sábado, 18 de novembro de 2017

PALESTRA SOBRE LITERATURA NEGRA, COM O PROFESSOR DR. DELTON FELIPE















Ontem 17/11/17 eu tive o prazer de assistir a palestra intitulada "LITERATURA NEGRA, NARRANDO OUTROS POSSÍVEIS E CONSTRUINDO NOVOS IMAGINÁRIOS" com o professor Doutor Delton Felipe.

O evento foi promovido pela Biblioteca Municipal professor Egydio Martello em parceria com a APP Sindicato que contou a presença do presidente Ironei de Oliveira e Unespar campus de Campo Mourão-Pr em que o professor Fábio Sexugi.

O objetivo do evento foi discutir obras literárias , em especial da literatura infantil brasileira que contenham a temática das relações étnicos-raciais em seu enredo.

O evento foi muito enriquecedor e emocionante.

Começou com uma belíssima e emocionante apresentação da poesia "me chamaram negra" de Victoria Santa Cruz (poeta coreógrafa, folclorista e estilista peruana) e na noite interpretada pela Luciana Demetke e Fátima Saraiva.

Na sequência, o professor Delton assumiu o comando demonstrando todo o seu conhecimento, de uma forma bem humorada, irônica, mas fundamentalmente indicando a necessária indignação que ele sente diante de uma sociedade ainda muito racista.

Ele segurou a plateia por um longo período, alternando coisas desagradáveis sentidas por ele na alma, com apresentações de literaturas infantis, que assim que eu tiver todos os nomes incluo na matéria. Algumas das obras esclarecendo e combatendo o racismo e tentando dar um novo horizonte  às crianças e outras, talvez até se intenção dos autores, que ao contrário intensificam o racismo.

Tratou das crianças negras,  especialmente as meninas que são impossibilitadas de sonhar em ser princesas porque raramente se encontram princesas negras na literatura.

Ressaltou que num grupo de jovens moças, as negras são as últimas a encontrarem namorado.  

Destacou uma notícia que eu tinha lido de manhã, que no atual momento de desemprego brutal que o Brasil está vivendo, 66% são negros, ou seja, de cada 3 desempregados, 2 são negros.

Ressaltou a quantidade de jovens negros que são assassinados todos os dias no Brasil.

Destacou que negro tem 100% de chance de ser revistado.

Destacou que em determinados ambientes, a começar pela universidade em que trabalha ele é um dos poucos negros.


Ele deu vários exemplos de atos que cometemos todos os dias e que são racistas, mesmo quando não percebemos. Ele arrancou várias risadas da plateia com exemplos que ele viveu e que transforma em riso, mas na minha opinião é uma forma de resistência. E no caso é muito mais fácil rir quando se é branco.

"Delton você é um negro inteligente". (os outros negros não são?)

"Nossa, quem te vê não saberia que faria tão bem" (como assim, me vê como?)

E dentre vários exemplos de prática de racismo, um deles foi até engraçado. Disse que chegou em determinada loja de perfumes e estava ali olhando um, olhando outro e percebeu que o segurança se movimentava olhando para ele. Aí fez um teste e começou andar pela loja toda e o segurança se virava sempre para ele. Aí, numa atitude inesperada, como alguém que num jantar dançante sai lá do outro lado e vai se achegando até encontrar encontrar naquela mesa a aquela pessoa linda e chega bem pertinho e diz: você está apaixonado por mim? A reação do segurança foi imediata achando aquilo um abuso e o Delton ainda disse, pela sua atitude desde que entrei na loja, ou é paixão ou é racismo.

A palestra foi um prazer longo, demorado, que valeu a pena. Afinal, tais momentos são imperdíveis e necessários para nosso ser, como eu comentava com uma amiga depois depois da palestra.     

2 comentários:

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