segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

A POLÊMICA DO CELULAR NA ESCOLA - TEXTO DA ESCRITORA CLEUSA PIOVESAN


 

O Blog do Maybuk publica hoje um texto da professora e escritora Cleusa Piovesan retratando a polêmica da proibição dos aparelhos celulares na Escola.  

A POLÊMICA DO CELULAR NA ESCOLA

 

Não posso me abster de falar sobre esse assunto porque interfere diretamente na qualidade da Educação, e o celular em sala de aula, se não usado para fins pedagógicos é uma distração que afeta a atenção dos estudantes na aquisição do conhecimento. Talvez se o celular fosse menos importante do que adquirir conteúdos científicos e para a vida esse problema seria sanado!

O grande problema no Brasil é a falta de interpretação! E a Lei nº 15.100/2025, aprovada tardiamente, na minha opinião, está sendo mal interpretada. Pela revolta dos adolescentes, divulgada amplamente nas redes sociais, tenho a impressão de que privá-los do uso do celular por algumas horas ao dia é como se estivessem lhes submetendo a uma lobotomia, e logo nem precisará de cirurgia para tal procedimento, porque o uso inapropriado das tecnologias, fomentado nas redes sociais, fará o processo com eficácia.

Na escola em que trabalho desde 2007, o celular nunca foi permitido em sala de aula, a não ser quando o professor solicitasse para alguma atividade pedagógica e, mesmo assim, havia alunos que o usavam, afrontando o que fora estabelecido no Regimento Escolar, aprovado em assembleia todo início do ano pelos pais e/ou responsáveis pelos estudantes. Há uma caixa para cada turma, e os alunos depositam o celular nela e o acessam se houver necessidade, assim, o trabalho em sala de aula pode ser realizado sem que eles fiquem olhando o celular a cada notificação. Parece simples, não? Não é.

O grande problema da geração Millenium é que está há milênios de ter a atenção despertada por algo que não seja tecnológico. O prazer da descoberta não existe mais, a um clique os adolescentes têm a sua disposição todo tipo de informação, útil ou não, e o Chat GPT e outras plataformas de Inteligência Artificial estão tirando deles a capacidade de pensar. Não é mais preciso; tudo está disponível a qualquer momento. Aí, eu pergunto: que futuro os aguarda se a capacidade de raciocínio é o que distingue o ser humano das espécies animais?

 

MAQUINUMANO

 

O homem-máquina, o homem-robô

Submete-se aos caprichos da tecnologia.

Homem-depressão, insatisfeito.

Vida-vazia, sentimentos ocos.

 

Dependência total de máquinas e

De objetos abjetos que se tornam obsoletos,

Absolutamente necessários,

Em sua superflualidade.

 

Homem-consumo, com seus sonhos roubados.

Ganância, poder, corrupção.

Existência vazia, vida fútil, coração-pedra.

Homem, maquinalmente, manipulado!

 

Esse poema foi escrito em 2015, e publicado em meu livro “Não diga que a poesia está perdida”, e retrata exatamente o que estamos vivenciando no momento. Minha percepção sobre o mundo, é fruto do conhecimento que adquiri com as leituras que realizo, constantemente, e permitem que eu observe os fatos sociais e as situações do cotidiano com o distanciamento das paixões, e tento fugir da alienação que a sociedade moderna impõe a todo momento.

A tecnologia é a melhor invenção do momento, mas saber usá-la é crucial para que a alienação programada não conclua o backup! Com certeza, a Educação precisa da tecnologia, mas a tecnologia não pode banir a qualidade a verdadeira Educação! Pensem nisso antes de condenar a proibição do uso do celular na escola!

 

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