quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

PASSAGEM DA INÊS MAYBUK NO UOPECCAN UMUARAMA E OUTROS TRÊS HOSPITAIS









 O Blog do Maybuk criado no ano de 2008 publica hoje um texto emocionado de seu editor, professor Sérgio Luiz Maybuk sobre um dezembro tenso, preocupante, triste na maior parte do tempo, reflexivo com toda a situação e com um final feliz, pois uma vida foi salva. Trata-se do relato de um AVC hemorrágico de grandes proporções na dona Inês Michalski Maybuk mãe do professor.  

Escrevo esse texto ressaltando que com certeza há histórias muito mais tensas e tristes que essa, porém o intuito é mais agradecer o valor da vida e as pessoas do que revelar a história em si.

No dia 05/12/2024 eu estava saindo de casa para ir participar de duas bancas de meus futuros economistas na Unespar de Campo Mourão-PR, quando minha irmã Rose me liga dizendo que a mãe tinha sofrido um AVC, estava indo de helicóptero para Maringá-PR e que passaria em casa para me apanhar e ali começou uma maratona incrível que culminou dentre outras coisas, Natal e Ano Novo cada um num canto sem ânimo para comemorar.            

Aqui a sequência dos fatos mais significativos:

Em 05/12/2024 por volta das 7 horas da manhã a mãe apresentou sintomas de um AVC. Foi para o Hospital municipal de Roncador-PR e já deram início aos atendimentos. Foi pedido o SAMU e veio transporte aéreo que saiu por volta das 9h40m e ela foi encaminhada para Maringá-PR. Ao chegar lá foi feito uma tomografia, que constatou um coágulo grande. E disseram que ela deveria ser transferida para outro hospital de referência. Por volta das 20 horas, chegou o SAMU terrestre.

A vaga de UTI saiu para o Hospital UOPECCAN de Umuarama. Admito que inicialmente pensei que sair de um grande centro para uma cidade de médio porte não tinha lógica. Puro preconceito da minha parte, fui descobrir ao longo do mês que minha mãe estava extraordinariamente bem assistida. 

No dia 06/12/2024 na visita estava acordada, falando, ela reconheceu os filhos e lembrava de tudo menos do que tinha acontecido. E o quadro foi animador e que o caso ainda não era cirúrgico, que seria feito o tratamento para reabsorção do coágulo pelo organismo. Alegria total e comemoração nossa, mas em caso de internamento toda a prudência é necessária. No dia 07/12/2024 no entanto, o quadro piorou e foi necessário a cirurgia muito bem sucedida, que durou em torno de 4 horas realizada pelas mãos talentosas dos neurologistas Gilberto Diniz Miranda e Wagner Munemori Mariushi. A mãe foi entubada e ficou em coma induzido.

No dia 12/12/2024 foi realizada a traqueostomia. No dia 14/12/2024 foi para o quarto desacordada e minha irmã Rose, que embora seja Assistente Social de formação, ficou apavorada ao saber que teria de ficar alguns dias de plantão, acompanhando alguém em coma que não demonstrava nenhum sinal, além da respiração. Felizmente foi maravilhosamente acolhida pela técnica de enfermagem Maria Lucilda e pelo Enfermeiro Chefe Luiz Carlos.

No dia 18/12/2024 ela acordou pela primeira vez após 11 dias em coma. No dia 21/12/2024 desfizeram a traqueostomia. No dia 29/12/2024 se alimentou a primeira vez pela boca.

No dia 03/01/2025 foi transferida para o Hospital Santa Casa de Campo Mourão, o leito mais próximo de Roncador-PR tinha sido solicitado depois que ela foi para o quarto. Mas saiu quando já estava prevista a Alta para dali três dias.  

No dia 06/01/2025, enfim recebeu Alta, a sua vida foi salva, mas ainda não temos dimensão das sequelas, embora segundo um dos neurologistas que fez a cirurgia me disse, que ela fechou o ciclo, ouve, entende e fala. E há oportunidade de começar uma outra fase para reabilitação neurológica para recuperar memória, os dois lados do corpo se mexem, o que é um bom sinal para reabilitação, embora com muita sonolência ainda. É uma longa caminhada mas para nós da família nas condições em que está, a gratidão já é eterna.  

A minha mãe ficou poucas horas no Hospital Municipal de Roncador, um pouco mais de horas no Hospital Bom Samaritano em Maringá, 29 dias no Uopeccan de Umuarama e finalmente 03 dias na Santa Casa de Campo Mourão.    

Revezamos no acompanhamento Eu, meu filho Giordano Bruno e minhas irmãs Rose e Rosane. Ficamos exaustos em ficar no hospital (eu fiquei 5 dias seguidos numa ocasião e 3 dias seguidos em outra), mas quando eu estava em casa ficava apreensivo de medo ao perguntar como a mãe estava. Piorar o quadro sempre era possível. 

