quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

ANÁLISE DO LIVRO CAMPO MOURÃO: A CONSTRUÇÃO DE UMA CIDADE




 




  
Aos poucos fui lendo e hoje terminei o livro de 459 páginas - Campo Mourão: a construção de uma cidade, do autor de mais de uma dezena de livros, o imortal  Jair Elias dos Santos Junior. Demorei porque era necessário viver cada página lida e apreciar cada foto ali estampada.

O livro que é de um membro da Academia Mourãoense de Letras, teve a revisão de três imortais da AML, Cida Freitas, Dirce Bortotti Salvadori e Sinclair Pozza Casemiro e ainda o prefácio de mais um imortal Sid Sauer.

O trabalho de pesquisa teve pesquisadores assistentes (futuros escritores), André Luiz Alves, Austin de Assis Andrade, Mateus Rodrigues  Gozer, Pedro Henrique Caires de Almeida, Tiago Valenciano Previato Amaral e William Moser Evangelista de Souza.

Outros profissionais e/ou empreendimentos foram envolvidos, tais como: Moai Comunicação (Projeto Gráfico), Patrick Rocha (Desenhos), MIDIAGRAF (Impressão) e André Felipe Pereira Martins (Apoio)   

A quantidade de conteúdo e a qualidade da obra, necessitou  da busca de patrocínios, para baratear o custo de venda e permitir que mais leitores e leitoras tivessem acesso. Assim contribuíram como Parceiros: Marcovic Loteamentos, Coamo Agroindustrial Cooperativa, Centro Universitário Integrado, 100,9 Musical FM, Mercedes Benz – Paraná Diesel, ACICAM, Centro de Diagnósticos Dr Marcos Corpa, Noma Motors, SINDISCAM, Tasabendo.com, Harbor Inn Santa Maria, New Óptica, Restaurante A Varanda, Paraná Palace Hotel, Antonio José Moda Masculina, UNIMED, Bisi Contabilidade, Colégio Adventista, Gouveia – Óculos, Jóias e Relógios, CDL, Monalisa Imóveis, Riviera Veículos, Casali Pedreira, Paraná Supermercados, Hannel Madeiras, Midiograf, Sindicato Rural, Retífica Paraná e Casa Nova materiais de construção.

A obra na sua primeira parte, é uma verdadeira aula de história sobre o Paraná, lembrando que no início, existiam poucos municípios constituídos legalmente e a imensa maioria dos municípios paranaenses pertenceram a outros e Campo Mourão não foi diferente.

Quando a obra trata dos índios que habitavam no Paraná e especificamente sobre Campo Mourão e região, há um destaque ao Capítão Indio Bandeira (nome da avenida principal da cidade), que intermediou várias situações de conflitos entre índios e não índios.  

Eu sempre falo com meus alunos que quando vamos assistir um filme de “época” ou ler um livro de história, precisamos adentrar neles e tentar vivenciar os acontecimentos. E foi exatamente isso que fiz ao ver relatado ali a presença em certa ocasião da visita de Dom Pedro II no Paraná, o início da colonização, as expedições  em busca dos “Campos de Mourão”.

Ali precisaríamos nós todos, reverenciarmos a memória dos primeiros desbravadores, as dificuldades mil que enfrentaram, total falta de condições adequadas de sobrevivência e até de segurança física, expostos a todo tipo de perigo. Destacar a importância dos primeiros agrimensores, engenheiros, líderes de tropa, homens como Edmundo Mercer e Coelho Junior  e especialmente as famílias que tiveram a coragem de chegar em Campo Mourão e ficar.

Imaginar a construção das primeiras estradas, por exemplo, sem máquinas e equipamentos que temos atualmente.

O livro trata de situações que eu jamais imaginei, como, por exemplo, o escritor suíço que esteve por estas bandas e fez o seu relato.

O caso do famoso nazista que teria morado por aqui clandestinamente em certo período.

O caso do grande especialista em saúde que foi praticamente expulso de Campo Mourão por ser chamado de comunista e que depois fez trabalhos belíssimos em São Paulo e até fora do país. Aliás, quando li essa passagem, fiquei pensando como é que em 2018, idiotices como essas ainda prosperam por aqui.  

