sábado, 18 de novembro de 2017

PALESTRA SOBRE LITERATURA NEGRA, COM O PROFESSOR DR. DELTON FELIPE















Ontem 17/11/17 eu tive o prazer de assistir a palestra intitulada "LITERATURA NEGRA, NARRANDO OUTROS POSSÍVEIS E CONSTRUINDO NOVOS IMAGINÁRIOS" com o professor Doutor Delton Felipe.

O evento foi promovido pela Biblioteca Municipal professor Egydio Martello em parceria com a APP Sindicato que contou a presença do presidente Ironei de Oliveira e Unespar campus de Campo Mourão-Pr em que o professor Fábio Sexugi.

O objetivo do evento foi discutir obras literárias , em especial da literatura infantil brasileira que contenham a temática das relações étnicos-raciais em seu enredo.

O evento foi muito enriquecedor e emocionante.

Começou com uma belíssima e emocionante apresentação da poesia "me chamaram negra" de Victoria Santa Cruz (poeta coreógrafa, folclorista e estilista peruana) e na noite interpretada pela Luciana Demetke e Fátima Saraiva.

Na sequência, o professor Delton assumiu o comando demonstrando todo o seu conhecimento, de uma forma bem humorada, irônica, mas fundamentalmente indicando a necessária indignação que ele sente diante de uma sociedade ainda muito racista.

Ele segurou a plateia por um longo período, alternando coisas desagradáveis sentidas por ele na alma, com apresentações de literaturas infantis, que assim que eu tiver todos os nomes incluo na matéria. Algumas das obras esclarecendo e combatendo o racismo e tentando dar um novo horizonte  às crianças e outras, talvez até se intenção dos autores, que ao contrário intensificam o racismo.

Tratou das crianças negras,  especialmente as meninas que são impossibilitadas de sonhar em ser princesas porque raramente se encontram princesas negras na literatura.

Ressaltou que num grupo de jovens moças, as negras são as últimas a encontrarem namorado.  

Destacou uma notícia que eu tinha lido de manhã, que no atual momento de desemprego brutal que o Brasil está vivendo, 66% são negros, ou seja, de cada 3 desempregados, 2 são negros.

Ressaltou a quantidade de jovens negros que são assassinados todos os dias no Brasil.

Destacou que negro tem 100% de chance de ser revistado.

Destacou que em determinados ambientes, a começar pela universidade em que trabalha ele é um dos poucos negros.


Ele deu vários exemplos de atos que cometemos todos os dias e que são racistas, mesmo quando não percebemos. Ele arrancou várias risadas da plateia com exemplos que ele viveu e que transforma em riso, mas na minha opinião é uma forma de resistência. E no caso é muito mais fácil rir quando se é branco.

"Delton você é um negro inteligente". (os outros negros não são?)

"Nossa, quem te vê não saberia que faria tão bem" (como assim, me vê como?)

E dentre vários exemplos de prática de racismo, um deles foi até engraçado. Disse que chegou em determinada loja de perfumes e estava ali olhando um, olhando outro e percebeu que o segurança se movimentava olhando para ele. Aí fez um teste e começou andar pela loja toda e o segurança se virava sempre para ele. Aí, numa atitude inesperada, como alguém que num jantar dançante sai lá do outro lado e vai se achegando até encontrar encontrar naquela mesa a aquela pessoa linda e chega bem pertinho e diz: você está apaixonado por mim? A reação do segurança foi imediata achando aquilo um abuso e o Delton ainda disse, pela sua atitude desde que entrei na loja, ou é paixão ou é racismo.

A palestra foi um prazer longo, demorado, que valeu a pena. Afinal, tais momentos são imperdíveis e necessários para nosso ser, como eu comentava com uma amiga depois depois da palestra.     

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

LANÇAMENTO DO LIVRO - HISTÓRIAS QUE EU NÃO HAVIA CONTADO









O Blog do Maybuk é parceiro da Biblioteca Municipal Egydio  Martello e mesmo quando seu editor não tem agenda para assistir algumas cerimônias naquele local, quando recebe as informações publica.

A seguir um relato com olhar atento de alguém que participou do evento de lançamento da obra “Histórias que eu não havia contado” do escritor e ex-prefeito de Goioerê-Pr Antonio Bernardino de Sena Neto:

 “A noite de segunda-feira, 13/11/17, estava esplendorosa com a presença do escritor Antonio Bernardino de Sena Neto. Natural da Bahia e residente em Goioerê há muitos anos. Sena, como é chamado carinhosamente pelos amigos, também tem grande amor pela cidade Campo Mourão. Trata-se do terceiro lançamento do escritor nas dependências da Biblioteca Pública Municipal Egydio Martello.

