quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A MATRIARCA FOI EMBORA

No dia 25 de novembro de 2010 faleceu a Dona Maria Tereza Solda Michalski, com seus 90 anos e sentada numa cadeira como uma boa comandante que se preza, assim como quem quer dizer: "tudo bem, eu vou para outra vida, mas não me deito para me despedir".

A Dona Maria Tereza era minha Nona, mãe de minha mãe. Teve 10 filhos nascidos vivos, 7 mulheres e 3 homens. Como consequência o mundo recebeu até o momento em que estou escrevendo 25 netos e 18 bisnetos.

Eu sempre vi fortaleza na pessoa da minha Nona. Mesmo agora, nos últimos tempos em que estava mais debilitada pela idade e mais precisamente no dia do velório em que a habilidade funerária tenta deixar as pessoas mais bonitas, eu vi fortaleza naquela mulher, rodeada principalmente pelas filhas.

A Nona pelo seu estilo de italiana rude nunca foi de demonstrar carinho para os filhos e para os netos, mas no seu jeito firme foi comandando o espetáculo desde sempre. Meu avô que foi 28 anos antes para outra morada tinha uma Fazenda, com uma infinidade de "camaradas" que trabalhavam e se alimentavam e a Nona estava lá para alimentá-los.

Minha Nona era uma excelente cozinheira, lembro-me que foi meu último elogio a ela meses atrás. Ela adorava fazer horta, cuidava das plantas como ninguém e era muito vaidosa. Cuidou dos cabelos, pés e mãos até o final da vida. Lembro-me de um dos últimos almoços em que ela estava hospedada na minha casa em Roncador e eu observava suas mãos que estavam sempre bem cuidadas. Quando ela ía passar do quarto para outro cômodo, perguntava como estava seu cabelo (que bonitinho sua vaidade, sinal de que valorizava a vida e queria estar apresentável para as pessoas).

Ela apesar de as vezes parecer dura, contava piadas, tinha senso de humor e dançava. Eu me lembro que depois de adulto, quando fui perdendo o medo dela, dancei algumas vezes com ela naqueles almoços de família. Lembro de ocasiões de dança na minha casa e até na praia quando ficávamos juntos.

Lembro-me que eu sempre dizia a ela: _ E aí Nona quando é que vai arrumar um "véio" para ficar com a senhora? e ela ria dizendo _ Eu não quero saber disso. Depois que me separei da mãe do meu filho, toda vez que eu a encontrava ela dizia: _ Quando vai arrumar outra mulher?

E assim cada filho e cada neto deve ter alguma lembrança especial da Dona Maria para guardar no coração. Fico pensando, o que são 90 anos enquanto algumas pessoas vivem tão pouco ou o que são apenas 90 anos se já não poderemos mais vê-la?

Hoje acordei melancólico e triste. Parece que caiu a ficha da grande falta que ela vai fazer para nós. Descanse em paz Nona e nos ajude a tocar a vida por aqui.

6 comentários:

  1. Prezado Prof. Sérgio

    Quero lhe transmitir meus sentimentos de tristeza em relação a perda de sua NONA querida.
    Sinto o quanto ela foi presente na trajetória de um neto que lhe trasmitira muito carinho e consideração.
    Quero externar tambem que fico comovida com o fato, raro em nossos dias, desta demonstração de amor por alguem que deixou um vazio de vida, demonstração de respeito por quem fez parte de sua formação e que permanecerá viva nos traços que deixou em voce: de sensibilidade, amor pela família, carater e que estará presente e seguirá em seus filhos.
    Com Carinho
    Ricardina

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  2. Querido irmão, obrigada por esta linda homenagem. É muito bom saber que alguem em nossa família tem esta capacidade de expressar tão bem os sentimentos que todos nós temos em relação a ela. Penso que a melancolia estará presente em nossas vidas por tempo indeterminado.Graças a Deus tambem tenho muitas boas lembranças de nossa poderosa Nona.

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  3. Amigo Sergio!
    Hoje ao ver a tristeza nos seus olhos, não imaginei que fosse uma profunda reflexão do poder que esse feminino deixou marcado... um poder que foi, mas deixou sua marca.

    Estou sensibilizado por suas belas palavras, pela suavidade que você fala da Força desse feminio. Posso dizer que compreendo profundamente sua melancolia e tristeza... e dedico minha compaixão a você.

    Parabéns pelo lindo texto e pela força de suas palavras.

    Manoel

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  4. Rubens Veiga - Formado em Economia em 20091 de dezembro de 2010 às 14:19

    Maybuk, meus sentimentos pela perda de sua avó. Que Deus de o conforto para você e toda sua família. Eu sei muito bem o que você está sentindo, pois, perdi a minha mãe a 3 meses atrás. O Sentimento de perda é terrível, afinal de contas achamos que estamos preparados, mas é puro engano, quando acontece com a gente temos a noção de que nunca vamos nos conformar com a perda de uma pessoa tão querida.
    Com fé em Deus e pensando que ela estará num lugar bem melhor do que esse que vivemos.
    Um abraço.
    Rubens

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  5. Que lindo Maybuk.
    Doeu em mim a saudade que ficou da sua nona.

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  6. Maybuk
    Meus sentimentos. Belíssimo texto o seu, com sensibilidade e profundidade. Conforme fui lendo, fui me lembrando de minhas duas avós que já partiram para outra dimensão.
    Guardamos dessas mulheres fortes os exemplos para a nossa própria caminhada aqui na Terra. Quiçá possamos nós sermos também lembrados por nossos netos.
    E refletirmos que não precisamos fazer coisas tão brilhantes e sim sabermos viver com simplicidade os valores da vida. Lembramos do doce, do pão, da bolacha, da toalha engomada com esmero para esperar o Natal, a chegada do Menino Jesus. Lembramos seus jeitos enérgicos e carinhosos que nos ensinaram limites, respeito.
    É a sabedoria, a ternura e energia nos acompanhando pelas gerações.

    Dalva

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