A cada início de março, começo a
ficar angustiado. Lá vem o dia internacional das mulheres. Escrever ou não
escrever, eis a questão. Comemorar tem várias conotações e chamar à reflexão é
uma delas. Vou tratar primeiramente das várias formas em que elas foram ou são
violentadas (considerando os dois últimos anos que foram terríveis), depois
trato da pouca representatividade delas no Brasil e finalmente trato das
infinitas qualidades que elas apresentam.
Apesar de certos avanços, parte
significativa delas ainda continua sendo
violentada pelo machismo, outras violentadas sexualmente pelos próprios
“companheiros”e outras ainda, violentadas porque são agredidas verbalmente
ou fisicamente pelos próprios “companheiros”.
Parte delas é violentada
economicamente, porque executam trabalhos da mesma forma ou até melhor que os
homens, mas em média ganham menos, salientando que as da raça negra são ainda
mais discriminadas. E agora com a aprovação da criminosa reforma trabalhista e o tal do trabalho intermitente, a
diferença vai se acentuar, infelizmente.
Um grupo delas é violentado,
porque em média estudam mais que os homens e mesmo assim, criam-se obstáculos para
que elas assumam funções de liderança e
de alto escalão nas empresas públicas e privadas e sofrem, porque em vários
casos quando assumem funções, precisam suportar as insinuações de todo o tipo.
Outro grupo delas pode ser, ainda
mais violentado, se a reforma criminosa da previdência (no momento, aparentemente derrotada) for aprovada.
Atualmente por terem carga dobrada, especialmente as mães, se desdobram nos
afazeres domésticos e no campo profissional, elas têm o direito de se
aposentarem mais cedo que os homens, mas
na proposta indecente querem igualar as idades.
Aqui no Paraná, parte delas foram
violentadas no dia 29 de abril de 2015, quando muitas servidoras públicas,
ampla maioria composta de professoras foram covardemente atacadas com bombas de
efeito “moral” vindas até de helicóptero, balas de borracha, spray de pimenta, cacetetes e todo tipo de constrangimento e dor.
No Brasil, em 2015 a presidente
Dilma foi violentada no início do golpe travestido de legalidade, por obra
primeira, do bandido Eduardo Cunha atualmente preso. Praticamente a mesma
maioria de deputados (alguns que até quase espumavam de ódio e usando palavras
machistas e preconceituosas) a arrancaram do governo por um “crime” de manobra contábil. Meses depois do golpista Temer assumir, aprovaram a mesma manobra para
ele e pior ainda, sabe-se lá a que preço, livraram o Temerário da investigação
de corrupção, mesmo após gravação com a voz do dito cujo e mala de dinheiro do
seu assessor paranaense. O Senado foi um pouco mais decente e não cassou os
direitos políticos dela e segundo pesquisa de outubro, ela liderava pesquisa para o Senado de Minas
Gerais, terra do baladeiro Aécio Neves.
Aqui no Paraná, bem recentemente
professoras do regime temporário pelo PSS foram violentadas quando covardemente
tiveram redução de seus salários. E professoras universitárias, professoras da
rede básica de educação, e demais
servidoras públicas estão sendo violentadas economicamente, quando deixaram de
ter a correção da inflação (direito constitucional) em seus salários há mais de
dois anos.
Parte delas ainda é violentada,
quando perdem seus filhos pelo álcool, drogas e pela violência em geral. Há
ainda, mulheres que perdem seus filhos, por tragédias em acidentes ou doenças e que
têm os corações dilacerados de dor e saudade, mas como a fênix da mitologia
grega saem das cinzas e retomam suas vidas com força e dignidade.
Sobre a representatividade das
mulheres, apesar de serem maioria no Brasil ainda são pouco representadas nos
lugares onde deviam. No “governo” federal atual, que assumiu após o golpe, 90,0% dos cargos são
compostos de homens brancos. No senado de 81 representantes, apenas 13 são
mulheres, na câmara federal de 513, apenas 45 são mulheres e na assembléia
legislativa do Paraná, de 54, apenas são 4 mulheres.
No STF dos 11 Ministros apenas 2
são mulheres, no STJ dos 33 apenas 6 são mulheres e no TJ do Paraná dos 120
desembargadores apenas 17 são mulheres. E fora do legislativo e do judiciário
não é muito diferente, basta ver a ampla maioria das composições de mesas de
autoridades em qualquer área, para ver o universo masculino e de brancos
prevalecer.
Apesar de tudo isso, penso que
vale a pena lutar para que todas estas violências citadas sejam
diminuídas. A maioria absoluta das mulheres, é dotada de uma beleza imensa,
não a externa que não é crime ter e que um dia desaparece, me refiro a beleza
interna delas.
A forma responsável, comprometida
e delicada de atuarem no mundo do trabalho independente de onde atuem. Elas
fazem a diferença, preocupam-se com os detalhes, procuram evitar o erro,
assumem a responsabilidade sem utilizarem de subterfúgios.
Existem várias formas de beleza e
generosidade, como por exemplo, o ato de amamentar, de como elas alimentam e
cuidam das criancinhas, como cuidam dos idosos,
dos animais e de doentes,
especialmente quando não recebem remuneração. Raramente um homem cuida de um
ente querido doente, quase sempre sobra para as mulheres.
O jeito de enfrentarem as
diversidades mostra que as mulheres são infinitamente mais fortes que os
homens, é só prestar atenção. Não há beleza e generosidade maior que ver uma
mulher abandonada pelo “macho”, com vários filhos, lutar para criar um a um com
dignidade. Há as que não têm filhos e que muitas vezes fazem trabalhos sociais
maravilhosos que beneficiam dezenas de crianças. Há as irmãs religiosas que vivem se doando a
outras pessoas. Há também as mulheres que dedicam parte de seu tempo para abrir
espaços para a cultura, arte, poesia, prosa, como fazem muito bem, por exemplo,
as mulheres filiadas à AME – Associação Mourãoense de Escritores, por meio dos
Saraus mensais e outras ações, que ajudam a aliviar a alma e fortalecer o
espírito para o embate da vida.
Eu poderia nominar várias
mulheres que eu admiro, é complicado
citar nomes, mas quero dedicar esse dia
a todas as mulheres da minha família e as que estão sempre próximas de mim, também
as mulheres do meu espaço de trabalho, a querida Unespar e tantas outras, que no
dia a dia, lutam e combatem o bom combate, contra todo o tipo de injustiças no
mundo do trabalho e fora dele.
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