Sena fez questão de ressaltar a importância da Biblioteca como mediadora do saber e também por ser o palco principal de eventos literários contundentes à sociedade. Aproximadamente, sessenta e cinco pessoas estiveram presentes no lançamento da obra literária de Sena.

A plateia composta por autoridades políticas, pela Academia Mourãoense de Letras - AML, representada por Ester de Abreu Piacentini (presidente da AML), Gilson Mendes de Góis, Cristina Sherinner, Giselta Veiga, Silvania Maria Costa Carvalho, Dirce Bortotti Salvadori, pela Associação Mourãoense de Escritores representada por sua presidente Fátima Saraiva, bem como várias funcionárias do Colégio Estadual Dr. Osvaldo Cruz – CEDOC e por pessoas ligadas ao escritor por laços de amizade e familiar.

Os convidados foram recepcionados pela filha do escritor a professora do CEDOC Juliana Martins Sena Vieira da Rosa.

O Cerimonial não poderia ser mais especial. A voz grave de Gerson Maciel parecia mais uma melodia aos ouvidos atentos de cada um dos presentes. O quadro de autoridades foi composto por: Cristiano Calixto – (Representando o prefeito Tauilo Tezelli) Maximiliano Deitos – Juiz de Direito do Estado de Rondônia, Edoel Rocha – Vereador, Olivino Custódio – Vereador, Cícero Pereira de Souza – Vereador, Ester de Abreu Piacentini – Presidente da AML, Marley Formentini – Secretária da Cultura, Major Julio Cesar Vieira da Rosa – Comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar, Ana Paula Monteiro – Professora de Língua Portuguesa. Ainda marcou presença no evento o ex-prefeito de Campo Mourão-Pr Nelson Tureck.

Discursaram Ester de Abreu Piacentini, presidente da Academia de Letras – AML; Marley Formentini, Secretária da Cultura; Ana Paula Monteiro, professora de Língua Portuguesa e que realizou a revisão ortográfica do livro do anfitrião da noite. Todas enfatizaram a importância do momento e parabenizaram o escritor por sua instigante obra.
O discurso peculiar do Dr. Maximiliano Deitos (Dr. Max), Juiz de Direito do estado de Rondônia e filho do ex Deputado Federal, o saudoso Darci Deitos, retrocedeu à época muito especial. Numa das visitas à casa de Sena, Max conheceu a música sertaneja “Se Deus me ouvisse”, na voz de Chitãozinho e Xororó. É claro que o Dr. Max não cantou, mas declamou a parte mais intensa da música: “Ah! Se Deus me ouvisse e mandasse pra mim, aquela que eu amo e um dia partiu, deixando a tristeza junto de mim. Ah! Voltaria pra mim toda a felicidade”.Momento que a imaginação fluiu junto com a doce lembrança do Dr. Max ao homenagear o amigo, Sena.

O livro ‘Histórias que eu não havia contado’, traz em sua narrativa contos e crônicas. Difícil para o leitor não se tornar a personagem principal de pelo menos um conto. Quem é essa tal ‘Maria boca de pão’? Mas afinal, do que se trata? Terá que ler o livro. Depois da leitura, provavelmente passar ou ir à cidade de Goioerê-Pr, as percepções serão mais aguçadas e com gostinho de ‘eu também estive aqui de alguma maneira’.

A Biblioteca Pública Municipal Professor Egydio, tem sido palco de eventos relevantes às pessoas de pensares diferentes, mas que tem em comum, o fascínio pelos livros. Eventos que não seriam possíveis sem o comprometimento da equipe que trabalha em prol desse espaço. Espaço esse, tão importante ao município, quanto aos municípios vizinhos. Importância evidente na noite de 13/11/17, quando Antonio Sena, morador de Goioerê, veio a Campo Mourão e utilizando o espaço físico da Biblioteca, tornou pública mais uma de suas contundentes obras e enriqueceu o acervo literário do munícipio.

É claro que o evento contou com o empenho da Luciana Demetke, cuja dedicação, as palavras são insuficientes para descrever (de grande sensibilidade em suas falas, possivelmente, motivada pelo ambiente).

