A ex-diretora da Unespar/Fecilcam - professora Sinclair Pozza Casemiro foi paraninfa dos cursos de geografia, letras, matemática, pedagogia e turismo e meio ambiente, do primeiro dia de formatura em 2013 dos formandos de 2012.
O discurso da professora ficou muito bom e resolvi publicar na íntegra para que fique marcado na história da nossa instituição.
DISCURSO COMO PARANINFA DAS TURMAS/2012 DA FECILCAM/UNESPAR:
CURSOS DE GEOGRAFIA, LETRAS, MATEMÁTICA, PEDAGOGIA, TURISMO E MEIO AMBIENTE,
PRONUNCIADO NA NOITE DE 06/02/2013, NO CENTRO DE EVENTOS CELEBRA DE CAMPO
MOURÃO-PR.
Magnífico Reitor da
UNESPAR, Prof. Mestre Carlos Aleixo, cumprimentando-o, parabenizo-o pela posse
como Reitor da nascente UNESPAR. Professor que é fruto de nossa FECILCAM, que
Deus o ilumine nesta caminhada e que sejam, sua administração e a nossa UNESPAR,
muito promissoras! É muito importante para a FECILCAM, para a UNESPAR, que o
seu primeiro reitor seja dela, da FECILCAM, pela sua história na construção
dessa universidade.
Excelentíssimo Sr. Diretor do campus de Campo Mourão da
UNESPAR, Prof. Mestre Éder Stella. Também muito sucesso na condução desta
Instituição, agora, neste momento tão decisivo dos primeiros passos da UNESPAR.
Excelentíssima Sra. Prefeita Municipal de Campo Mourão,
Pedagoga Regina Dubay, que temos a honra de citá-la como a primeira prefeita
formada nos bancos da FECILCAM.
Ao cumprimentá-los, cumprimento todas as autoridades da Mesa
e do recinto
Pais, Mães, Parentes, Companheiros e amigos dos Formandos,
Senhoras e Senhores
Meus queridos alunos e afilhados dos Cursos de Geografia,
Matemática, Letras, Pedagogia e Turismo e Meio Ambiente da FECILCAM/UNESPAR a
quem presto a mais sublime homenagem pelo muito que representam na história
desta Instituição.
É imensurável o sentimento de gratidão e de carinho que sinto
por ter a honra de estar aqui, hoje, como Paraninfa de vocês, queridos alunos
desta Faculdade que tanto amo.
Estava eu, num mundo
de recordações, de lembranças, de tantos momentos inesquecíveis que
compartilhei com a incrível comunidade acadêmica desta guerreira Instituição-professores, funcionários e
alunos - momentos fortes, de luta e de conquistas, quando se lembraram de me
chamar, para uma ocasião como esta, assim tão importante e solene! O que dizer,
então, se o sentir é o que importa? Se as palavras podem me trair? Pois elas
não me parecem capazes de traduzir a veracidade desse sentimento que me toca –
indescritível, Indefinível, Intenso!
E eis-me aqui. Um abraço no coração de cada um de vocês. De
vocês, meus alunos e afilhados, que fizeram isso acontecer. Meu reconhecimento
profundo. Meu obrigada. Um abraço em cada funcionário- e quando falo, as
imagens deles, no nosso tempo de convívio, me tomam o pensamento, sorrindo,
brigando, falando, no ir e vir incessante de suas labutas-no chão, nos
corredores, nas salas, e envoltos nos papeis da Instituição. Também me vêm à
memória as imagens dos colegas professores na correria incansável, carregando a
alma dos seus cursos nos olhos, nas mãos, nos conteúdos que sintetizam os
conhecimentos, as pesquisas, as aulas, o incansável e apertado calendário a
cumprir. Nunca tendo tempo e tudo sendo feito! Foram vocês, meus companheiros e
amigos alunos, funcionários e professores, que fizeram a UNESPAR acontecer!
Ela, a UNESPAR, é vocês! Em carne e osso!
Não posso me esquecer também do coro da comunidade
mourãoense, da região, das suas lideranças, de cada cidadão- do sonho estampado
em cada rosto, transformado em razão de vida, de luta, por uma universidade pública
para a nossa querida Campo Mourão e região. Como esquecer? Naquele momento
seríssimo, contraditório, de crise no Ensino Superior, com a clara e explícita
proposta de privatização pelo governo do Paraná? Que significou cortes de
orçamento até para o salário dos professores e funcionários? E se dizendo, quem era Campo Mourão para ter uma
universidade? Nos discursos e posição firmes de Rubens Sartori, defendendo a
causa? Ainda dói... E como não dizer, hoje, isso, neste momento tão solene,
isso que preenche meus dias, meus
momentos, que me acompanha pelo pensamento e pelo coração em cada passo por
este Brasil afora onde continuo na lida com o conhecimento?
