quarta-feira, 5 de agosto de 2020

UMA POESIA DE JUSTO PROTESTO - CLEUSA PIOVESAN

O editor do Blog do Maybuk, participou ontem 04-08-20, de um Sarau Literário do Centro de Letras do Paraná, à convite da  escritora mourãoense Prescila Francioli. Ela é membro do referido Centro e na ocasião fez lançamento do seu novo livro que inclusive, fizemos o registro em matéria específica por aqui.

 

Cada evento em que há reunião de pessoas é sempre oportunidade de se conhecer alguém interessante. Isso pode ocorrer numa festa de igreja, numa comunidade da zona rural, em um Assentamento ou Acampamento daqueles e daquelas que lutam pela  reforma agrária, naquele bairro de periferia as vezes desprezado pela elite e até discriminado e em eventos solenes tais como o de um Centro de Letras.

 

Durante   as intervenções poéticas, belas poesias, belos poemas de autoria de membros do Centro e de poetas consagrados nacionalmente e de repente aquela manifestação arrebatadora  da escritora Cleusa Piovesan com a poesia de protesto QUERO ESCOLHAS! DÊ-ME ESCOLAS! Que publicarei no final.

 

A escritora é professora da rede estadual na área de Letras e tem Mestrado pela Unioeste é autora de livros e diversas poesias, contos, etc e os/as internautas podem conhecê-la pelo endereço https://www.literatura-cia-poetizando-a-vida.com/     

 


A seguir a bela poesia.


QUERO ESCOLHAS! DÊ-ME ESCOLAS!


Sou aluno Rico

Tenho poder, sou privilegiado

Estudo em escola particular

Estou sempre bem alimentado

Meu material é de primeira linha

Vou à escola bem arrumado

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!


Sou aluno Burguês

Minha condição: afortunado

Meus pais são profissionais liberais

Tenho estilo de vida sossegado

Não sofro bullying, preconceitos

Na minha galera todo mundo é "irado"

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!


Sou aluno Pobre

Meu destino está traçado

Receber sempre as migalhas

Dos que são mais abastados

Não tenho roupa de marca

Meus pais são assalariados

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!


Sou aluno Favelado

Chamam-me marginalizado

Meus pais estão desempregados

E ter o pão na mesa é complicado

Recebo auxílio do governo

Sou malvisto e desprezado

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!


Sou aluno Indígena

Tenho ensino não adequado

Suplantaram minha cultura

Em minhas crenças sou desrespeitado

Tiraram tudo o que era meu

Sou pela sociedade rejeitado

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!


Sou aluno Quilombola

Pelo sistema nem sou citado

Agem como se eu não existisse

E fosse um ser sem passado

Mas luto pela minha etnia

Não serei mais escravizado

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!


Sou aluno, Branco ou Negro

Mestiço, Mulato, Imigrante, Exilado

Minha raça é a humana

E todo direito tem de ser sagrado

Feito de carne, ossos, sangue

Nenhum azul, só encarnado

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!


Sou aluno Cidadão Brasileiro

Meu direito está assegurado

Na Constituição Federal

Documento em que foi lavrado

"Direitos iguais para todos"

Mas nem sempre é respeitado

Quero escolhas! Dê-me escolas!

Não quero ser alienado!

 


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