E como deixar passar despercebido o olhar atento de alguém muito especial à Biblioteca? Não se atentar é um erro grave. Mara Cristina de Oliveira visualizou cenas a olhos nus e também atrás de uma lente. Gravou em seus pensamentos imagens que escapam às câmeras de mais elevadas resoluções e com uma câmera digital registrou momentos históricos. E a nossa Mara, que não se sente poetisa, certamente, escreveu muitos poemas observando as falas do escritor de contos que também mostrou o seu lado poeta, declamando um poema de amor”.


Eu, Sérgio Luiz Maybuk, editor do Blog do Maybuk que não pude ir ao evento fico aqui pensando no que perdi. Para tentar compensar, desejo adquirir e ler o livro e com certeza me deliciar com as “histórias que eu não havia contato” do escritor Antonio Sena. 

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

GOVERNO FEDERAL VAI GASTAR 20 MILHÕES DE REAIS PARA APROVAR AÇÃO CRIMINOSA

O golpista Michel Temer (sósia do Conde Drácula), rejeitado por 95% da população brasileira, vai gastar 20 milhões de reais no NOSSO dinheiro, para tentar por meio de publicidade na TV, aprovar a "deforma" da previdência que aposentará os trabalhadores mediante atestado de óbito.

Uma das argumentações será  de que tem gente que se aposenta cedo demais, ele deve estar pensando nele próprio que se aposentou com pouco mais de 50 anos.

Vamos acompanhar as entrevistas e especialmente o voto dos nossos parlamentares paranaenses e ver quem é a favor dessa ação criminosa.

domingo, 12 de novembro de 2017

A DIREITA BRASILEIRA NÃO TEM LIMITES. AGORA QUER QUE O LULA MORRA

A direita brasileira está desesperada. Já fizeram de tudo e o Lula só cresce nas pesquisas. A possibilidade dele vencer já no primeiro turno só aumenta.
Tentaram uma condenação sem provas e o tiro saiu pela culatra.
Tentaram emplacar o "prefake" de São Paulo mas a candidatura se esfacelou com a tal ração de cachorro para alimentar os pobres.
Estão tentando agora o cabeça oca do oportunista Luciano Huck (não é piada caros internautas) para ser candidato a presidente da república. O carinha é amigo pessoal dos "gente boa" Aécio Neves (mais sujo que pau de galinheiro) e o Joesley que está preso. Além disso o "loucura, loucura, loucura" já foi condenado por crime ambiental, para ver um pouco do naipe do sujeito.
Como a vaca está indo para o brejo, a revista Isto é, mas conhecida com o quanto é, chegou a ponto de pedir que o Lula morra, incitando a violência para um doido varrido qualquer, venha assassinar o candidato.
Essa gente não tem limites. Ontem o cantor Caetano Veloso no programa Altas horas falou um pouco sobre isso e foi muito aplaudido.
O Brasil corre muito perigo. CLIQUE AQUI para ler

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O FILME “A MISSÃO” EM DOIS MOMENTOS



Quando eu tinha 20 anos, numa atividade de grupo de jovens da igreja católica lá em Roncador-Pr, assisti pela primeira vez o belíssimo filme “A missão” que tem na sinopse, “ O Padre Jesuíta Gabriel (Jeremy Irons) vai para a terra dos Guaranis, na América do Sul, com o propósito de converter os nativos ao Cristianismo. Rapidamente ele constrói uma missão, juntamente com Rodrigo Mendoza (Robert De Niro), um comerciante de escravos em busca de redenção. Quando um tratado transfere a terra da Espanha para Portugal, o governo português quer capturar os nativos para o trabalho escravo. Mendoza e Gabriel protegem a missão, discordando da realização da tarefa.

Naquela época eu era bem mais rebelde que hoje, e a igreja católica tinha dentre as suas vertentes a “teologia da libertação”, que fez um trabalho primoroso  nas comunidades de base no Brasil e outros países da América Latina. Período em que, segundo o grande teólogo Leonardo Boff, a igreja ficou um pouco mais próximo da barca de Pedro e mais longe dos palácios de Herodes.

Naquele momento ao assistir o filme, eu quase só percebi a questão indígena, a intolerância da igreja e dos poderosos de Portugal e Espanha e nem percebi que um dos fatores primordiais do massacre era uma questão econômica, porque aquela missão vivia como os cristãos primitivos. Naquele momento, obviamente,  jamais pensei  que iria fazer um curso superior e muito menos me tornar professor de economia, sempre preocupado com distribuição menos injusta da renda e riqueza e com as causas sociais em geral e críticas ferrenhas  a esse sistema capitalista brutal que produz muito mais morte do que vida.

