Sou professor universitário e por dever
de ofício, passo boa parte do meu tempo
lendo. Leio de tudo um pouco, livros, artigos científicos, sites de economia e
política, blogs e de vez em quando para não ficar fora do mundo e de minha
região, ainda leio notícias em geral, embora meu computador quase fique manchado
de sangue, tamanho é o interesse dos meios de comunicação em publicar
desgraças. Para espairecer a cabeça, assisto filmes, de preferência baseados em
fatos reais e filmes de época, mas mesmo assim, ao assistir os filmes, o olhar
de professor de economia está presente.
Além de professor, em que leciono,
oriento monografias e iniciação científica, escrevo artigos, participo de reuniões
de colegiado, desenvolvo e /ou participo de projetos que me requerem saídas da
cidade (nesse ano, fui duas vezes à Campo Grande-Ms e Paranavaí várias vezes
por causa de um em específico), no momento ainda exerço um cargo na reitoria da
Unespar em que tenho de cumprir horário para tal.
Compro e ganho vários livros e vou
começando a ler, de acordo com o assunto e o tipo do mesmo. Alguns são mais
fáceis de ler, outros extremamente técnicos, mas todos com sua importância.
Escrevi todo o “floreio” inicial, para
explicar que em 26 de outubro de 2015, por meio da professora atualmente da
UEM, doutoranda Rozenilda Luz Oliveira Matos, (mãe do meu filho Giordano Bruno), tive o
prazer de receber a obra intitulada “O planejamento governamental no Paraná –
Economia, Estado e Política Econômica”, escrita pela professora doutora e na
época chefe de departamento de economia da UEM Rosalina Lima Izepão e que
somente hoje consegui terminar de ler.
A obra é oriunda da tese de doutorado
dela, em história econômica da USP e
prefaciado pelo orientador professor doutor José Eduardo Marques Mouro.
A obra é muito densa e ótima. É dividida
em 4 partes, sendo a primeira, “O planejamento governamental”, a segunda, “A
criação e a institucionalização do sistema estadual de planejamento no Paraná
(1947-1975)", a terceira, “A prática sistemática do planejamento governamental
no Paraná (1975-1995)", e finalmente a quarta, “Políticas neoliberais e a
reinterpretação do planejamento paranaense (1995-2003)".
Ela trata dos 30 anos da
institucionalização do Sistema Estadual de Planejamento do Paraná que nasceu em
1973.
No primeiro capítulo trata de autores
internacionais, nacionais e paranaenses sobre o tema.
No segundo capítulo, primeira parte,
discute-se a conjuntura política e econômica paranaense e os primeiros
pronunciamentos sobre planejamento governamental, dos governadores de 1947 a
1955 e na segunda parte, já as tentativas de institucionalização do
planejamento. Trata dos grupos políticos e econômicos da época liderados por
Moisés Lupion (madeireiro) e Bento Munhoz da Rocha Netto (ervateiro) que em
campos opostos, dominaram a política paranaense, alternando-se de 1947 a 1960. Depois surgem, Ney Braga, Paulo Cruz Pimentel, Haroldo Leon Peres, Pedro
Viriato Parigot de Souza, João Mansur, Emílio Hoffmann Gomes, Jaime Canet
Júnior e novamente Ney Braga e na terceira parte, reflexão sobre os planejamentos
adotados.
No terceiro capítulo, discute a prática
sistemática de elaboração de planos quadrianuais, e políticas governamentais de
1975 a 1985 e as diferentes faces de
planejamento e políticas governamentais
até 1995, com José Richa, Álvaro Dias e
Roberto Requião.
No quarto capítulo o cunho neoliberal das
duas gestões de Jaime Lerner (os outros dois governos do Roberto Requião não
foram analisados por estarem ainda em andamento na época da tese).
A obra é importantíssima para qualquer
idade. Para os mais jovens que não
conheceram nenhum dos personagens citados é uma excelente oportunidade. Para
aqueles que estão na terceira idade, com certeza são testemunhas oculares de
história e conhecem todos.
Para aqueles próximos dos 50 anos que é
o meu caso, de José Richa até o Jaime Lerner é como se aliasse um filme que já
viu com novos conhecimentos técnicos sobre o planejamento e os planos de
governo deles. Eu lembro até das campanhas eleitorais de todos eles e da
angústia que passei no governo Lerner enquanto servidor público, embora,
segundo a autora, em termos de planejamento este inovou e resgatou o que era
feito comparativamente na época da década de 1970.
A autora não negligencia nada. Apresenta
o que foi de bom e ruim de todos os governos.
Eu particularmente além do aprendizado,
fiquei feliz de ver o personagem Belmiro Valverde que foi meu professor na UFPR
na época de um outro mestrado que iniciei e também por ver, na parte do final
do governo Lerner a criação da nossa querida Unespar, que por incrível que pareça só saiu do papel
no governo Beto Richa.
Penso que a autora Rosalina Lima Izepão merece todos os parabéns pela obra e acredito que todos os prefeitos e prefeitas dos 399 municípios do Estado deveriam ler. Também aqueles que desejam voltar às prefeituras e todos os demais participantes das gestões públicas de qualquer esfera, para entenderem a importância de um planejamento e as dificuldades em cumpri-lo.
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