quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A ECONOMIA VIROU UM CASSINO NOS EUA

Tive acesso ao artigo de autoria do economista Michael Hudson ex-economista de Wall Street "O resgate de todos os resgates: golpe de Estado cleptocrata nos EUA" CLIQUE AQUI para ver artigo, publicado no site Agência Carta Maior de leitura obrigatória principalmente para quem só tem o hábito de ler a revista Veja .O artigo deve ser lido por todas as pessoas que são contra ao enriquecimento ilícito. Por todos os economistas e contadores e acadêmicos dessas áreas, para que vejam que a ética é fundamental no uso dessas duas ciências. O artigo também pode contribuir para o debate permanente entre liberalismo econômico e intervencionismo. E penso que deveria fazer parte do debate de qualquer área acadêmica, pois é o rumo do capitalismo que está em jogo.
Eu sou um economista radicalmente contrário ao liberalismo econômico, pois este na minha opinião gera concentração de renda e miséria e favorece às pessoas inteligentes e inescrupulosas como pode ser visto no artigo citado acima. Sou também contra o Estado totalitário pois este inibe a iniacitiva privada e a criatividade. Sou totalmente a favor do Estado que faz política de redistribuição de renda para corrigir distorções econômicas e sociais e penso que a regulação financeira pelo Estado é fundamental, pois é exatamente aí que as "maracutaias" acontecem com mais frequência. Governo ruim a gente troca por meio do voto, pessoas atuando no mundo financeiro de maneira inescrupolosa e sem nenhum tipo de controle agem sem nenhuma punição e lá nos EUA suas falcatruas são pagas com dinheiro público.
O artigo acima citado retrata a transferência de recursos públicos para salvar bancos e executivos que agem de má fé. Até agora já foram 90 bilhões de dólares, mas ontem vi pelos jornais a noite que estão pedindo ao Congresso americano mais 700 bilhoões de dólares para salvar especuladores.
Quero fazer uma ressalva de que não sou contra Bolsa de Valores, inclusive tenho ações da Vale e da Petrobrás, porque considero duas empresas sérias e produtivas. Ocorre que muitas operações das Bolsas no mundo fugiram de sua função original. Bolsa de Valores surgiram para atuarem como intermediadoras financeiras. A empresa abre seu negócio em ações para obter recursos sem que tenha que pagar juros, o investidor em ações compra as ações da empresa, esta utiliza os recursos oriundos dos acinonistas e aplica na produção. A cada ano a empresa remunera os acionistas com dividendos de acordo com a lucratividade da empresa. Além disso, a empresa por meio de balanços contábeis verdadeiros, comprova seu crescimento e as ações sobem, ao contrário por meio de balanços verdadeiros, comprova suas quedas e as ações caem. Isto é um jogo de risco, mas risco calculado e de acordo com a realidade da produção de bens e serviços em maior ou menor quantidade e boa ou má administração e gerenciamento das empresas.
Nos EUA, executivos de grandes empresas, utilizam-se de balanços contábeis mentirosos para tentar mostrar uma situação diferente do que está acontecendo na realidade. Alguns executivos foram demitidos porque não quiseram produzir os "lucros" da mesma forma que outras empresas "obtiveram", isto é, não se submeteram a produzir balanços mentirosos.
Outra coisa que está acontecendo é que não há qualquer tipo de controle na economia financeira americana. Segundo o autor do artigo, o que há é o paraiso friedmaniano (uma referência ao ultra liberal Milton Friedman que influenciou outros liberais a dizer que a economia não precisa de nenhuma intervenção do governo). No mercado imobiliário americano muitos bancos fizeram empréstimos para financiamento habitacionais, enquanto operadores de bolsa criaram uma série de movimentações irreais na bolsa e supervalorizaram os títulos, as prestações ficaram muito altas, a maioria não pagou e o governo que teve financiamento de campanha financiado por especuladores, então salva banco da falência, para não "quebrar" o sistema, na realidade para não quebrar banqueiros especuladores.
Este cassino econômico que virou a economia americana, não produz bens e serviços como no capitalistmo industrial. É na realidade um produto da chamada "mão invisível" do liberalismo econômico que produziu fraude contábil, empréstimo hipotecário podre, informações privilegiadas e fracasso no controle dos crescentes gastos da dívida. Agora estão pedindo mais 700 bilhões de dólares ao congresso para que esta brincadeira de mal gosto continue. O congresso americano ainda está fazendo um joguinho de cena, mas provavelmente aprovará pois tanto republicanos quanto democratas tiveram financiamento de campanha feito boa parte por investidores da bolsa.
Em 1997 na chamada crise asiática, houve alguma coisa parecida no mercado imobiliário de lá. Para efeito de comparação, imagine um determinado condomínio com algumas dezenas de apartamentos que possui um determinado valor. Naquela época, por movimentações de especuladores na bolsa, as ações de empreiteiras de alguns destes condomínios foram inflacionando a tal ponto que a soma das ações de determinado empreendimento que a título de exemplo: o valor de um prédio de algumas dezenas de apartamentos tinha o valor de uma Itaipu binacional. Quando os primeiros espertos especuladores perceberam issso foram vendendo suas ações e desencadeou uma das piores crises financeiras no mundo.
Um outro exemplo aconteceu no Brasil, que no período FHC não houve um acompanhamento sério nas instituições financeiras e muitos bancos estavam quebrando e o governo federal daquela época criou o tal de PROER para salvar os bancos. Socializou-se os prejuizos, salvaram os bancos e alguns ex-banqueiros devem estar rindo até hoje. Depois daquele episódio, o Banco Central e o Sistema Financeiro Nacional aqui no Brasil ficaram muito mais rigorosos, não são perfeitos mas estão entre os mais aparelhados do mundo.
De qualquer forma, o Presidente LULA está certo quando diz que quem quer ganhar dinheiro que aplique na produção e gere empregos e renda. O Presidente também está certo em dizer que muitos destes bancos que estão quebrando lá no momento, eram os mesmos que queriam ensinar como o Brasil e países do terceiro mundo deveriam conduzir suas economias. O Presidente também está certo quando diz que nossa economia está sendo pouco afetada. É claro que com os EUA quebrando, teremos problemas para o futuro, mas bem menos se fosse em outros tempos. Hoje o Brasil comercializa com muitos países e depende menos dos EUA, não devemos mais para o FMI . Temos reserva histórica e um BNDES forte que poderá financiar boa parte de nossas grandes empresas se estas precisarem.
O importante nisso tudo é que eu sou cada vez mais contrário ao liberalismo econômico e cada vez mais firme nas minhas convicções. O tema é polêmico e este blog está aí para aqueles que concordam ou não concordam com minhas posições.

