Em vôo de carreira, Lula ‘saboreia’ sua popularidade
Joel Silva/Folha
Convertido pelas contingências num sem-avião, Lula aventurou-se no primeiro vôo de carreira desde que deixou a Presidência.
Deu-se nesta quarta (9). O ex-soberano embarcou no vôo de número 1206, da Gol. Chegou à pista de Congonhas (SP) por uma trilha alternativa.
Foi, primeiro, à Base Aérea, onde costumava pousar quando voava nas asas do AeroLula. Uma van conduziu-o, junto com seus acompanhantes, até o avião.
Acomodou-se na poltrona oito, corredor. Ao centro, a mulher, Marisa Letícia. Na janela, a nora, Marlene Araújo.
Assessora de Lula, Clara Ant foi ao seu lado, em assento contíguo, separado pelo corredor. À frente dela, o presidente do PT-SP, Edinho Silva.
Os demais passageiros entraram no avião depois. Súbito, um deles reconheceu Lula. Estacou, freando o movimento da fila no corredor.
A notícia sobre a presença se disseminou. Testemunhas da cena, os repórteres Daniela Lima e Joel Silva relatam, na Folha, a azáfama que se seguiu.
Lula foi filmado. Abraçado ora a passageiros ora a aeromoças, fez pose para mais de três dezenas cliques fotográficos. Distribuiu dezenas de autógrafos.
Afagou crianças. Levou uma menina ao colo. Sitiado, comemorou os efeitos do assédio sobre a alma: “É prazeroso”.
Surpreendida pela presença dos repórteres, a assessora Ant apresssou-se em informar que o chefe não daria entrevista.
Lula logo a desmentiria. Falou: "Todo político devia evitar aquele conselho do assessor que fala: ‘a coisa tá ruim, não vai para a rua’...”
“...Quando tá ruim é que tem que ir para a rua. Quando está bom pode ficar em casa".
Acrescentou: "Eu nunca tive medo de ir aos lugares. Se tem uma coisa que não me assusta é o povo".
A caminho de Brasília, Lula recebeu um presente. Um dos passageiros deu-lhe o livro “Ainda Existe Esperança”, do argentino Enrique Chaij.
Outro passageiro cedeu-lhe um jornal do dia. Lula concentrou-se numa notícia sobre a encrenca do reajuste do salário mínimo, iniciada ainda na sua gestão.
Uma aeromoça ofereceu ao ex-soberano um pacotinho de biscoitos salgados. Lula refugou. Serviu-se apenas de água. Sem gelo.
No mais, alimentou-se de sua popularidade. Estátua de de si mesmo, saboreou o culto à sua personalidade.
Degustou cada abraço, cada tapinha nas costas, cada aperto de mão, cada foto, cada autógrafo. “É prazeroso”.
Joel Silva/Folha
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