E como sou amante dos filmes, jamais poderia imaginar  que atualmente poderia ver a qualidade impecável dos dois grandiosos atores Jeremy Irons e Robert de Niro que sempre quando se lança um filme novo e um deles está presente, pode ter certeza que veremos grande atuação.

O tempo passou e hoje aos 49 anos, ou seja, 29 anos depois assisti novamente o filme. De lá para cá a coisa só piorou.  A questão indígena atual está catastrófica, considerando nosso congresso nacional, que tem na sua imensa maioria, parlamentares que vivem de costas para o povo  e boa parte deles podem até ser considerados criminosos dependendo do que ajudam a  aprovar e pelas benesses que recebem. A igreja católica mudou muito, a teologia da libertação perdeu espaço para os carismáticos, o povo mais sofrido ficou com mais orações e cânticos que são importantes para a alma, mas infelizmente sem ações concretas de mudanças materiais  e políticas que não mudam realidades.

O capitalismo cada dia mais perverso e brutal, agora imperando a intolerância e até a xenofobia, a direita individualista ganhando espaço, mas como sempre temos que ter esperança e como disse Antonio Gramsci  sermos pessimistas na análise e otimistas na ação, e como por parte da igreja, já não temos Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Oscar Romero e o grande lutador Dom Pedro Casaldáliga já está beirando os 90 anos, temos que contar com um fio de esperança nas atitudes importantes do Papa Francisco. E por parte da política torcer pela união das esquerdas na América Latina para enfrentarmos os retrocessos constantes que estamos assistindo.

E para encerrar, recomendo que assistam “A missão”. Deve ter na única locadora sobrevivente de Campo Mourão, deve ter no Youtube e tem por enquanto na Netflix.

UM BELO TRABALHO COMANDADO PELA PROFESSORA SIMONE CIT DA UNESPAR

Orquestra Latino-Americana, belo trabalho comandado pela professora Simone Cit da Unespar campus Curitiba II (FAP). CLIQUE AQUI para ler.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

SOBRE A MÚSICA FILHO DO DONO

Estive em Fortaleza no início do ano e junto com Leda Mariza e outros companheiros fomos a um local certa noite para comer comida típica e dançar forró.

Eu fiquei encantando com algumas letras das músicas que cantavam. Por causa de uma determinada música, chegando no Paraná , descobri que era cantada por Flávio José conhecidíssimo no nordeste.

Ele canta vários clássicos de Luiz Gonzaga e outros cantores do nordeste e ouvindo suas músicas ,encontrei uma letra maravilhosa que é praticamente uma poesia escrita pelo também cantor Petrúcio Amorim e que retrata a vida dura do nordestino. Publico abaixo a letra da música chamada Filho do dono.

Não sou profeta
Nem tão pouco visionário
Mas o diário
Desse mundo tá na cara
Um viajante
Na boléia do destino
Sou mais um fio
Da tesoura e da navalha
Levando a vida
Tiro verso da cartola
Chora viola
Nesse mundo sem amor
Desigualdade
Rima com hipocrisia
Não tem verso nem poesia
Que console um cantador
A natureza na fumaça se mistura
Morre a criatura
E o planeta sente a dor

O desespero
No olhar de uma criança
A humanidade
Fecha os olhos pra não ver
Televisão de fantasia e violência,
Aumenta o crime
Cresce a fome do poder

Boi com sede bebe lama
Barriga seca não dá sono
Eu não sou dono do mundo
Mas tenho culpa, porque sou
Filho do dono

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

PROJETO CELEIRO CULTURAL MOURÃOENSE - PROFESSORA MARIA SOARES SAMPAIO PASQUINI











































No dia 31/10/17,  tive o prazer de participar do encerramento do Projeto – Celeiro Cultural Mourãoense, de Língua Portuguesa, desenvolvido pela ousada professora Maria Soares Sampaio Pasquini e seus alunos de 6º e 7º ano, do Colégio Dr. Osvaldo Cruz, o qual tem como principal objetivo, divulgar a Literatura local.

Sou um defensor apaixonado da escola pública. 90% de meus estudos foram nela e atualmente sou servidor de uma universidade pública.