Antes de agradecer aos profissionais do Uopeccan e da Santa Casa, quero fazer um comentário sobre o que acompanhei nesses dias todos.

Penso que todas as profissões têm sua importância. Mas a área médica é algo como um sacerdócio e vale para os de nível superior e os de nível técnico. Todos e todas foram maravilhosos no trato com minha mãe. E no trato com os outros pacientes do mesmo quarto que a gente pela convivência, passava a adotar e rezar como se fossem nossos. Numa conversa com o enfermeiro Luiz Carlos do Uepeccan, ele dizia que tirando os quartos que eram comunitários o atendimento do hospital era padrão particular. E realmente eram. Mas quarto comunitário humaniza mais a gente, faz você torcer pela recuperação do seu ente querido e do outro e ainda ajuda a formar novas amizades.

Eu ouvi de enfermeiras/os/técnicas/os centenas de vezes tanto para minha mãe quanto para outras mulheres ali acamadas, meu amor, minha princesa, minha menina, meu bem e esbanjando carinho e competência no trato. Parte delas/es talvez pelo cansaço ou estilo não falavam muito com os pacientes, mas podia ser visto o carinho e trato em cuidar, tratar, tirar os sinais, trocar os medicamentos, as dietas e fazer aqueles curativos, alguns bem complicados, como se fosse uma obra de arte e assinar. Coloquei três fotos como amostra em homenagem, duas do Uoepeccan e o último feito na minha mãe na Santa Casa horas antes da Alta. As vezes eu estava ali dormindo um pouco naquela cadeira 3 ou 4 horas da madrugada e estava ali pertinho alguém cuidando da minha mãe ou de outro paciente, silenciosamente. 

E pelas conversas que eu ouvia entre técnicos/as enfermeiro/as percebia-se que estavam ali, mas tinham suas vidas que precisavam ser cuidadas, vividas, algumas seguem determinadas religiões e cantam na igreja, algumas contaram que também tem filhos, outras que iriam passear depois do turno, outras também ficaram doentes, seres normais como outros e que chegam com a carinha alegre e descansada no início do plantão e no final é possível ver o cansaço e a necessidade de ir para casa.    

Quero agradecer o Uopeccan especialmente  as mãos abençoadas dos neurocirurgiões Gilberto Diniz Miranda e Wagner Munemori Mariushi e toda a equipe da UTI no período da entrada, cirurgia e acompanhamento até a transferência para o quarto. As equipes que se alternavam a cada doze horas e batizados por uma acompanhante que eu testemunhei por lá como “anjos do Uopeccan”: Enfermeira Juliana, Enfermeira Franciele, Enfermeiro Luis Carlos. Fisioterapeutas: Christopper, Karla, Geovana, Maria, Ana Julia. Nutricionista: Nátali Técnicas/os de Enfermagem Ana Karoline, Caren, Simone, Nathália, Rafael, Jhuly, Fabiana, Jéssica, Gesiane, Aline, Sabrina, Camila, André, Joisse, Sirlene, Lucilda, Andressa, Gislaine. Copeiras/os: Adriana, José, Simone, Tania Cristina, Hilda, Camila. Limpeza:   Ana Claudia, Cristiane. Escriturária:  Solange. Maqueiros:  Ruan e Ismael. Não foi passado os nomes mas é importante agradecer quem são os executores das tomografias e dos exames laboratoriais.

Quero agradecer a Santa Casa: técnicas de enfermagem Josiane, Andresa, Maria Augusta, Simone, Sirley, Lívia, Luiza, Érica, Sandra, e funcionárias da copa/cozinha e da limpeza. A gentileza do Victor coordenador de uma das noites, Enfermaria Ludmila, Enfermeira Lisangie, Enfermaria Suelen, Enfermeira Driele, Enfermeiro Marco Junior. E de maneira especial por constituir-se no final da jornada mais crítica da minha mãe, a Dra Mariana, Dra Maria Tereza, Nutricionista Jacqueline, Enfermaria Chefe Suelen todas com todo o carinho e competência providenciaram a Alta da minha mãe.

Algumas belas lembranças de minha parte e com certeza tantas outras aconteceram com outras técnicas de enfermagem no meu plantão que não vi e nos plantões e de minhas irmãs e meu filho:

A mãe abriu os olhos depois de 11 dias, com a técnica de enfermagem Camila e o rapaz da maca logo após uma volta da tomografia. No mesmo dia e observada pela mesma técnica, a mãe chorou emocionada com uma apresentação de natal que passou em frente ao quarto com a música Noites traiçoeiras do padre Marcelo Rossi .

Minha mãe do nada, mandou um “Deus te abençoe” para a técnica de enfermagem Fabiana e depois chorou quando esta mandou um beijo na despedida do turno.