A rivalidade entre Campo Mourão e a vizinha e querida Peabiru. Quem iria imaginar que a última receberia um órgão governamental ligado ao café, o que era de grande valia na época e a primeira uma agência do Banco do Brasil como prêmio de consolação. Considerando que a geada negra de 1975 acabou com todo o café paranaense, dá para imaginar a mudança de rumo na economia nas duas cidades.

E até algo difícil de conceber em 2018 de que aqui havia empresas aéreas possibilitando transporte diário aos moradores ilustres que poderiam pagar.  

A obra trata da vinda dos imigrantes com todas as suas dificuldades, inclusive da língua para se comunicar, os europeus eram mais comuns, depois apareceram também para engrandecer nossa terra os japoneses e sua cultura totalmente diferenciada.

Trata também da luta incansável e difícil pela emancipação do município para que tivesse o mínimo de retorno por parte do Estado, em troca dos impostos que pagava.

Há destaque para os momentos de violência pela disputa das terras, uma história de tiros, sangue e morte como o próprio autor intitula uma das partes.

Há destaque de algumas tragédias ocorridas na cidade (intempéries da natureza, acidentes automobilísticos e até assassinatos) e casos engraçados que toda cidade propicia.   

É muito interessante acompanhar com os olhos e a mente para cada momento da história destacado pelo autor, como se estivéssemos lá para sentir cada conquista e uma diminuição de dificuldade da população, a vinda de um médico, um juiz,  a instalação de um hospital, energia elétrica, água, uma escola, uma instituição de ensino superior etc.  

Há todo um detalhamento indicando todos os mandatários e a única mandatária até o momento na cidade.
A obra mostra com relatos e fotos, muitos projetos que foram idealizados pela população e que existem até hoje, outros que foram sucesso até determinada época e ficaram na saudade e muitos inclusive que nunca se realizaram. Mas o que chama a atenção e que devemos valorizar, é o empenho de homens e mulheres que juntos com os mesmos propósitos produzem realizações incríveis.  

Cada leitor e leitora, dependendo da idade e do tempo que mora em Campo Mourão vai ter reações diferentes. Eu tenho 50 anos e embora tenha nascido aqui, moro na cidade há apenas 24 anos. Até uma parte do livro fiquei vendo nomes que vejo pelas placas de ruas e de parentes dos mesmos que conheço. E de situações que havia ouvido falar. Depois relatos de nomes de pessoas que conheço ou conheci e de situações que não testemunhei e em dado momento estava eu, lembrando que tal fato acompanhei de perto e alguns eu até estava lá. Portanto uma experiência imperdível.

O autor, que eu conheço bem, é talentoso e polido. Tem como lhe é de direito sua linha política e ideológica, mas conseguiu retratar a importância de cada político à sua época sem errar a mão. É evidente que alguma situação ou fato importante tenha ficado de fora pela ótica do leitor ou leitora e se outro historiador ou historiada tivesse escrito, daria mais ênfase para uma coisa ou menos para outra, mas sem dúvida o trabalho de pesquisa e a obra toda é um primor.   

Meu amigo professor doutor Paulo Roberto Santana Borges, que deu sua última aula na Unespar campus Campo Mourão recentemente, e que vai gozar o direito à aposentadoria, tem um pensamento interessante sobre se comprometer com uma localidade.  Na época em que foi meu professor, dizia para os alunos que quando você se muda para uma cidade, precisa por obrigação moral e para se comprometer com a localidade, fazer primeiro a transferência do título de eleitor, depois se por acaso tiver carro, transferir a placa para ela. No caso de Campo Mourão, particularmente, todo aquele e aquela que exerce um cargo importante na cidade na esfera pública ou privada, até mesmo padres, bispo e pastores evangélicos e que lidam diariamente com mourãoenses, deveriam, além dos dois itens anteriores,  também conhecer toda a trajetória da cidade e uma excelente dica, é adquirir e ler o livro aqui analisado.         

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