A escola pública é diariamente massacrada normalmente pelos desmandos do poder público, com raras exceções, mas também por membros da nossa sociedade que quase sempre critica sem analisar todos os lados. Cada crítica e ataque à escola pública que testemunho, sem análise de todos os ângulos é uma punhalada no meu coração.

O que acompanhei na última terça-feira foi simplesmente emocionante. E é a prova de que quando a sociedade pede a escola pública sempre está ali para mostrar sua força e o seu valor e que tem há belos educadores por aí.

De cara foi recepcionado por algumas alunas sorridentes que estavam ali para nos encaminhar.  Recebi a informação de que eram alunas do 7º ano B – período vespertino Carol, Ana, Júlia e Silvania. Uma delas inclusive, de forma organizada e simpática me apresentou as principais partes do Colégio.

Depois ao adentrar na sala onde já estavam quase todos lá, fui recepcionado pela companheira de tantas lutas a diretora professora Rosemere Scheffer Hundsdorfer, a professora autora do projeto Maria Soares Sampaio Pasquini e a professora Angelita Nascimento que depois teve a missão de controlar a euforia daqueles e daquelas adolescentes diante dos visitantes.

A abertura do evento foi naturalmente feita pela diretora do colégio, que agradeceu a presença dos visitantes e destacou o sucesso do projeto que mencionarei a seguir. Salientou que a iniciativa será ampliada e a notícia deixou os escritores e as escritoras felizes.

Talvez quem assistiu ao evento ou quem vai ver pelas fotos possa considerar que os escritores e as escritoras ali eram as estrelas do ambiente, mas com toda a admiração, carinho, apreço até um pouco de inveja rsrs que tenho deles e delas, com a devida vênia  (palavra da moda) penso que a estrela do ambiente era a professora Maria (na quarta foto está de azul) e nas cadeiras uma série de estrelinhas. Acredito que terei a compreensão, pois no final das contas com certeza, teremos mais leitores e leitoras das publicações mourãoenses  a partir de então.

Eu já havia ouvido falar do projeto pela professora e até conversei com ela, mas vê-la emocionada, contando a todos e a todas,  a origem do projeto e alguns desafios que enfrentou, foi muito gratificante.

Ela disse que certa ocasião levou os alunos e alunas na sala de informática para que pesquisassem sobre alguns nomes importantes da literatura. E eis que ela ouviu um menino meio subversivo contrariando as regras que falou mais ou menos assim para um colega “veio a professora fica mandando a gente só pesquisar coisas antigas de gente que já morreu”.

A professora Maria poderia na velha prática de destruir talentos, ter colocado o menino na linha e tê-lo criticado, mas ela aproveitou a ocasião para realizar algo que já tinha em mente. Evidente que a tanto a professora como todos nós que estávamos lá, sabemos que não existe autor morto de fato e que devemos ler de tudo, mas que sua ideia era muito boa.

E a partir de então começou a se mobilizar levando eles e elas para a biblioteca pública professor Egydio Martello. Lá, para os desavisados, há um espaço separado somente para obras publicadas em Campo Mourão e a ideia é que fossem escolhidas obras livremente e que a partir da escolha, após leitura, iriam escrever cartinhas para os escritores e escritoras mourãoenses e fazer o convite para a visita no colégio.

As leituras e as cartinhas foram feitas, mas a descrença da visita era quase total. E tinha ainda outro inconveniente. Quis o destino, que o menino subversivo ao escolher a obra sem nenhuma interferência, foi logo escolher uma de alguém de Campo Mourão que já morreu. Mais um obstáculo para a professora que tinha de convencer os visitantes a comparecerem no evento.

Ela insistiu na sua fala que se ninguém tivesse vindo o sucesso do projeto não teria sido alcançado.  Depois que ouvi de uma jornalista escritora, que blogueiro também pode ser considerado jornalista, tenho que ter mais cuidado e fidelidade nas minhas informações que publico e portanto, fui dar uma olhada no facebook da professora Maria e ela, depois do evento, ao agradecer as visitas escreveu assim “Esse projeto seria invisível aos olhos dos meus alunos. Pois, para eles, o escritor é um ser surreal e intocável. Pelo menos, era.Os alunos estavam gostando muito, mas não acreditavam que viriam escritores no colégio deles”.

