da Saúde de Roncador
especialmente a Secretária Simone, o enfermeiro Márcio, e os dois motoristas da
ambulância e a técnica de enfermagem que acompanhou de Umuarama até Campo
Mourão. Agradeço o SAMU e o serviço de Helicóptero e o Hospital Bom Samaritano
de Maringá.
Um agradecimento especial a vizinha da mãe a Marines Cordeiro, sempre disposta a ajudar. Sempre que se precisa dela tudo fica bem cuidado, a casa, os gatinhos e cachorro.
Agradeço os amigos que
ajudaram no transporte para as trocas de turno, as vezes saindo de Roncador ou
saindo de Campo Mourão. São eles/as Nair e o esposo Marcos, Adalberto e Nivalda
(também empréstimo provisório da Cadeira de Rodas), a Jackeline, o Jefinho, o
Osvaldo, a Bia, a Evelyn. Saliento que
vários amigos e colegas de trabalho da Unespar se ofereceram para ajudar no que
fosse possível.
Agradeço e ressalto o
projeto da Sociedade Espírita Mei Mei que há mais de 20 anos, sem um dia de interrupção,
servem janta gratuita para acompanhantes no hospital.
Agradeço as orações e
apoios dos servidores da Unespar em especial o colegiado de Ciências Econômicas
e amigos de fora da Universidade meus, de minhas irmãs e da minha mãe.
Pedidos
importantes:
Vamos defender com toda
a força possível o SUS (Único no mundo). Quem mora fora do Brasil sabe bem o
que é precisar de tratamento médico e não ter dinheiro.
Vamos fazer doações
mensais para o UOPECCAN de Umuarama. Pode ser valores pequenos, sou doador há
alguns anos e nem imaginaria que alguém da minha família ficaria praticamente
um mês ali. CLIQUE AQUI para conhecer o hospital e fazer as doações.
Vamos fazer doações em
dinheiro, alimentos e outras coisas para a Santa Casa de Campo Mourão CLIQUEAQUI para conhecer o hospital e fazer as doações.
E como encerramento do
texto, estamos acompanhando a evolução da mãe, ontem teve fisioterapia e minhas
irmãs, meu filho, o primo Márcio Michalski enfermeiro e o pessoal da saúde do município estão
todos ajudando. E como um sinal divino minha irmã Rosane mandou um vídeo
maravilhoso, minha mãe completando as frases do Pai Nosso (oração universal).
Rezaram inteirinha a oração, muito lindo.
A mãe ainda não reconhece os filhos e os netos, mas nós sabemos quem ela é.
Parabéns ao amigo Sérgio Luiz, com certeza essas palavras suas de agradecimento aas equipes hospitalares são também minhas e de todos que foram citados aqui.
ResponderExcluirFico feliz em saber que a dona Inês está em casa e se recuperando bem.
Nós ainda continuamos com a nossa mãe aqui na Santa casa de campo mourão mais vamos vencer com a graça de Deus obrigado abraço a todos