domingo, 28 de maio de 2023

UMA CENTENÁRIA EM UBIRATÂ




 

O Blog do Maybuk sempre que possível, publica algum fato interessante, especialmente quando se refere à região da COMCAM – Comunidade dos Municípios da região de Campo Mourão-PR.

A homenagem hoje vai para alguém muito especial da cidade de Ubiratã-PR, terra querida e próspera em que nasceu o filho do editor deste Blog professor Sérgio Luiz Maybuk, o jovem Giordano Bruno de Oliveira Maybuk.

O Blog recebeu da economista Araci Cristina Luiz (na foto junto com a avó), formada pela então Fecilcam e atualmente Unespar campus de Campo Mourão, um texto de uma bela história de vida da sua avó Albertina Leme Marinho que completa hoje exatos 100 anos, uma conquista extraordinária considerando que no Brasil em média a expectativa de vida está em 74 anos. Araci também enviou uma linda poesia e o Blog publicará na íntegra junto com o texto sobre Albertina.

Destaca-se que Araci é filha do filho mais velho da centenária Albertina, José Aparecido Luiz (José Batista) que em junho completará 80 anos (já passou a marca dos 74 anos, uma maravilha) e é casado com  Antonia Francisca Luiz. O casal aparece na foto ao lado da centenária Albertina.

TEXTO NA ÍNTEGRA: ALBERTINA LEME MARINHO – 100 Anos.

Ubiratã, 28 de Maio de 2023.

 

 

Durante décadas inúmeras pessoas passaram por nossa gloriosa Ubiratã, histórias foram constituídas aqui e passaram a fazer parte da nossa terra. E hoje vou contar um pouquinho da história longínqua dessa centenária, que escolheu a cidade de Ubiratã junto a seu marido João Batista Luiz Marinho e seus filhos para aqui viverem seus capítulos da vida.

Sra. Albertina Leme Marinho, nasceu no dia 28 de maio de 1923, em São José de Toledo Estado de Minas Gerais, filha de José Leme de Souza e Faustina Ferreira de Souza. Teve uma infância difícil, árdua afinal ela perdeu sua mãe ainda na infância com apenas 9 anos de idade, junto a sua irmã mais nova Araci. Repleta de esperança, com a convicção de seguir adiante, se tornar adulta tão rápido era necessário.

Seu pai casou novamente e assim teve mais dois irmãos Francisco e Aparecido. Sendo que Araci e Francisco já faleceram, Aparecido mora atualmente em Jundiaí SP, com seus 84 anos.

Em meados de 1938, ainda em Minas Gerais, no Vilarejo de Nossa Senhora do Rosário conheceu o também pioneiro de Ubiratã João Batista Luiz Marinho, vindo a contrair matrimônio em 18 de julho de 1942. Nesse local nasceram os dois primeiros filhos do casal José e Francisco. Ressalvo que Sr. João Batista Luiz Marinho nos deixou no ano de 2012 com seus bem vividos 99 anos de idade, foi por sua vez um dos sócios fundadores da Cooperativa Coagru neste município.

Em 1947, embarcados em um carro de boi esse casal, se dirigiu ao município de Bragança Paulista no Estado de São Paulo onde moraram por cerca de 5 anos, nasceram aí mais 2 filhas do casal, Maria e Conceição, nesse local o jovem casal cultivava o café.

No ano de 1952 de trem uma Maria Fumaça, migraram para o Estado do Paraná, Município de Uraí no norte do Estado residindo por 9 anos, com cultivo de cereais. Ali nasceram os filhos, João, Oralina Faustina e Antonio. Foi em Uraí que o casal foi testado com sua confiança em Deus, com enorme sofrimento decorrido pela perda da pequena Conceição com apenas 3 anos de idade.

