quinta-feira, 8 de março de 2018

REFLEXÕES SOBRE O MUNDO DAS MULHERES NO BRASIL



A cada início de março, começo a ficar angustiado. Lá vem o dia internacional das mulheres. Escrever ou não escrever, eis a questão. Comemorar tem várias conotações e chamar à reflexão é uma delas. Vou tratar primeiramente das várias formas em que elas foram ou são violentadas (considerando os dois últimos anos que foram terríveis), depois trato da pouca representatividade delas no Brasil e finalmente trato das infinitas qualidades que elas apresentam. 

Apesar de certos avanços, parte significativa delas  ainda continua sendo violentada pelo machismo, outras violentadas sexualmente pelos próprios “companheiros”e outras ainda, violentadas porque são agredidas verbalmente ou  fisicamente pelos próprios “companheiros”.

Parte delas é violentada economicamente, porque executam trabalhos da mesma forma ou até melhor que os homens, mas em média ganham menos, salientando que as da raça negra são ainda mais discriminadas. E agora com a aprovação da criminosa reforma trabalhista e o tal do trabalho intermitente, a diferença vai se acentuar, infelizmente.

Um grupo delas é violentado, porque em média estudam mais que os homens e mesmo assim, criam-se obstáculos para que elas  assumam funções de liderança e de alto escalão nas empresas públicas e privadas e sofrem, porque em vários casos quando assumem funções, precisam suportar as insinuações de todo o tipo.

Outro grupo delas pode ser, ainda mais violentado, se a reforma criminosa da previdência (no momento,  aparentemente derrotada) for aprovada. Atualmente por terem carga dobrada, especialmente as mães, se desdobram nos afazeres domésticos e no campo profissional, elas têm o direito de se aposentarem  mais cedo que os homens, mas na proposta indecente querem igualar as idades.  

Aqui no Paraná, parte delas foram violentadas no dia 29 de abril de 2015, quando muitas servidoras públicas, ampla maioria composta de professoras foram covardemente atacadas com bombas de efeito “moral” vindas até de helicóptero, balas de borracha, spray de pimenta,  cacetetes e todo tipo de constrangimento e dor.

No Brasil, em 2015 a presidente Dilma foi violentada no início do golpe travestido de legalidade, por obra primeira, do bandido Eduardo Cunha atualmente preso. Praticamente a mesma maioria de deputados (alguns que até quase espumavam de ódio e usando palavras machistas e preconceituosas) a arrancaram do governo por um “crime” de  manobra contábil. Meses depois do golpista  Temer assumir, aprovaram a mesma manobra para ele e pior ainda, sabe-se lá a que preço, livraram o Temerário da investigação de corrupção, mesmo após gravação com a voz do dito cujo e mala de dinheiro do seu assessor paranaense. O Senado foi um pouco mais decente e não cassou os direitos políticos dela e segundo pesquisa de outubro, ela  liderava pesquisa para o Senado de Minas Gerais, terra do baladeiro Aécio Neves.       

Aqui no Paraná, bem recentemente professoras do regime temporário pelo PSS foram violentadas quando covardemente tiveram redução de seus salários. E professoras universitárias, professoras da rede básica de educação,  e demais servidoras públicas estão sendo violentadas economicamente, quando deixaram de ter a correção da inflação (direito constitucional) em seus salários há mais de dois anos.

Parte delas ainda é violentada, quando perdem seus filhos pelo álcool, drogas e pela violência em geral. Há ainda, mulheres que perdem seus filhos,  por tragédias em acidentes ou doenças e que têm os corações dilacerados de dor e saudade, mas como a fênix da mitologia grega saem das cinzas e retomam suas vidas com força e dignidade.

Sobre a representatividade das mulheres, apesar de serem maioria no Brasil ainda são pouco representadas nos lugares onde deviam. No “governo” federal atual,  que assumiu após o golpe, 90,0% dos cargos são compostos de homens brancos. No senado de 81 representantes, apenas 13 são mulheres, na câmara federal de 513, apenas 45 são mulheres e na assembléia legislativa do Paraná, de 54, apenas são 4 mulheres.

No STF dos 11 Ministros apenas 2 são mulheres, no STJ dos 33 apenas 6 são mulheres e no TJ do Paraná dos 120 desembargadores apenas 17 são mulheres. E fora do legislativo e do judiciário não é muito diferente, basta ver a ampla maioria das composições de mesas de autoridades em qualquer área, para ver o universo masculino e de brancos prevalecer.

Apesar de tudo isso, penso que vale a pena lutar para que todas estas violências citadas sejam diminuídas. A maioria absoluta das mulheres, é dotada de uma beleza imensa, não a externa que não é crime ter e que um dia desaparece, me refiro a beleza interna delas.

A forma responsável, comprometida e delicada de atuarem no mundo do trabalho independente de onde atuem. Elas fazem a diferença, preocupam-se com os detalhes, procuram evitar o erro, assumem a responsabilidade sem utilizarem de subterfúgios.

Existem várias formas de beleza e generosidade, como por exemplo, o ato de amamentar, de como elas alimentam e cuidam das criancinhas, como cuidam dos idosos,  dos animais e de  doentes, especialmente quando não recebem remuneração. Raramente um homem cuida de um ente querido doente, quase sempre sobra para as mulheres.

O jeito de enfrentarem as diversidades mostra que as mulheres são infinitamente mais fortes que os homens, é só prestar atenção. Não há beleza e generosidade maior que ver uma mulher abandonada pelo “macho”, com vários filhos, lutar para criar um a um com dignidade. Há as que não têm filhos e que muitas vezes fazem trabalhos sociais maravilhosos que beneficiam dezenas de crianças.   Há as irmãs religiosas que vivem se doando a outras pessoas. Há também as mulheres que dedicam parte de seu tempo para abrir espaços para a cultura, arte, poesia, prosa, como fazem muito bem, por exemplo, as mulheres filiadas à AME – Associação Mourãoense de Escritores, por meio dos Saraus mensais e outras ações, que ajudam a aliviar a alma e fortalecer o espírito para o embate da vida.  

Eu poderia nominar várias mulheres que eu admiro,  é complicado citar nomes, mas  quero dedicar esse dia a todas as mulheres da minha família e as que estão sempre próximas de mim, também as mulheres do meu espaço de trabalho, a querida Unespar e tantas outras, que no dia a dia, lutam e combatem o bom combate, contra todo o tipo de injustiças no mundo do trabalho e fora dele.

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