Eu só posso agradecer. Agradecer pelo esforço que cada um
fez, pela garra que cada um teve, num coletivo forte, pela confiança que
tiveram no sonho de resistência, na solidão entre a maioria, que já não
acreditava mais no ensino público. Aos poucos, vimos crescer a esperança de
outros também, que se agitavam na esteira da FECILCAM. No sonho de universidade que esta FECILCAM
acalentava, com sua comunidade toda abraçando o projeto, trabalhando,
pesquisando, se intitulando, construindo os alicerces para a nossa UNESCAM,
hoje UNESPAR. Humana, competente, arrojada, alicerçada na utopia crítica, na
dor, mas também na alegria, na entrega, na dedicação.
A todos os gestores que me acompanharam, Marcos Erhardt,
Rubens Sartori, e o sonho de universidade continuado pela gestão Carlos Aleixo
e Éder Stella.
Obrigada. Obrigada, mesmo.
São as pessoas que fazem uma Instituição. E esta Instituição
foi e está sendo construída por pessoas
amorosas, de fé, sem medo de ser feliz. Em cada momento de sua existência, do
seu nascimento, em 1972, e de sua
constante transformação institucional-estadualização e agora universidade. Pessoas
de consciência crítica, que investiram e
investem no trabalho, na mudança, no movimento, na crença do coletivo e do
individual se entrelaçando para a superação acontecer. Pessoas sonhadoras,
utópicas.
Uma utopia banal ignora as impossibilidades, a relação entre
o possível e o impossível, diante das condições históricas, o que significa a
incerteza em reconhecer esse possível e esse impossível. Mas, uma utopia
crítica, briguenta porque amorosa, como sempre foi a da FECILCAM, impõe
desafios que sabe difíceis, mas alcançáveis, desafios para a compreensão.
Utópicos críticos como os da FECILCAM sabem que a crise por que passa o mundo atual, decorre dos
conflitos gerados pelo movimento das contradições que exigem ousadia, um
projeto necessariamente claro, capaz de
orientar as estratégias, permitindo um pensar conjunto nas possibilidades de
superação. Por isso esses utópicos fizeram a UNESCAM, e, não vendo interesse
nem apoio políticos suficientes para esse sonho, aceitaram a UNESPAR. Pois a
superação vinha sobretudo em forma de uma universidade pública, gratuita, de
qualidade. E veio e então aí está a UNESPAR. A FECILCAM mexeu com Campo Mourão,
mexeu com a região da COMCAM, se estendeu pelo Paraná, criou ciúmes positivos,
fez renascer antigos sonhos de novas universidades, fez vingar outra
universidade, lá no Norte e , agora, finalmente, aí está a UNESPAR para todos
os paranaenses!
A rebeldia saudável de nossos alunos, sempre presentes,
tributo de uma formação conduzida por professores líderes, igualmente dotados
do espírito obreiro, da rebeldia construtiva, da consciência crítica, foi e é
fundamental. Saúdo vocês, meus estimados
alunos, porque sei de sua presença política sempre forte nos momentos em que viveram
a FECILCAM. Não era de se esperar outra atitude da parte de vocês. São
herdeiros de uma tradição histórica de consciência, traduzida em atos
emancipatórios.
Meus queridos alunos de Geografia, de Letras, de Matemática,
de Pedagogia e de Turismo e Meio Ambiente, vocês são esta história e hoje é o
seu dia!
Cada curso, neste espírito de transformação, tem sua parcela
na construção de um ensino superior que labora por uma sociedade mais justa e
mais humana.
Queridos alunos do curso de Geografia:
há diversas possibilidades e caminhos para pensar o mundo por meio da ciência
geográfica. As
soluções possíveis diante da problemática realidade mundial que vivemos com
relação ao nosso espaço, ao nosso meio ambiente, passam, necessariamente, pela capacidade
e potencialidade analítica das ciências geográficas, capazes de revelar as
contradições que explicitam a dinâmica dessa realidade, do seu movimento e do
espaço na esfera local, planetária e do próprio universo, num projeto ético e
solidário.
É essa a esperança que a sociedade deposita em
cada geógrafo e cada professor de Geografia que hoje aqui se forma.
Meus queridos alunos e caros afilhados de Turismo
e Meio Ambiente
Afilhados e filhos. Não posso esconder o orgulho
que sinto em vê-los se formando. Um curso que nasceu no projeto de construção
de nossa universidade da COMCAM. O seu curso foi criado, na região, com o objetivo de trazer a ela o
desenvolvimento sustentável e com a preocupação, pelo nosso momento histórico, com
o respeito ao meio ambiente. Um curso de
turismo diferente, que, numa reflexão crítica, promova a emancipação das
consciências sobre a economia, o espaço, a cultura, a história das culturas
regionais em suas diversidades na complexidade da demanda do turismo.
