domingo, 16 de outubro de 2022

CORDEL DO FAZENDEIRO MALVADO - PELA ESCRITORA SILVANIA M. COSTA



O Blog do Maybuk publica o lindo Cordel escrito pela professora, escritora, poetisa e cantora Silvania M. Costa.

Ela mora em Campo Mourão-PR. É nordestina e não tem nada de analfabeta como diz uma certa pessoa.   Aliás, talvez alguns/mas "sabidos/as" aqui do sul poderão não entender o que está escrito. 


CORDEL DO FAZENDEIRO MALVADO


Vou contar uma história

Que me dói no coração

Mas puxo pela memória

Pra contar com exatidão.


Existia um fazendeiro 

Que queria ser o maior

Em poder ser o primeiro

Entre os ruins ser o pior.


Para ser dono de um pasto

Não poupou enganação

E teve apoio no gasto

Em troca de ocupação.


Não faltava quem dissesse

Que ele era mesmo o tal

Ah, se a boiada soubesse

O quanto ia se dar mal!


Já na casa da fazenda

Foi mostrando quem mandava

Faria de si uma lenda

Ai de quem o contrariava!


Mandou fechar os currais

Bode e cabra, boi e vaca

Se algum pulasse a cerca

Entrava logo na faca.


Cada bicho na sua função

Sem preocupar-se com nada

Queimada era a solução

Mais pasto para a boiada.


Até que um dia acredite,

Chegou terrível doença

Enquanto ele dava palpite

Mais gerava desavença.


Os bichos estavam sofrendo

Assim o caos aumentava

Muitos foram morrendo

E ele nem se preocupava.


Mandou fazer um chazinho

Remédio pra verme era a cura,

Touro, vaca e bezerrinho,

Foram todos pra sepultura.


Veterinários lutaram

Para acabar com a chacina

Ao fazendeiro falaram

— Compre logo a vacina!


Do alto da intolerância

Tripudiou do conselho

Respondeu com arrogância:

— Não metam aqui seu bedelho!


Mas o tempo foi mostrando

A vitória dos vizinhos

Que estiveram bem tratando

Um por um dos seus bichinhos.


Tomaram todo o cuidado

E doente nenhum resta,

Rebanho inteiro curado

Participando de festa.


O mau fazendeiro, porém

Não se deu por vencido

Sem dar ouvido a ninguém

Teve seu fim merecido.


Perdeu todo seu poder

Pasto, casa, posto e gado

Condenaram-no a viver

Num chiqueiro abandonado.


Essa história que eu contei

Viralizou no mundo infindo

Quem não gostou do que falei

Melhor será “já ir” saindo!

(Silvania M. Costa)

Um comentário:

  1. Muito bom! O leitor que leu "A revolução dos bichos" vai lembrar! Parabéns! Ter olhos pra ver é ouvidos para ouvir, sensibilidade para viver e respeito pela vida deve ser nossa essência! Obrigada!

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