domingo, 22 de agosto de 2021

UMA EXPERIÊNCIA, UMA POESIA E MUITA INDIGNAÇÃO


O editor do Blog do Maybuk relata na matéria, duas experiências ocorridas entre sábado e domingo que o conduziram para o texto.

No sábado 21/08/21, uma situação muito comum parecida com outras durante os últimos meses que descreverei na sequência.

No domingo 22/08/21, recebo a poesia da grande escritora e poeta ou poetisa Cleusa Piovesan (outras publicações sobre ela podem ser encontradas no Blog).   

O QUE NÃO CABE NUM POEMA

Difícil conter poesia

No preço exorbitante

Básico arroz/feijão!

Quebra um ritmo de viver,

Quebra uma rima sem dó.

Só deixa todos sem ação!

Nem falo da gasolina! Dói

Ver ruir tão grande nação!

A poesia da Cleusa em 8 linhas mostra a fotografia do nosso Brasil ruindo.

Voltemos para o sábado dia 21/08/21.

Nos últimos meses, a quantidade de pedintes no portão da minha casa chega a ser assustadora, pedem comida para cozinhar, pedem boné, pedem uma manta (estava muito frio naquele dia), pedem uma cabeça de alho (para temperar um resto de uma coisa parecida com carne que tinha acabado de comprar), pedem um cachorro-quente se tiver, pedem uma xícara de café e um pão, pedem um pouco de dinheiro para inteirar para o gás (cato latinhas, ganhei umas comidas mas acabou o gás, só arrecadei 32 real até agora). Cada pedido uma golpeada no coração. E há alguns vendedores de frutas por exemplo, em que é visível perceber que cataram em algum lugar e precisam fazer algum dinheiro desesperadamente.

Ontem, um senhor de boné, muito magro e fraco, tocou a campainha exatamente quando eu tinha acabado de comer uma marmita e não tinha nada cozido para dar, quando ele pediu "o senhor não tem  alguma coisa para comer, ou levar, um feijão, um arroz, uma pedra de sabão" (antes que algum idiota pense, sabão é algo imprescindível na pandemia e quando acaba tem que comprar e só se compra com dinheiro).

Fiquei abalado com a forma e a angústia do pedido. Voltei e procurei entre entre alguns pacotes armazenados, lembrando que não está fácil para ninguém nem para quem doa, os preços de supermercados não param de subir apesar da economia estar em frangalhos. Peguei um pacote de fubá e levei até ele, a reação do pobre  homem desiludido foi tirar o boné e quase se ajoelhar, rogando que Deus me abençoasse e a última palavra foi "vou fazer uma polenta".

A experiência foi esta, a poesia citada é verdadeira e agora vai minha indignação.

Estou indignado em ver um país arruinado e desgovernado, sem comando e especialmente sem Ministro da Fazenda, o que temos é um banqueiro canalha, que tem nojo de pobre e não move uma palha para conter a alta de preços dos produtos alimentícios e do gás de cozinha. Governo decente, de gente que não é canalha se preocupa com isso e encontra soluções.

Enquanto isso, nosso mandatário com a popularidade abaixo do rabo do cachorro, justamente porque não governa e deixou o país nesta situação lastimável, se preocupa com o tal voto impresso, isso não alimenta a pessoas.

Enquanto isso, nosso mandatário, preocupado com o inquérito do criminoso e milionário esquema das canalhas fake news, quer retirar Ministros do STF, aqueles que a imensa maioria do povo brasileiro não sabe nem o nome deles, mas sabe as dificuldades em sobreviver e colocar comida na panela.

Enquanto isso, nosso mandatário, fica passeando de moto naquelas motociatas (campanha eleitoral antecipada e ilegal) ridículas com nosso dinheiro. No último levantamento, somente da parte do gasto federal, em apenas uma delas quase 500 mil reais, fora o gasto da parte do Estado e do município em que o evento acontece, pois a lei vigente prevê que dever existir um aparato policial para proteger a autoridade máxima do país. E salientando que ali não há povo e sim 99% por cento de homens brancos com motos que pobre jamais conseguiria adquirir. Para se chamar tem povo tem que incluir as mulheres, no mínimo 50% da população, tem que incluir pretos e pardos, no mínimo 50% da população, tem que incluir trabalhadores e trabalhadora, que na imensa maioria não têm condições e tempo para acompanhar um sujeito sem máscara pregar golpe.

E aqui meu inteiro respeito e apreço pelos motoboys, esses sim, que usam a moto judiada para trabalhar muito, se desgastar e se arriscar muito e ganhar muito pouco nesse país que aprofundou a pobreza e a miséria, depois da criminosa "deforma" trabalhista. 

Dia 7 de setembro, um dia propício para trabalhadores e trabalhadoras, honestos e honestas, pacificamente, mas demonstrando sua indignação saírem às ruas e denunciarem a situação catastrófica em que o Brasil se encontra.                         

2 comentários:

  1. Um dos momentos mais difíceis pelo qual estamos passando. Sentir dói, ver dói, não poder fazer muito também dói. Mas não fazermos nada e fecharmos os olhos ao caos dói muito mais naquele que não tem vez... dói muito mais no faminto de tantas fomes.

    Que texto, prof. Sérgio! ������

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