7 comentários:

  1. Nada que desabone este seu artigo, pelo contrário muito didático e informativo da realidade financeira. Parabens.

    Ivonete

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  2. O que me espanta nessa história toda é o cinismo da maioria dos economistas e articulistas da mídia que gritaram durante 30 anos contra a presença do Estado na economia, que o Estado tinha que ser mínimo, que até os governos deveriam ser privados e que as leis de mercado cuidariam por si só de trazer o bem estar e o desenvolvimento econômico à sociedade. De repente basta uma quebra de banca no cassino e abra-cadabra!: a ação do Estado agora é fundamental e indispensável. Foi assim em 29 e a história se repete: quem já tem grana sobrevive bem a ponto de cometer mais desatinos financeiros quando a poeira baixar e quem realmente sofre é o trabalhador que vai perder seu emprego, é o proprietário do imóvel que vai perdê-lo porque foi enganado na hora de fazer a hipoteca, é o habitante do terceiro mundo que corre o risco de virar mais terceiro mundo ainda, por causa de uma recessão mundial. E o Estado que se vire prá limpar a sujeira!

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  3. Em tempo: é possível que o projeto de ajuda do governo americano também não passe no Senado ou passe com muitas modificações. Mas é até bom que não passe mesmo. Uma ajuda do governo aos especuladores, comprando seus títulos podres só iria transferir renda dos contribuintes para os pobres coitatos dos especuladores. Estes, com certeza não iram devolver o dinheiro na forma de consumo e, portanto, de impostos. Iriam investir em outras coisas. Seriam 700 bi totalmente perdidos.

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  4. Em tempo 2, a missão: Pergunta que não quer calar: se falam tanto que o socialismo é um sistema que não presta, porque fracassou enormemente em 89, o que dizer de um sistema que dizem que é capitalismo e que levou o mundo todo a um engodo chamado globalização e transformou o sistema econômico num imenso bingão? Ou não é uma admissão de fracasso a utilização de um termo como "economia real" para se referir ao que realmente importa, que é a produção, pressupondo que exista uma economia de fantasia? Ou não é fracasso quando verificamos que existem em circulação US$ 600 TRI em forma de papel e contra um PIB mundial de 10% disso?

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  5. Isso que está acontecendo com a economia dos EUA mostra claramente o que nós, estudantes de economia, aprendemos todos os dias na sala de aula, que tem que haver o equilíbrio para dar certo.
    O liberalismo pode ser muito bom, mas não para a época de hoje; já o intervencionismo, não tem espaço na moderna economia. Daí a necessidade de um pingo de intervenção com uma pitada de liberalismo.
    Adeptos do extremo liberalismo, os EUA nos dá agora o bom exemplo da sua funcionalidade...Qual será a próxima grande jogada dos norte americanos...

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  6. É alarmate ver a crise que esta ocorrendo nos EUA, pois essa crise vai, ou melhor, ja esta afetando o mundo todo. É preciso que o nosso país esteja preparado para o impacto da crise pois é obvio que os paises subdesenvolvidos sentirão a crise mais que os outros.
    ass: joao paulo delapria

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  7. Ao analisarmos o contexto mundial vemos a evidente crise que ele esta passando. tendo como centro os EUA. e fato que o mundo tudo esta alarmado afinal apotencia mundial esta passando por uma resseçao economica.
    ELIANE BENFICA 2 ANO

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