Foi na cidade de Uraí, que um amigo próximo da Família Sr.Francisco Bessani alertou e incentivou sobre as terras de Ubiratã, sendo assim Sr. José Luiz e seu pai João Batista, vieram conhecer e adquirir sua então propriedade, nos anos 60, nesse período Sr. José tinha entre 16 e 17 anos de idade, enfrentaram a batalha da abertura das matas, serrar árvores para construção da  casa para trazer o restante da família. Nesse período Sr. João Batista acabou ficando doente gravemente e retornando para se tratar em Uraí. Deixou Sr. José trabalhando dando continuidade aos novos planos para a família. Contaram com a ajuda do Sr. Alexandre Carlota, que muito contribuiu com a amizade e parceria na eficiente abertura de matas. Passavam por situações fortes até mesmo para se alimentarem, lembra Sr. José que passou uma semana comendo abóbora cozida com sal por exemplo, e o perigo constante dos animais silvestres como onças e cobras que tinham tantas os rodeando principalmente a noite.

Enfim em 1961, um caminhão serviu como meio de transporte para o casal desbravador unido a todos os filhos enfim se locomover até Ubiratã, onde fixaram residência nas proximidades onde hoje é a comunidade Santo Inácio, aqui nasceram as 2 últimas filhas do casal Lourdes e Teresa. Residindo apenas à 1 ano em Ubiratã  a polivalente família passa por trágica e imensa dor com a perda do jovem Francisco com apenas 16 anos de idade, em um acidente enquanto ajudava abrir          as matas. Tamanha foi a dor, que o casal cogitou a possibilidade de retorno ao estado de São Paulo. Sobretudo a confiança em Deus prevaleceu, ajudando a acalmar seus corações e permanecer a família então nesse município.

Fortalecidos na continuaram a desenvolver a vocação agrícola com transições dos cultivares, entre eles: café, feijão, arroz, milho, hortelã, soja. Até hoje Sra. Albertina reside em mesmo local, no sítio Santa Isabel, sede da família entre as comunidades Santo Inácio e Três Placas. Morando ela e sua estimada cuidadora Lindair, com os filhos José e Antonio ao redores.

Aqui nesta terra sagrada de Ubiratã os filhos do casal se casaram, com exceção de Lourdes que encontrou uma vocação religiosa e como freira vive em prol dos mais humildes há mais de 35 anos.

Vale lembrar que o sítio sede da família Luiz Marinho recebeu o nome de Sítio Santa Isabel, devido a uma peripécia onde a mãe de Sr. João Batista, a Sra. Maria Sabina de Jesus havia problemas em engravidar, tendo o sonho de ser mãe, fez uma “promessa a Santa Isabel”, que se conseguisse ter um filho se chamaria João Batista, assim como a Santa. Desta forma foi batizado as primeiras terras de Ubiratã em homenagem a esse fato, que a família toda é católica assídua.

Até essa data Sra. Albertina conta com: 8 filhos, 22 netos, 26 bisnetos e 3 tataranetos.

 

Poema 100 anos – Albertina Leme Marinho

Viver um centenário é mais que sonhar, é juntar sementes dia após dia; É ter sonhos realizados, é ver outros sonhos nascerem;

Ter tempo pra todos eles, e num deslumbre de uma paz e beleza ímpar perder a juventude e envelhecer com maestria,

Dores, tristezas melancolias também vieram, e no trajeto de lado precisariam ficar;

Marido, filhos, netos, bisnetos, tataranetos, amigos do ontem e do hoje fazem os dias passarem,

A batalha de sol a sol na terra encravada nas unhas,

O Cachimbo companheiro desde a infância, pra trás teve que ficar, quando os 100 anos passou ameaçar;

Nas linhas de sua face, nas manchas de sol que permeiam seu rosto decifra Albertina; Firme, persistente, sonhadora, vencedora, revolucionária, a frente ao tempo;

Em Minas Geras nasceu, São Paulo passou e no Paraná veio ficar;

O amor pela sonhada e esperada “Ubiratã” fez brotar todas as sementes que antes juntara; E aqui ela plantou junto a Família Luiz Marinho, que unidos não param de sonhar.

O Blog parabeniza a centenária de hoje e deseja que outros/as centenários/as alcancem esta graça, com saúde, serenidade, paz e lucidez.


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