segunda-feira, 20 de outubro de 2008

AULA COM DELFIM NETTO

Eterno estudante de economia que sou, tive o prazer de assistir uma aula de economia com o ex-Ministro da Fazenda, ex-deputado federal, economista e professor aposentado da USP, Antonio Delfim Netto que está com 80 anos e tem 56 anos de formado em economia. Foi no programa Canal Livre da Bandeirantes, programa imperdível aos domingos à noite.
Eu sempre li os textos e artigos do Delfim, mas não sabia da sua didática. Ao responder as perguntas dos 04 jornalistas, fazia como se estivesse dando aula, muito interessante.
Ele tem umas tiradas de ironia e humor do tipo Maria da Conceição Tavares, embora tenham linhas de pensamento diferentes.
Ele pediu para que ninguém se suicide, porque o mundo não acabou com esta crise e que na história do capitalismo muitas crises aconteram e outras tantas virão, mas afirmou que hoje as coisas estão mais fáceis, a teoria econômica melhorou, os economistas melhoraram, as instituições melhoraram, principalmente no Brasil.
Disse que quem tiver liquidez e sangue frio deve comprar ações agora. Afirmou que a instabilidade nas Bolsas ainda deve permanecer por meses, mas que historicamente não há investimento melhor que nas Bolsas. Afirmou também que não devemos ouvir opiniões das Agências que calculam os riscos de Bancos e países, elas não sabem nada, se querem acreditar em alguma coisa, acreditem em Deus que já está bom.
Afirmou que o Brasil fez uma grande coisa em eliminar a dívida pública interna em dólar. Hoje praticamente não temos problema com a variação cambial. Fez duras críticas ao Banco Central, aliás as mesmas que eu faço, sobre as altas taxas de juros. Disse também que o Banco Central erra na maioria das vezes sobre excesso de demanda. As vezes a demanda de tal produto aumenta 15 % e o Banco Central se desespera e não percebe que no caso, a oferta também aumentou em 15% portanto mantendo o equilíbrio. A "grande" jornalista econômica Mirian Leitão deve ter tido um treco com esta afirmação, pois vive dizendo que o Brasil tem excesso de demanda. O medo dela é que o Brasil cresça e se crescer ela pode perder o emprego.
Delfim disse ainda que o governo deveria usar mais o Banco do Brasil como instrumento de política econômica e chegou a afirmar que para resolver o problema de crédito externo que algumas empresas brasileiras estão tendo agora, bastaria um pouco de ousadia, ou seja, pegar uns 20 bilhões de dólares das fabulosas reservas que temos e depositar no Banco do Brasil dos Estados Unidos, pois isso além de resolver o problema imediatamente, faria com que outros bancos estrangeiros também emprestassem dinheiro às empresas brasileiras.
Disse que o Brasil tem dois grandes trunfos. O primeiro é a grande reserva de dólares que temos hoje que é de 200 bilhões. Ele afirmou que dá prá fazer besteira por uns três anos seguidos, lembrando que no final do governo FHC as reservas eram de apenas 17 bilhões e que nós emprestamos uns 30 bilhões do FMI para resolver problemas de Balanço de Pagamento. O outro trunfo é o pré-sal que resolverá o problema energético brasileiro.
Afirmou ainda que o Presidente LULA com a criação do PAC incendiou, no bom sentido, o Brasil e isso gera otimismo. Destacou ainda que a crise vai prejudicar um pouco o crescimento econômico do Brasil para 2009, mas mesmo assim deveremos crescer entre 3,5% e 4,0% e disse que alguém que afirmou que cresceremos apenas 1,5% é um idiota.
Ainda sobre o programa, tive o prazer de ver numa das reportagens sobre a crise, o meu orientador de mestrado professor Fábio Scatolin da UFPR falando sobre a variação do dólar.

2 comentários:

  1. Não tive a oportunidade de ver o programa, mas fico feliz de ouvir boas palavras de alguem que ao meu ver, conhece bem de econômia e sabe o que fala. Esse otimismo é muito válido, pois nos faz acreditar ainda mais na nossa economia, que mesmo com o momento turbulento ainda é de confiança.

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  2. Voce viu bem né Maybuk!!!! Na época do FHC nossas revervas eram de 17 bilhões de dólares+30 bilhões de divida com o FMI, e hoje.... quanto? quanto? 200 bilhões de dólares.
    Abraço!!!

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