quinta-feira, 2 de novembro de 2017

PROJETO CELEIRO CULTURAL MOURÃOENSE - PROFESSORA MARIA SOARES SAMPAIO PASQUINI











































No dia 31/10/17,  tive o prazer de participar do encerramento do Projeto – Celeiro Cultural Mourãoense, de Língua Portuguesa, desenvolvido pela ousada professora Maria Soares Sampaio Pasquini e seus alunos de 6º e 7º ano, do Colégio Dr. Osvaldo Cruz, o qual tem como principal objetivo, divulgar a Literatura local.

Sou um defensor apaixonado da escola pública. 90% de meus estudos foram nela e atualmente sou servidor de uma universidade pública.

A escola pública é diariamente massacrada normalmente pelos desmandos do poder público, com raras exceções, mas também por membros da nossa sociedade que quase sempre critica sem analisar todos os lados. Cada crítica e ataque à escola pública que testemunho, sem análise de todos os ângulos é uma punhalada no meu coração.

O que acompanhei na última terça-feira foi simplesmente emocionante. E é a prova de que quando a sociedade pede a escola pública sempre está ali para mostrar sua força e o seu valor e que tem há belos educadores por aí.

De cara foi recepcionado por algumas alunas sorridentes que estavam ali para nos encaminhar.  Recebi a informação de que eram alunas do 7º ano B – período vespertino Carol, Ana, Júlia e Silvania. Uma delas inclusive, de forma organizada e simpática me apresentou as principais partes do Colégio.

Depois ao adentrar na sala onde já estavam quase todos lá, fui recepcionado pela companheira de tantas lutas a diretora professora Rosemere Scheffer Hundsdorfer, a professora autora do projeto Maria Soares Sampaio Pasquini e a professora Angelita Nascimento que depois teve a missão de controlar a euforia daqueles e daquelas adolescentes diante dos visitantes.

A abertura do evento foi naturalmente feita pela diretora do colégio, que agradeceu a presença dos visitantes e destacou o sucesso do projeto que mencionarei a seguir. Salientou que a iniciativa será ampliada e a notícia deixou os escritores e as escritoras felizes.

Talvez quem assistiu ao evento ou quem vai ver pelas fotos possa considerar que os escritores e as escritoras ali eram as estrelas do ambiente, mas com toda a admiração, carinho, apreço até um pouco de inveja rsrs que tenho deles e delas, com a devida vênia  (palavra da moda) penso que a estrela do ambiente era a professora Maria (na quarta foto está de azul) e nas cadeiras uma série de estrelinhas. Acredito que terei a compreensão, pois no final das contas com certeza, teremos mais leitores e leitoras das publicações mourãoenses  a partir de então.

Eu já havia ouvido falar do projeto pela professora e até conversei com ela, mas vê-la emocionada, contando a todos e a todas,  a origem do projeto e alguns desafios que enfrentou, foi muito gratificante.

Ela disse que certa ocasião levou os alunos e alunas na sala de informática para que pesquisassem sobre alguns nomes importantes da literatura. E eis que ela ouviu um menino meio subversivo contrariando as regras que falou mais ou menos assim para um colega “veio a professora fica mandando a gente só pesquisar coisas antigas de gente que já morreu”.

A professora Maria poderia na velha prática de destruir talentos, ter colocado o menino na linha e tê-lo criticado, mas ela aproveitou a ocasião para realizar algo que já tinha em mente. Evidente que a tanto a professora como todos nós que estávamos lá, sabemos que não existe autor morto de fato e que devemos ler de tudo, mas que sua ideia era muito boa.

E a partir de então começou a se mobilizar levando eles e elas para a biblioteca pública professor Egydio Martello. Lá, para os desavisados, há um espaço separado somente para obras publicadas em Campo Mourão e a ideia é que fossem escolhidas obras livremente e que a partir da escolha, após leitura, iriam escrever cartinhas para os escritores e escritoras mourãoenses e fazer o convite para a visita no colégio.

As leituras e as cartinhas foram feitas, mas a descrença da visita era quase total. E tinha ainda outro inconveniente. Quis o destino, que o menino subversivo ao escolher a obra sem nenhuma interferência, foi logo escolher uma de alguém de Campo Mourão que já morreu. Mais um obstáculo para a professora que tinha de convencer os visitantes a comparecerem no evento.

Ela insistiu na sua fala que se ninguém tivesse vindo o sucesso do projeto não teria sido alcançado.  Depois que ouvi de uma jornalista escritora, que blogueiro também pode ser considerado jornalista, tenho que ter mais cuidado e fidelidade nas minhas informações que publico e portanto, fui dar uma olhada no facebook da professora Maria e ela, depois do evento, ao agradecer as visitas escreveu assim “Esse projeto seria invisível aos olhos dos meus alunos. Pois, para eles, o escritor é um ser surreal e intocável. Pelo menos, era.Os alunos estavam gostando muito, mas não acreditavam que viriam escritores no colégio deles”.

Eis que para a felicidade da professora e da garotada apareceram  mais ou menos pela ordem da disposição da mesa para evitar esquecimento, os escritores e escritoras, João Maria de Lara, Sonia Ubelina de Oliveira Silveira, Ana Aparecida  Ceola Ribeiro, Luciana Demetke, Gilson Mendes de Góis, Max Moreno, Silvânia Maria Costa Carvalho, Silvia Novaes Fernandes, Fátima Saraiva, Prescila Alves Pereira (que eu não conhecia), Giselta Veiga, Cristina Schreiner Mota, Dalva Helena de Medeiros. Também o blogueiro – Sérgio Luiz Maybuk e os membros da AME – Associação Mourãoense de Escritores,  Francisco Otmar e Mara Cristina  Oliveira (esta, que se escrevesse o que pensa teria um belo público).

