Nas férias é possível desacelerar
um pouco, ler com mais prazer e tranquilidade, assistir alguns filmes, séries e documentários.
Nos últimos dias estou
acompanhando a repercussão da insensatez do presidente norte americano em busca
da reeleição , que covardemente e contrariando todas as
regras internacionais, autorizou na forma terrorista, o assassinato de um líder
militar no Irã (não interessa quem ele era e sim as condições de sua morte) e
que vai sem nenhuma dúvida, causar um aumento brutal da violência, do
terrorismo e também interferir no preço do petróleo e no bolso especialmente
dos menos favorecidos, porque é ainda um insumo importante no custo final dos
produtos. No momento em que escrevo, ouço o Bonner admitir que aquilo todos
estavam preocupados já está acontecendo, ao relatar os mísseis disparados pelo Irã contra bases americanas no dia de
hoje (07/01/2020).
Para aprender um pouco
sobre a história da India, assisti o filme “o último vice-rei”. Belíssimo filme
baseado em fatos reais. Nele a Inglaterra nomeia um monarca para depois de
muitos anos enfim, “dar a independência” à India. E para tanto no final foi
necessário criar outro país, o
Paquistão, apesar da insistência de Mahatma Ghandi para que houvesse união entre os habitantes de
culturas e religiões diferentes. Quem assistir o filme vai ver o jogo de
interesses da Inglaterra e a imensa quantidade de perda de seres humanos mortos
em conflitos, por fome e doença e pela migração obrigatória, sem nenhuma
condição humana e econômica para tal. Prova absoluta de insensatez política.
Assisti também um
interessante Documentário “Uma noite em 1967 – (Brasil - 2010) que trata dos bastidores do Festival de
música da Record (era a potência da
época). No Documentário se vê dentre outros nomes, nada mais nada menos que os bem jovens, Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Edu Lobo, Gilberto Gil, Rita Lee , Roberto Carlos e
Sérgio Ricardo (aquele que quebrou o violão e arremessou com raiva na plateia).
Há deliciosas entrevistas com a maioria deles (jovens e depois idosos) intercaladas
entre as cenas do evento histórico. Tem também a nostalgia de ver as
vestimentas e o que estava na moda e
inclusive algo que me deixou incomodado, que foi ver repórter com um microfone
na mão e na outra um cigarro fazendo entrevista.
O Festival ocorreu logo
no início do governo militar, que alguns pensavam que seriam apenas algumas
noites mal dormidas, mas que se tornou um período sombrio da nossa história durante
21 anos. Prova absoluta de insensatez política.
Passados 52 anos,
algumas considerações interessantes sobre alguns dos artistas citados. E a demonstração
de que vale a pena questionar, lutar quando é preciso e que o futuro é realmente imprevisível.
O Caetano Veloso, hoje
aos 77 anos, grande talento musical, sucesso absoluto, sempre se manifestou com suas ideias, pagou o
preço ao ter que se exilar em outro país, diante da insana frase “Ame o deixe-o”.
O Gilberto Gil, também
com 77 anos, um dos maiores cantores brasileiros, sempre se manifestou com suas
ideias, têm várias letras bem críticas ao sistema e foi obrigado a se exilar
também para escapar dos anos de chumbo.
A Elis Regina bem
mocinha no referido Festival, ganhou a premiação de melhor intérprete e passou
sua breve vida (morreu aos 36 anos) ,sendo uma das maiores cantoras do Brasil e
grande questionadora, ativista política, basta assistir sua última entrevista
ocorrida alguns dias antes de sua morte. E lembremos que a música “o bêbado e o
equilibrista” é considerada na magistral interpretação dela, como o símbolo da redemocratização.
O Roberto Carlos é
conhecido como o “Rei Roberto”. Tem 78 anos, possui um número muito grande de
fãs, mas nunca foi ativista político. Que eu saiba uma pouca ação meio velada
foi quando escreveu a música “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos” homenageando
o Caetano quando estava exilado. A música depois foi regravada pelo próprio
Caetano e em uma das estrofes tem “ você olha tudo e nada lhe faz ficar contente,
você só deseja agora, voltar pra sua gente”.
A grande nossa rainha
do Rock Rita Lee, feminista, hoje tem 72
anos e grande parte de suas canções são de protestos.
E deixei o Chico
Buarque para o final, porque para mim, é o mais talentoso e autêntico de todos.
Um grande compositor. Se auto exilou por um período fora do país, tem
composições de protesto, teve canções censuradas na época dos anos de chumbo,
driblou por um tempo a ditadura com o pseudônimo “Julinho da Adelaide”. Além de
compositor é um grande escritor e no final de 2019, ganhou nada menos que o
prêmio Camões de Literatura, um dos maiores da língua portuguesa, do Ministério da Cultura de Portugal que é assinado
e patrocinado conjuntamente com o Ministério da Cultura do Brasil. Vai receber
o prêmio em dinheiro (100 mil euros) e a premiação será em Portugal no mês de
maio de 2020, mesmo sem assinatura (até o momento) do presidente Bolsonaro que
se recusa a assinar. Como a assinatura do presidente brasileiro é mera
formalidade segundo o governo português, o Chico respondeu que a não assinatura
é um segundo prêmio em um só . Palmas para ele.
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