DOIS FILMES E UMA MESMA HISTÓRIA DE LUTA, PERSEVERANÇA E AMOR PELA VIDA

Pela segunda vez, assisti, sofri e aprendi muito com o filme "A noite de 12 anos" que retrata José Pepe Mujica, Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro, militantes dos Tupamaros, grupo que luta contra a ditadura militar no Uruguai. Eles são presos em ações distintas e encarcerados junto a outros nove companheiros, de forma que não possam sequer falar um com o outro. Ao longo dos 12 anos, o trio,  busca meios de sobreviver à solidão, a impossibilidade de falar,  à tortura, mas também ao encarceramento que fez com que ficassem completamente alheios à sociedade, sem a menor ideia se um dia seriam soltos.

O filme mostra a brutalidade militar envolvendo os presos e seus familiares, formas que um ser humano normal e decente não procederia a outro ser humano. Por outro lado mostra que podem tentar destruir um corpo, mas o espírito, a mente e a força de vontade resistem mesmo nas piores condições possíveis. Recomendo apreciar duas cenas importantíssimas dentre tantas belas do filme, que são as palavras firmes e doces da mãe do Pepe (que aos 75 anos se tornaria Presidente do Uruguai) impedindo que ele desistisse e na outra cena da médica, que foi fundamental num momento em que as forças do corpo e da cabeça já não suportavam mais.

O outro filme assisti agora e foi recomendado pela companheira Elaine Mota. Chama-se “EL PEPE UMA VIDA SUPREMA” que retrata as três personagens do filme citado anteriormente, agora idosos e reais testemunhando suas próprias histórias. Claro que o destaque com mais de 90% do filme é para o grande PEPE, sua vida simples, sua força política, sua simpatia, sua inteligência, suas ideias. Além disso mostra sua companheira a Senadora Lucía Topolanski, inteligente, carismática, guerreira, os dois formam um casal extraordinário.

Numa época de tanta intolerância, ignorância e brutalidade em que o Brasil especialmente está vivendo, são dois filmes imprescindíveis para nos tornarmos mais humanos, mais solidários, mais fortes e mais esperançosos diante de tantos ataques à democracia e aos direitos humanos e sociais.