A nossa sociedade acredita em
você, turismólogo, como um colaborador para um mundo melhor.
Meus queridos alunos do Curso de Matemática: também afilhados e
filhos.Também nascidos no projeto de universidade da COMCAM, assim como o curso
de Engenharia de Produção Agroindustrial entre as gestões Marcos-Sinclair e
Sinclair-Rubens. O curso de História, criado na gestão Aleixo-Éder, sabemos que
também foi proposto na construção da
UNESPAR.
E este curso, de Matemática, foi nascido na clara
percepção de sua importância histórica. Uma posição singular ocupa a
Matemática, por sua universalidade de
quantificação e expressão, portanto, também como linguagem. Quando, nas
ciências em geral, se exige uma construção abstrata mais elaborada de
pensamento, os instrumentos matemáticos são imediatamente convocados.
Que cidadania haveria sem a Matemática? No
nosso tempo, em que novos modelos se
fazem urgentes, você, matemático e
professor de Matemática, tem muito a contribuir.
Meus queridos alunos e afilhados
do curso de Pedagogia.
Somos, nós, professores de
outras áreas da licenciatura, todos
educadores. O curso de Pedagogia representa todas as licenciaturas, é imprescindível, é o que dá o norte à
formação de todos nós. A educação é a chave para uma sociedade melhor. Uma
educação emancipadora é a garantia de um caminho possível para uma sociedade
mais justa, melhor desenvolvida e mais solidária. E a Pedagogia, especialmente
a Pedagogia da FECILCAM, tem se empenhado com responsabilidade e compromisso
nessa missão. Muito confia a nossa sociedade em vocês, nobres pedagogos que
aqui se formam.
Meus queridos alunos,
afilhados e colegas do curso de Letras
Já se definiu a própria
ciência como a arte de ler e
interpretar cada tempo de acordo com as suas necessidades.
Eu disse: “ler e
interpretar cada tempo” e nós, das Letras, sabemos a força da palavra ler, da
palavra “interpretar”, aliás, sabemos a
força da palavra, do discurso, enfim, da linguagem. É pela linguagem que nos
confrontamos com o mundo, com os outros
sujeitos, com os sentidos, com a história. É com a explicitação dos discursos
que apreendemos, de forma crítica, a ilusão do homem livre de nosso tempo.
Vivemos numa sociedade
jurídico-social e que nos apresenta uma contradição: de um sujeito ao mesmo
tempo livre e submisso. Com a transformação das relações sociais, esse sujeito
teve de tornar-se seu próprio proprietário,
com sua vontade e responsabilidade, com seus direitos e deveres. Um
sujeito aparentemente livre em suas escolhas, o sujeito da sociedade moderna,
do capitalismo. A crença na Letra, na Palavra única de um Deus Absoluto do
homem pré-moderno, deu lugar à crença nas Letras, ao Estado, nas cifras, na
precisão, sustentada pelo mecanismo lógico que sugere subjetividade autônoma.
Mas, sabemos, é uma autonomia ilusória, que a leitura de mundo, amparada na
leitura dos discursos, os quais essas Leis, essas cifras e essa precisão
enunciam, pode desmascarar, pode explicitar, dando visibilidade às intenções e
às verdades, que aprisionam e que libertam, aí imanentes. Do poder pelo poder e
do lucro a qualquer preço.
Portanto, meus queridos
alunos e caros colegas, fundamental e mesmo árida é a sua competência como
profissional das Letras! A sociedade muito espera de seu trabalho explicitador
da palavra!
Mas, junto desse terreno árido da palavra que
precisa ser confrontada, as Letras trazem o lado poético da vida, encantando e
fazendo sentido para as nossas existências. Fazendo valer a pena qualquer
desafio, ajudando a sublimar nossas dores e nos ajudando a desfrutar das
emoções mais verdadeiras, de qualquer natureza, da beleza da vida em suas
contradições mais agudas. E é na poesia, pois,
que busco uma mensagem final, a vocês , caros alunos, de todos os
cursos, de Geografia, de Letras, de
Matemática, de Pedagogia e de Turismo e Meio Ambiente, novos profissionais que
aqui florescem, nesta formatura. Na poesia do clássico Ricardo Reis, um dos
pseudônimos de Fernando Pessoa, finalizo minha mensagem a vocês, queridos
afilhados:
“Para ser grande, sê
inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a
Lua toda
Brilha porque alta
vive”.
Honrem seus
conhecimentos e sejam felizes!
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