Depois da fala da professora todos os membros da mesa se apresentaram e a falaram um pouco de suas publicações e até eu fui obrigado a falar. Sou tímido e fora da minha praia (sala de aula) as coisas são meio difíceis para mim.

Na sequência foi o momento das perguntas que cada um e cada uma deveria fazer, se desejasse, para o escritor ou a escritora, e até sair a primeira, foi um dilema, mas depois foi um sucesso e no final a professora teve até que limitar por causa do horário.

Aí ficou uma delícia de ouvir, tanto para aqueles pequeninos, quanto para quem não é escritor. Foram depoimentos importantes. Houve quem relatasse que começou a escrever porque gostava de redação, ou porque era filha de professores e tinha a casa com muitos livros, ou porque lecionava matemática e não se realizava, ou porque até escrevia um pouco mas a criação dos filhos pequenos não permitia e que depois de mais idade se encontrou na escrita e foi até em programa de televisão, ou porque era motivada pelos professores e por aí vai.

Teve também nas respostas das questões sobre o motivo das escritas e também sobre o que poderia ajudar na escrita, alguém que falasse que quando o coração está “partido” pode se escrever para a pessoa amada, mesmo que imaginária, que se escreve sobre personagem espírita sem ser espírita, deixando claro que quase sempre os personagens não têm nada que se relacione com o autor. E entre as dicas, falas de que tudo que se escreve, mesmo em guardanapo pode ser guardado numa caixa para ser lido e até publicado posteriormente e que muitas vezes a pessoa irá se surpreender “será que eu mesmo escrevi assim tão bem?” e dica para usar palavras fáceis nas poesias porque assim flui bem melhor e também que devemos ler de tudo, porque só consegue escrever bem que tem o hábito da leitura .

Eu sou um observador de carteirinha e tudo para mim é um aprendizado e fiquei vendo as diferenças entres os mestres da escrita que ali estavam. Uns mais desenvoltos nas falas, outros mais tímidos, alguns com publicações rompendo fronteiras, outros ainda com pequenas publicações em coletâneas, mas de coração, eu digo que todos eles e elas têm a mesma importância e com certeza contribuem para uma vida melhor para quem faz a leitura de seus escritos. Todos escrevem e tudo é muito relativo. Há questões familiares, há questões que envolvem dinheiro e contato para as publicações e há aquilo que o grande Paulo Freire (que alguns desmiolados e ignorantes querem riscar do mapa) diz que "não existem conhecimentos melhores e sim diferentes".

Eu que ainda não escrevi e publiquei nada que não seja ligado a questões acadêmicas de minhas pesquisas fico sempre lembrando da extraordinária Cora Coralina que encanta com seus textos e que era doceira de profissão, e salvo engano, só teve seu primeiro livro publicado aos 76 anos e morreu aos 95 anos.    

E como toda a celebração de um ato bonito, estimulante e proveitoso acaba em comida e bebida, fomos saciados com um café suculento, com diversas guloseimas, que foi carinhosamente preparado pela diretora e a professora Maria do projeto. E por pessoas que talvez não estivessem por ali porque não as conheço, mas aqui no meu Blog elas aparecem que são a Aparecida Tavares Fontoura, Alice Oliveira, Martalena Morais, Loideni Maria Batista e Marli Valeriano de Almeida Cremer.

E para encerrar, mais uma vez quero parabenizar a direção do colégio pelo incentivo do projeto e para a estrela do evento a professora Maria Soares Sampaio Pasquini e a todas as estrelinhas de alunos e alunas que se envolveram no projeto, escreveram as cartinhas, fizeram os cartazes (alguns deles nas fotos), fizeram as perguntas e descobriram que tem gente muito viva escrevendo em Campo Mourão-Pr.

7 comentários:

  1. Parabéns pelo seu texto Prof. Maybuk! Muito bem escrito e completo, com detalhes! Essa iniciativas de projetos merecem ser valorizadas!

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    1. Muito obrigado professora Dalva. Suas palavras servem de incentivo para que eu melhore sempre.

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  2. Ana Aparecida Ceola Ribeiro.4 de novembro de 2017 às 18:26

    Maybuk, amo o seu trabalho. Texto magnífico, evento descrito com sensibilidade e com conteúdo marcante e oportuno. Parabéns!

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    1. Obrigado querida Ana Aparecida pelo carinho e pelas observações. As suas palavras são importantes para eu melhorar meu trabalho sempre.

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    2. Olá Maybuk, belíssimo texto! Obrigada pelo seu carinho. Gostei muito quando você menciona Paulo Freire, verdade, cada um tem o seu conhecimento. E é muito importante saber o que fazer com ele - Compartilhar ou engavetar.

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    3. Enquanto ao Projeto - Celeiro Cultural Mourãoense, foi um sonho que ficou engavetado por alguns anos, desde que iniciei o magistério. Graças a Deus saiu da gaveta e do papel. Ao ver os alunos eufóricos, e na semana seguinte pedindo as obras de alguns escritores para lerem, nossa, foi e está sendo muito gratificante.

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    4. Olá Maria Pasquini. Que bom que gostou do texto. Quando falou do carinho, escrevi com o coração tentando transformar em palavras a emoção que você estava demonstrando, também a emoção dos alunos e das alunas e de todos os convidados. Com certeza é preciso na medida do possível, compartilhar o conhecimento sempre. Que bom que você desengavetou o seu sonho, para o bem da nossa comunidade. Penso que quando tiver aqueles concursos públicos, de entidades públicas ou privadas, sobre inovações na educação, você deve inscrever seu projeto que terá grandes chances de ser contemplado. No mais, o Blog do Maybuk continua a disposição para publicação da sequência do projeto e outras ações importantes suas e de outros professores do seu colégio. Grande abraço.

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