O Blog do Maybuk sempre que possível, abre espaço para bons textos de escritores/as. Mais uma vez uma publicação na íntegra de um texto da escritora Cleusa Piovesan, grande escritora.
DEFINIÇÕES
ÚTEIS E NECESSÁRIAS
Por Cleusa
Piovesan
Essa
é uma mensagem de revolta! Não porque meu candidato venceu ou perdeu, pois o
que estava "em jogo" nas urnas não eram dois homens, eram duas
ideologias, dois sistemas de "governar" não de governo (um para as
elites; outro para o povo) e o "sistema de governo" que há no Brasil
é o presidencialista, o que prevê que o vencedor nas urnas, pelo voto popular, assume
o cargo mor por quatro anos, ou seja, o derrotado tem de aceitar a vontade da maioria
e resignar-se, assim como quem votou nele tem de respeitar que a opinião da
maioria prevaleceu, independentemente de sua aprovação!
Essa
eleição de 2022 só estampou para o mundo que somos uma nação dividida! E minha
alma agoniza ao ver o quanto o ser humano pode distorcer a realidade e criar
seus próprios conceitos, sem levar em consideração que há um "contrato
social", como constatou Jean-Jacques Rousseau (1762), "um acordo
entre indivíduos para se criar uma sociedade, e só então um Estado, isto é, o
contrato é um pacto de associação, e não de submissão", para que o bom
convívio se instaure e vivamos em harmonia.
As
manifestações de quem não manteve seu "mito" no pedestal de barro – que
ele mesmo erigiu –, fizeram-me refletir o quanto um mau exemplo arrasta, confirmando
o adágio popular "as palavras convencem; os (bons e maus) exemplos,
arrastam". E que não há, por parte de muitos "cidadãos de bem",
a menor noção da definição desses termos a que estou dando destaque!
DEMOCRACIA (substantivo
feminino)
POLÍTICA
(CIÊNCIA POLÍTICA•IDEOLOGIA)
•
1. governo em que o povo exerce a soberania.
•
2. sistema político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de
eleições periódicas.
CIDADANIA (substantivo
feminino)
•
1. qualidade ou condição de cidadão.
•
2. JURÍDICO (TERMO) – condição de pessoa que, como membro de um Estado, se acha
no gozo de direitos que lhe permitem participar da vida política.
Xenofobia (substantivo
feminino)
•
desconfiança, temor ou antipatia por pessoas estranhas ao meio daquele que as
ajuíza, ou pelo que é incomum ou vem de fora do país; xenofobismo.
Há
quatro anos, não vi ninguém badernando porque o Fernando Haddad perdeu a
eleição para o Bolsonaro. Agora, fechar rodovias é protesto? Sim. Protesto de
quem não sabe "perder", protesto de quem tem “políticos de estimação”,
protesto de que não sabe o significado de democracia e nem de cidadania e de
muitos outros termos que constam no "contrato social", mas num país
em que tão poucos têm o hábito da leitura, os filósofos e sociólogos só são
conhecidos por quem os estuda nas universidades.
Eu
estou "em luto" por saber que o abandono da Educação serviu para
transformar uma nação em franco progresso, e com possibilidade de acesso a
todos em uma universidade, em uma nação dividida e xenofóbica. E estou
constantemente "em luta", porque no meu dicionário
"militar" é verbo, não substantivo! Impera em mim o desejo de ver a
igualdade social e a verdadeira democracia!
Se
ao Luiz Inácio Lula da Silva foi permitido, pela justiça, concorrer ao pleito,
significa que ele, de acordo com a legislação brasileira, tem esse direito
– cumprindo a pena que lhe foi
estipulada –, assim como o cidadão, extremamente cristão, que ficou quatro anos
no comando da nação, com inúmeras denúncias de corrupção, 51 imóveis comprados
em cash (alguns vão achar que é uma
boa ideia), e que em 30 anos de exercício em cargos públicos pouco fez pela
população, e ainda a incitou o povo ao negacionismo, à misoginia, à homofobia,
à xenofobia, ao uso de armas. Não vejo nada de positivo nisso! Lula
"roubou" os cofres públicos? Sim, mas não roubou o "ser
humano" que há em cada indivíduo, sua essência humana, mesmo preso,
deu-lhe a esperança de um país mais justo e igualitário.
Quem
acha que na decisão desse pleito "perdeu", concordo! Perdeu a noção
do que significa humanidade e alteridade!
HUMANIDADE (substantivo
feminino)
•
1. conjunto de características específicas à natureza humana. "a
animalidade e a humanidade residem igualmente no homem"
•
2. sentimento de bondade, benevolência, em relação aos semelhantes, ou de
compaixão, piedade, em relação aos desfavorecidos.
ALTERIDADE (substantivo
feminino)
•
1. natureza ou condição do que é outro, do que é distinto.
•
2. FILOSOFIA – situação, estado ou qualidade que se constitui através de relações
de contraste, distinção, diferença.
*
Relegada ao plano de realidade não essencial pela metafísica antiga, a
alteridade adquire centralidade e relevância ontológica na filosofia moderna
(hegelianismo) e esp. na contemporânea (pós-estruturalismo).
Talvez
eu esteja aqui falando a "ouvidos moucos" porque a idolatria é um
cancro instaurado na mente de quem não avalia a conjuntura em que os fatos e
ações se situam e, julga por meio do senso comum, ou crê em fake news, deixa-se
arrastar por opiniões alheias. Só espero que as pessoas entendam que as
ideologias e idiossincrasias são individuais e têm de ser respeitadas,
independentemente, de concordarmos com elas ou não.
IDOLATRIA (substantivo
feminino)
1. Ação
de cultuar ídolos; o culto que se faz aos ídolos;
2. FIGURADO
– excesso de amor; admiração demonstra de maneira exagerada;
3. RELIGIÃO
– o culto das imagens e/ou das esculturas de santos.
Quando
cair o “manto da invisibilidade” dos atos insanos de Jair Bolsonaro, o que se
intitulou o novo “Messias” – comparação que deturpa tudo o que o verdadeiro
Cristo pregou, toda essa “gente de bem” que o seguiu como ovelhas à beira do
precipício, “caia na real” e perceba que “gente de bem” incita a paz e não a
violência e a exclusão social.
Eu
desejo, sinceramente, que o presidente Lula corresponda às expectativas do
povo, mas que o povo entenda que não há um "Salvador da Pátria", que
são ações conjuntas, de vencedores e de derrotados "nas urnas",
juntamente com a administração pública idônea que podem salvar o Brasil, sem
promover uma guerra civil. Como já disse Nelson Rodrigues “"nada mais
cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem
grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem". Paz e bem a todos e
todas!
Grata, amigo! Não há como me calar diante do contexto social pós-eleição, em que o país se transformo num campo de batalha! Ideologias são para o campo das ideias, e a premissa é entender que o presidente eleito governará para todos! Não vi isso quando Bolsonaro foi eleito!
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