terça-feira, 7 de janeiro de 2020

UM FILME, UM FESTIVAL DE MÚSICA, A INSENSATEZ DE POLÍTICOS E A VIDA DE ALGUMAS PERSONAGENS


Nas férias é possível desacelerar um pouco, ler com mais prazer e tranquilidade,  assistir alguns filmes, séries e documentários.

Nos últimos dias estou acompanhando a repercussão da insensatez do presidente norte americano em busca da reeleição ,  que covardemente e contrariando todas as regras internacionais, autorizou na forma terrorista, o assassinato de um líder militar no Irã (não interessa quem ele era e sim as condições de sua morte) e que vai sem nenhuma dúvida, causar um aumento brutal da violência, do terrorismo e também interferir no preço do petróleo e no bolso especialmente dos menos favorecidos, porque é ainda um insumo importante no custo final dos produtos. No momento em que escrevo, ouço o Bonner admitir que aquilo todos estavam preocupados já está acontecendo, ao relatar os mísseis disparados  pelo Irã contra bases americanas no dia de hoje (07/01/2020).

Para aprender um pouco sobre a história da India, assisti o filme “o último vice-rei”. Belíssimo filme baseado em fatos reais. Nele a Inglaterra nomeia um monarca para depois de muitos anos enfim, “dar a independência” à India. E para tanto no final foi necessário criar  outro país, o Paquistão, apesar da insistência de Mahatma Ghandi  para que houvesse união entre os habitantes de culturas e religiões diferentes. Quem assistir o filme vai ver o jogo de interesses da Inglaterra e a imensa quantidade de perda de seres humanos mortos em conflitos, por fome e doença e pela migração obrigatória, sem nenhuma condição humana e econômica para tal. Prova absoluta de insensatez política.

Assisti também um interessante Documentário “Uma noite em 1967 – (Brasil -  2010) que trata dos bastidores do Festival de música da Record  (era a potência da época). No Documentário se vê dentre outros nomes,  nada mais nada menos que os bem jovens, Caetano  Veloso, Chico Buarque,  Elis Regina, Edu Lobo,  Gilberto Gil, Rita Lee , Roberto Carlos e Sérgio Ricardo (aquele que quebrou o violão e arremessou com raiva na plateia). Há deliciosas entrevistas com a maioria deles (jovens e depois idosos) intercaladas entre as cenas do evento histórico. Tem também a nostalgia de ver as vestimentas  e o que estava na moda e inclusive algo que me deixou incomodado, que foi ver repórter com um microfone na mão e na outra um cigarro fazendo entrevista.  

O Festival ocorreu logo no início do governo militar, que alguns pensavam que seriam apenas algumas noites mal dormidas, mas que se tornou um período sombrio da nossa história durante 21 anos. Prova absoluta de insensatez política.

Passados 52 anos, algumas considerações interessantes sobre alguns dos artistas citados. E a demonstração de que vale a pena questionar, lutar quando é preciso  e que o futuro é realmente imprevisível.

O Caetano Veloso, hoje aos 77 anos, grande talento musical, sucesso absoluto,  sempre se manifestou com suas ideias, pagou o preço ao ter que se exilar em outro país, diante da insana frase “Ame o deixe-o”.

O Gilberto Gil, também com 77 anos, um dos maiores cantores brasileiros, sempre se manifestou com suas ideias, têm várias letras bem críticas ao sistema e foi obrigado a se exilar também para escapar dos anos de chumbo.

A Elis Regina bem mocinha no referido Festival, ganhou a premiação de melhor intérprete e passou sua breve vida (morreu aos 36 anos) ,sendo uma das maiores cantoras do Brasil e grande questionadora, ativista política, basta assistir sua última entrevista ocorrida alguns dias antes de sua morte. E lembremos que a música “o bêbado e o equilibrista” é considerada na magistral interpretação dela,  como o símbolo da redemocratização.  

O Roberto Carlos é conhecido como o “Rei Roberto”. Tem 78 anos, possui um número muito grande de fãs, mas nunca foi ativista político. Que eu saiba uma pouca ação meio velada foi quando escreveu a música “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos” homenageando o Caetano quando estava exilado. A música depois foi regravada pelo próprio Caetano e em uma das estrofes tem “ você olha tudo e nada lhe faz ficar contente, você só deseja agora, voltar pra sua gente”.

A grande nossa rainha do Rock Rita Lee, feminista,  hoje tem 72 anos e grande parte de suas canções são de protestos.

E deixei o Chico Buarque para o final, porque para mim, é o mais talentoso e autêntico de todos. Um grande compositor. Se auto exilou por um período fora do país, tem composições de protesto, teve canções censuradas na época dos anos de chumbo, driblou por um tempo a ditadura com o pseudônimo “Julinho da Adelaide”. Além de compositor é um grande escritor e no final de 2019, ganhou nada menos que o prêmio Camões de Literatura, um dos maiores da língua portuguesa,  do Ministério da Cultura de Portugal que é assinado e patrocinado conjuntamente com o Ministério da Cultura do Brasil. Vai receber o prêmio em dinheiro (100 mil euros) e a premiação será em Portugal no mês de maio de 2020, mesmo sem assinatura (até o momento) do presidente Bolsonaro que se recusa a assinar. Como a assinatura do presidente brasileiro é mera formalidade segundo o governo português, o Chico respondeu que a não assinatura é um segundo prêmio em um só . Palmas para ele.   

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