BLOG DO MAYBUK - NA LUTA DO BOM COMBATE Este espaço é destinado a compartilhar com a comunidade minhas ações acadêmicas e profissionais. Também será utilizado para divulgar especialmente as ações de colegas economistas e outros profissionais e/ou pessoas da comunidade quando for necessário. O espaço servirá para debate sobre economia e política, onde serão manifestadas minhas opiniões a respeito, enquanto cidadão e professor universitário.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020
A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO E A FATURA QUE VAI CHEGAR
Hoje conversando com meu cabelereiro/barbeiro do qual sou cliente há mais de 20 anos , tive uma pequena aula da realidade econômica de sua categoria de trabalho.
Começamos a dialogar sobre a brutal paradeira econômica aqui da cidade e de outros lugares.
Disse a ele que vi a reportagem de que aumentou o número de vendedores ambulantes no Rio de Janeiro, por causa do desemprego brutal e ao mesmo tempo diminuiu quem compra deles. A decepção estava no pré-carnaval, porque os foliões estão levando bebida de casa em caixas de isopor nas costas porque sai mais barato.
Ele me falou do aumento de gente aqui na cidade, nas ruas vendendo algum tipo de comida para sobreviver.
Falei para ele sobre os trabalhadores de Uber. A viagem mínima custa 6 reais. Entre a parte do aplicativo e os demais custos, dificilmente fica livre para o motorista 3 reais. Quem tem carrro sabe o custo do referido bem, principalmente agora com o combustível nas alturas e o presidente ainda confiando na política de preços do Guedes.
Só para registro, a mesma viagem mínima de taxi dependendo do horário , fica em torno de 10 ou 12 reais e salvo engano, mesmo com esse valor não acredito que um taxista tenha enriquecido com a profissão. Com a entrada do Uber, diminuiu drasticamente as corridas para os taxistas e assim
as duas categorias têm seu trabalho precarizado e em nenhuma delas há proteção social, estão total mente desamparados.
Meio constrangido eu perguntei a ele se a crise atingiu sua categoria. Ele disse que perdeu 30% da clientela, em função de que muitas pessoas desempregadas, para sobreviverem, fizeram cursos de cabeleireiros e estão atendendo nos bairros a preços quase de graça.
Enquanto ele cobra 20 reais o corte, tem gente cobrando 12 ou 10. Precarização pura.
Ele me disse que dos 20 reais, entre a comissão do salão para o dono e mais os produtos que usa que fica por sua conta, sobram 10 reais. Quando consegue cortar dez cabelos por dia fica feliz e leva 100 para casa. E completou: e os dias que não tem cliente?
Eu ainda falei que ele tem que torcer para não ficar doente. Ele disse que raramente vai a uma lanchonete por fica quase impossível, sai muito caro com a família. Uma praia ou uma viagem, impossível. E lembrando que se ninguém vai às lanchonetes, é mais desemprego surgindo.
Ultimamente estou analisando os tipos de precarização no trabalho, especialmente depois das criminosas reformas trabalhista e previdenciária e o tal trabalho intermitente.
Fiquei pensando no sujeito precarizado que no bairro está cortando o cabelo a 12 (o mais abastado). Se o custo total do trabalho for 50%, ele receberá 6 reais por corte. Se ele tiver a felicidade de cortar 10 por dia vezes 25 dias, será um "empreendedor" ganhando em torno de 1 salário mínimo e meio, sem nenhuma proteção social, sem direito a férias e estará impedido de ficar doente.
E esses carinhas ainda estão precariamente trabalhando, mas e os outros milhões de desempregados?
Meus amigos e minhas amigas, nessa batida, não adianta fazer arminha com as mãos, não adianta tentar jogar a culpa em quem saiu do governo há quase quatro anos, porque quando a fome bate a fatura aparece e alguém tem que pagar. Lamento e fico muito triste mas não vai demorar.
3 comentários:
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Amigo Maybook, infelizmente essa visão de caos, ainda não é entendida por todos. Administrar um país, estado ou município, é pensar e desenvolver um planejamento que atenda a sociedade como um todo. O descaso em relação a grande massa trabalhadora vai gerar consequências desastrosas, e que atingirá toda a sociedade. E infelizmente muitos não conseguem enxergar o que está por vir, e corre-se o risco de repetirem o refrão: a culpa é do PT.
ResponderExcluirAmigo Maybook, infelizmente as pessoas não perceberam a dimensão da situação. O descaso com os trabalhadores trará consequências para toda a sociedade. É lamentável que a grande maioria das pessoas não consegue enxergar o caos que está por vir. E ainda corremos o risco de ouvir o velho refrão: a culpa é do PT.
ResponderExcluirMeu caro Maybuk, o povo - sinceramente - não tem noção do que é essa reforma previdenciária! O valor das aposentadorias, a partir de agora, é de 60% do salário-de-benefício. Esse salário-de-benefício, por sua vez, é apurado de acordo com a média de todos os salários que o trabalhador ganhou no decorrer da sua vida. Sobre esses 60% acrescentam-se 2% a cada ano A MAIS de contribuição a partir de 15 anos para mulher e 20 para homem. Isto quer dizer que para se aposentar com 100% do salario-de-beneficio (que já é uma média e não o salário que o trabalhador vinha ganhando), o homem tem que ter 40 anos de contribuição e a mulher 35. O valor dificilmente passará de 1 salario-minimo!
ResponderExcluirComo você disse, a fatura vai chegar e o trabalhador vai pagar MUITO CARO!!! E não adianta fazer arminha com a mão; melhor juntar as duas mãos e pedir misericórdia!!!