O Blog do Maybuk criado em 2008 por meio de seu editor professor Sérgio Luiz Maybuk, sempre que possível faz a análise de obras literárias de autores/as da região de Campo Mourão-PR e em especial de membros da AME - Associação Mourãoense de Escritores.
Na publicação de hoje será feita a análise da Obra Póstuma de João Lessa “PELAS FRESTAS A LIBERDADE - PELOS OLHOS DE UM MENINO”. Ressaltando que o autor residiu em Nova Cantu-PR e Roncador-PR e estudou Geografia na então Fecilcam, atual Unespar campus de Campo Mourão e foi várias vezes premiado no Varal de Poesias do Curso de Letras da referida instituição.
Segue a análise da obra feita pelo editor do Blog, professor Sérgio Luiz Maybuk:
Quem não conheceu o autor vai se encantar com a obra, se deliciar com o texto que mostra muito conhecimento, fatos históricos, ironia, irreverência, emoção, tristeza mas fundamentalmente esperança.
Quem conheceu o autor, conviveu com ele e foi amigo, como no meu caso, vai testemunhar tudo isso, mas vai sentir acelerar o coração. Confesso que ao tirar o plástico da obra, tive uma forte dor no peito, uma ansiedade incrível, um misto de tristeza, saudade, alegria, uma sensação muito estranha, juro que parecia que o danado do João estava do meu lado. Não foi fácil iniciar a leitura.
A obra póstuma foi organizada pela filha do autor, a Ana Flavia Gonçalves Lessa. Correção feita pelo professor Luiz Carlos Paixão da Rocha e o texto com referências ao autor , feito pela eterna professora e atualmente empresária, Luzia de Fátima Gonçalves e que teve a felicidade de ter duas lindas filhas com o autor, Rita Virgínia e Ana Flavia.
A Ana Flavia merece todos nossos parabéns pela brilhante ideia e coragem da iniciativa de publicar a obra. E nós leitores o agradecimento pelo prazer que sentimos na leitura. A linda introdução escrita por ela (Filha de peixe, peixinho é), não é outra coisa, é uma bela poesia e ainda quero ver outros escritos dela. Dentre outras frases escreveu: Este livro foi escrito por ele, mas guardado em silêncio desde sua partida em 2001, como sementes germinando, esperando a hora certa de tocar a luz... Agora com o coração mais sereno e os olhos mais maduros... (Lindo isso, Ana).
Sempre afirmo em minhas análises de obras que cada leitor/a tem sua própria visão e algumas vezes vão concordar comigo, outras não.
No capítulo I, há um momento de um discurso empolgado, mas vazio na visão do menino com seu aguçado olhar e direcionado para outros pensamentos.
No capítulo II, o corpo do menino está dentro da igreja, mas a cabeça longe dali (qual menino ou menina já não passou por isso?). De uma forma magistral que só a literatura é capaz de produzir, há um delicioso diálogo entre o menino, seu coração e sua alma e o tema era Deus. Há a vontade de sair correndo da igreja e curtir os prazeres da natureza. E um deboche (a cara do Lessa, nos tempos em que o politicamente correto não incomodava tanto) da mulher ranzinza e no final como um brinde a quem lê , uma bela poesia.
No capítulo III, a brincadeira das crianças e a repreensão dos adultos que na real, gostariam de fazer o mesmo.
No capítulo IV, os diversos julgamentos em cima do menino intitulado pelo autor, como “Pardo”.
No capítulo V, de muita reflexão. É roubo aquilo que é para matar a fome? Quem realmente é dono, quem atesta a propriedade?A Lei e quem cria a Lei? E uma bela poesia de arremate. Nesse capítulo para quem não conheceu o autor, é uma bela amostra de como ele pensava.
No capítulo VI, a primeira aparição do “Chico Sabino”, trata de ideais, humildade, amor, de força sobrenatural, o impacto da propriedade privada na natureza, ganância, e brinda leitores/as com duas poesias.
No capítulo VII, há um diálogo muito interessante entre duas pessoas em forma de poesias (só um grande poeta é capaz da ousadia).
No capítulo VIII, é de tirar o fôlego e arrancar lágrimas. Trata de orgulho, prepotência, pressa, paciência. É uma aula de Brasil, dos crimes cometidos contra indígenas, negros e uma das mais vergonhosas passagens de nossa história, a covarde guerra contra o Paraguai e a tentativa canalha do “embranquecimento” da população. O capítulo é tão bom que pode ser apreciado só pelos textos ou só pelas poesias.
No capítulo IX, retrata na prática, os famosos ditados “companheiro é companheiro” e “dois pesos e duas medidas” que pode tirar a pessoa do sério e praticar o que não deve.
No capítulo X, pode ser apreciado o bom conselho.
No capítulo XI, a sabedoria da diretora e no final a bela poesia.
No capítulo XII, trata de confiança, problemas da cidade, safadezas de políticos e pessoas comuns, com projetos mirabolantes para problemas de fácil resolução, que qualquer pessoa da população encontraria soluções mais fáceis. O autor ainda conta uma história/fábula conhecida para exemplificar e de conclusão apresenta duas poesias.
No capítulo XIII, trata do medo e há várias poesias. Uma delas inclusive, foi ganhadora do Varal de Poesias citado no início do texto da presente publicação. E em Roncador-PR, a pedido do Padre Ademar foi declamada no final de uma missa e sem cortes, pois havia uma “singela” frase “Igreja essa sacro-pilantra. (Seu pai era ousado, Rita e Ana).
No capítulo XIV, trata da exploração da América em forma de poesia e no final publica uma carta de um personagem extraordinário, retratando a terra, os rios, a natureza em geral.
No capítulo XV, uma bela poesia.
Na parte final intitulada “Sobre o Autor” escrito pela Luzia, um belíssimo e ao mesmo tempo singelo texto dentre outras coisas ela escreveu:
Na década de 90, cheguei em a Roncador (Pr) para atuar como professora de portuguesa ... Recém-formada e apaixonada por poesia ... Tão logo, meus alunos perceberam meu estilo, alguns deles me levaram poemas do João Lessa ... Fiquei impressionada com a irreverência, com as abordagens das questões sociais...Até então, o João Lessa não havia sido apresentado para mim formalmente...Tempos depois, fui apresentada a ele, por um amigo...Acredito que uma das facetas do amor é admiração e esse movimento nos aproximou tanto que em 1993, selamos nossa união e duas sementes nasceram: Rita Virgínia e Ana Flavia.
Considerando que o João Lessa foi premiado tantas vezes com suas poesias, considerando que me emocionei e tive um prazer enorme da leitura da linda obra, ouso dizer que além de ser lida pelo maior número de pessoas (adquirir pelo endereço https://loja.uiclap.com/titulo/ua106729 ) deve ser inscrita e concorrer de acordo com o estilo para editais no Paraná ou fora dele, inclusive o prêmio Jabuti, afinal estamos tratando do genial, extraordinário, camarada João Lessa. Se for premiado, ele observa lá de cima e uma das três meninas que ele amou , vai lá receber.
João Lessa, PRESENTE.

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