A mãe sentou a primeira vez cadeira com o fisioterapeuta Christopper e já que estava sentada por um bom tempo, recebeu o primeiro banho de chuveiro com a Aline e o André, foi muito emocionante assistir aquela cena.

Eu algumas vezes fui intimado e outras me ofereci, para ajudar a trocar minha mãe, cena difícil para mim que só tinha feito isso quando meu filho, hoje com 26 anos, era uma criança de colo. Ali eu testemunhava duas situações, a primeira a disposição e o amor das/os técnicas/os de enfermagem naquele ato tão constrangedor para mim. E a segunda é a constatação da fragilidade do ser humano naquela situação, não há diferença de rico ou pobre, bonito ou feio ... , soberba, orgulho, excesso de vaidade, esperteza não valem mais nada.

Companheiros/as de jornada nos dias e noites mais significativos e que ficarão para sempre na lembrança:

Quero destacar aqui as acompanhantes da dona Neusa (rainha do hospital porque quase está morando lá) a Patrícia que conheci primeiro e tivemos uma conversa muito interessante lá no solário perto da Capela, inteligente com muita consciência social e depois ao longo dos dias, percebi o lado divertido dela e sua generosidade ajudando todo mundo, muito prestativa. Depois veio a irmã dela a Josiane. Também inteligente, divertida apesar do drama pessoal que enfrentou com a força religiosa inabalável.

Lembro do Sérgio de Xambrê e suas irmãs acompanhantes da outra Dona Inês. Estavam se revezando na luta e na fé com a mãe que já tinha ido para casa e depois voltou.     

Lembro da Bruna de Paranavaí e as acompanhantes dela, a avó, mãe e tia. A Bruninha quase perdeu a perna atropelada por uma pá carregadeira. No dia revisão teve que ficar internada mais uma semana, estava sozinha no quarto depois aparecerem duas senhoras divertidas e riam muito por lá.

Acompanhantes da dona Maria que estava em Umuarama e depois também foi transferida para Campo Mourão, os filhos Everaldo e Edeuilso, o neto Igor Gabriel (que deseja ser médico e será), a nora Angela e a tia Maria. Fiz amizade especialmente com o Everaldo. São todos de Barbosa Ferraz-PR.

A Drica Santos e sua irmã acompanhante, a Sinara. Simpáticas, firam dois dias apenas lá.

Demais Agradecimentos especiais:

Além dos hospitais já citados nos agradecimentos, agradeço a Secretaria da Saúde de Roncador especialmente a Secretária Simone, o enfermeiro Márcio, e os dois motoristas da ambulância e a técnica de enfermagem que acompanhou de Umuarama até Campo Mourão. Agradeço o SAMU e o serviço de Helicóptero e o Hospital Bom Samaritano de Maringá.

Agradeço os amigos que ajudaram no transporte para as trocas de turno, as vezes saindo de Roncador ou saindo de Campo Mourão. São eles/as Nair e o esposo Marcos, Adalberto e Nivalda (também empréstimo provisório da Cadeira de Rodas), a Jackeline, o Jefinho, o Osvaldo, a Bia, a Evelyn.  Saliento que vários amigos e colegas de trabalho da Unespar se ofereceram para ajudar no que fosse possível.

Agradeço e ressalto o projeto da Sociedade Espírita Mei Mei que há mais de 20 anos, sem um dia de interrupção, servem janta gratuita para acompanhantes no hospital.

Agradeço as orações e apoios dos servidores da Unespar em especial o colegiado de Ciências Econômicas e amigos de fora da Universidade meus, de minhas irmãs e da minha mãe. 

Pedidos importantes:

Vamos defender com toda a força possível o SUS (Único no mundo). Quem mora fora do Brasil sabe bem o que é precisar de tratamento médico e não ter dinheiro.

Vamos fazer doações mensais para o UOPECCAN de Umuarama. Pode ser valores pequenos, sou doador há alguns anos e nem imaginaria que alguém da minha família ficaria praticamente um mês ali. CLIQUE AQUI para conhecer o hospital e fazer as doações.

Vamos fazer doações em dinheiro, alimentos e outras coisas para a Santa Casa de Campo Mourão CLIQUEAQUI para conhecer o hospital e fazer as doações.

E como encerramento do texto, estamos acompanhando a evolução da mãe, ontem teve fisioterapia e minhas irmãs, meu filho, o primo Márcio enfermeiro e o pessoal da saúde do município estão todos ajudando. E como um sinal divino minha irmã Rosane mandou um vídeo maravilhoso, minha mãe completando as frases do Pai Nosso (oração universal). Rezaram inteirinha a oração, muito lindo.

A mãe ainda não reconhece os filhos e os netos, mas nós sabemos quem ela é.