terça-feira, 2 de setembro de 2025

JEFFERSON NERY CORREIA NO VARAL DE POESIAS 2025



FOTO CEDIDA PELA ESCRITORA ALINE AMBRÓSIO
 

VÍDEO CEDIDO PELA ESCRITORA ALINE AMBRÓSIO

No dia 01 de setembro de 2025, no belo Teatro Municipal de Campo  Mourão, o associado da AME - Associação Mourãoense de Escritores, o  escritor e poeta Jefferson Nery Correia declamou sua poesia intitulada : Rosas de Guerras. A poesia foi uma das quinze classificadas dentre outras belíssimas poesias no XXI Edição do Varal de Poesias - Colegiado de Letras da Unespar campus de Campo Mourão coordenado pela professora Adriana Beloti.

Publica-se aqui a poesia para quem desejar ler e apreciar. Vejam que belo e emocionante texto:

Rosas de guerras

Eu corria por uma pequena rua,

De uma pequena vila de Trang Bang,

Durante a Guerra do Vietnã.

Cruzei com pessoas correndo,

Com um olhar de terror,

Desesperadas, desorientadas.

Uma menina, gritando, toda queimada,

Depois de ser atingida

Por uma bomba de Napalm.

Era 1972 e uma rosa-de-fogo reapareceu,

Cruel, impiedosa - anti-cálida…


Outro dia,

Deparei-me - 

Com uma foto em preto e branco,

Pendurada na parede.

Era ela, a mesma menina

Que cruzei décadas atrás.

Eu percebi, olhando aquela foto,

Que aquela menina nunca deixou de correr.

Corre ainda - em outras ruas,

Em outros rostos, em outras guerras.

Lembrei-me de certa rosa-atômica,

Que me remetia a uma rosa-amarela,

Uma rosa-explosiva -

Um pólen que queimam todas,

Todas as crianças da vila vietnamita.

E crianças do mundo todo.

Pólen de um país, que vomita,

Que é náusea… náusea…


E, em pleno século XXI,

Crianças mortas na Ucrânia,

Mortas na Palestina,

Na Síria, em Israel…

Doces anjos sacrificados.

Deixaram lugares vazios 

Nos parquinhos de brincar.

Braços vazios de filhos.

Pequenas rosas-brancas, 

Maculadas de sangue.

 

O país número um, ainda decide tudo:

O bem e o mal da humanidade.

Decidem sobre a plantação 

De rosas-atômicas.

Mas nós, incrédulos,

Sonhamos com um horizonte de paz - 

Uma paz que se faz,

Se refaz,

E se faz necessária.

 

Rezamos no Vaticano,

Crianças estrangeiras, de todos os cantos,

Cantam,

Com botões de rosas – rosas-brancas -

Nas mãos e nos cabelos.

Porque um homem,

Que veio do Norte

E escolhido pelo Espírito Santo,

Para ocupar o lugar de Pedro.

Uma flor-de-lis, brandamente pura,

Que prega ao mundo:

A paz. A paz. A paz…

 

Muitos imigrantes,

Muitos refugiados,

Procuram abrigo,

Um lugar seguro 

Para as crianças inocentes.

Por pão, roupas, abrigo do frio.

Para arrefecer seus medos, e desalentos…

Rosas-multicoloridas brotam

Nos acampamentos.

 

Da flor da macieira viva,

Seria, realmente, tudo fruto

De profecias antigas?

E se no fruto proibido, houver também 

Circuitos, algoritmos, códigos - 

E não só desejos?

Depois de o homem comer do fruto proibido,

Seria o fim - ou o recomeço dos humanos?

Dos homens sem alma,

Ou o começo humanóides,

E da Inteligência Artificial (IA)…

Seria o fim de um mundo que já está no fim?

Talvez, no fim, reste apenas uma flor - 

Pequena, frágil, brotando na fresta de concreto,

Resistindo em se chamar: Rosa-da-paz.