Eis que para a felicidade da professora e da garotada apareceram  mais ou menos pela ordem da disposição da mesa para evitar esquecimento, os escritores e escritoras, João Maria de Lara, Sonia Ubelina de Oliveira Silveira, Ana Aparecida  Ceola Ribeiro, Luciana Demetke, Gilson Mendes de Góis, Max Moreno, Silvânia Maria Costa Carvalho, Silvia Novaes Fernandes, Fátima Saraiva, Prescila Alves Pereira (que eu não conhecia), Giselta Veiga, Cristina Schreiner Mota, Dalva Helena de Medeiros. Também o blogueiro – Sérgio Luiz Maybuk e os membros da AME – Associação Mourãoense de Escritores,  Francisco Otmar e Mara Cristina  Oliveira (esta, que se escrevesse o que pensa teria um belo público).

Depois da fala da professora todos os membros da mesa se apresentaram e a falaram um pouco de suas publicações e até eu fui obrigado a falar. Sou tímido e fora da minha praia (sala de aula) as coisas são meio difíceis para mim.

Na sequência foi o momento das perguntas que cada um e cada uma deveria fazer, se desejasse, para o escritor ou a escritora, e até sair a primeira, foi um dilema, mas depois foi um sucesso e no final a professora teve até que limitar por causa do horário.

Aí ficou uma delícia de ouvir, tanto para aqueles pequeninos, quanto para quem não é escritor. Foram depoimentos importantes. Houve quem relatasse que começou a escrever porque gostava de redação, ou porque era filha de professores e tinha a casa com muitos livros, ou porque lecionava matemática e não se realizava, ou porque até escrevia um pouco mas a criação dos filhos pequenos não permitia e que depois de mais idade se encontrou na escrita e foi até em programa de televisão, ou porque era motivada pelos professores e por aí vai.

Teve também nas respostas das questões sobre o motivo das escritas e também sobre o que poderia ajudar na escrita, alguém que falasse que quando o coração está “partido” pode se escrever para a pessoa amada, mesmo que imaginária, que se escreve sobre personagem espírita sem ser espírita, deixando claro que quase sempre os personagens não têm nada que se relacione com o autor. E entre as dicas, falas de que tudo que se escreve, mesmo em guardanapo pode ser guardado numa caixa para ser lido e até publicado posteriormente e que muitas vezes a pessoa irá se surpreender “será que eu mesmo escrevi assim tão bem?” e dica para usar palavras fáceis nas poesias porque assim flui bem melhor e também que devemos ler de tudo, porque só consegue escrever bem que tem o hábito da leitura .

Eu sou um observador de carteirinha e tudo para mim é um aprendizado e fiquei vendo as diferenças entres os mestres da escrita que ali estavam. Uns mais desenvoltos nas falas, outros mais tímidos, alguns com publicações rompendo fronteiras, outros ainda com pequenas publicações em coletâneas, mas de coração, eu digo que todos eles e elas têm a mesma importância e com certeza contribuem para uma vida melhor para quem faz a leitura de seus escritos. Todos escrevem e tudo é muito relativo. Há questões familiares, há questões que envolvem dinheiro e contato para as publicações e há aquilo que o grande Paulo Freire (que alguns desmiolados e ignorantes querem riscar do mapa) diz que "não existem conhecimentos melhores e sim diferentes".

Eu que ainda não escrevi e publiquei nada que não seja ligado a questões acadêmicas de minhas pesquisas fico sempre lembrando da extraordinária Cora Coralina que encanta com seus textos e que era doceira de profissão, e salvo engano, só teve seu primeiro livro publicado aos 76 anos e morreu aos 95 anos.    

E como toda a celebração de um ato bonito, estimulante e proveitoso acaba em comida e bebida, fomos saciados com um café suculento, com diversas guloseimas, que foi carinhosamente preparado pela diretora e a professora Maria do projeto. E por pessoas que talvez não estivessem por ali porque não as conheço, mas aqui no meu Blog elas aparecem que são a Aparecida Tavares Fontoura, Alice Oliveira, Martalena Morais, Loideni Maria Batista e Marli Valeriano de Almeida Cremer.

E para encerrar, mais uma vez quero parabenizar a direção do colégio pelo incentivo do projeto e para a estrela do evento a professora Maria Soares Sampaio Pasquini e a todas as estrelinhas de alunos e alunas que se envolveram no projeto, escreveram as cartinhas, fizeram os cartazes (alguns deles nas fotos), fizeram as perguntas e descobriram que tem gente muito viva escrevendo em Campo Mourão-Pr.