quinta-feira, 22 de maio de 2025

A BANALIZAÇÃO DA MATERNIDADE POR CLEUSA PIOVESAN


 

O Blog do Maybuk publica hoje um texto de uma escritora mãe sobre o tal “bebê Reborn e creio que sirva como reflexão .

 

A BANALIZAÇÃO DA MATERNIDADE

Por Cleusa Piovesan

 

–"PAREM O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!" Essa frase nunca fez tanto sentido, diante de tantos absurdos que estamos presenciando na sociedade atual. Adotar um animal e sentir-se responsável por ele como se ele fosse uma criança, eu até entendo, porque um animal é um ser vivo que retribui o carinho dedicado a ele, mas sentir-se mãe de um bebê Reborn, e querer que a sociedade o trate como um ser humano é o último estágio da psicose. Não é possível que alguém que não tenha problemas mentais assuma uma boneca como filha e queira convencer as outras pessoas de que ela realmente é.

A situação está tomando uns extremos alarmantes, que até casos de justiça já estão sendo julgados, por conta de maus tratos a um bebê Reborn e a sua mãe de mentira. É a banalização da maternidade!

Sem falar que as tais mães de Reborn estão tirando vagas em serviços essenciais à sociedade, como é o caso dos atendimentos médicos e dos atendimentos jurídicos. Tantas pessoas doentes, casos de "vida ou morte", esperando em uma fila, não apenas do SUS, mas de hospitais e de clínicas particulares, tantos casos a serem julgados pelos tribunais, esperando há anos por uma decisão, e aparece uma situação de mãe de Reborn, sentindo-se humilhada porque seu "bebê" não foi tratado como um ser humano.

A única fila que deveria estar congestionada é a fila dos consultórios psiquiátricos, porque isso é um problema psicológico gravíssimo, que precisa de tratamento urgente, pois está interferindo não apenas numa questão de saúde da pessoa que se sente mãe de um Reborn, mas no direito de todos os indivíduos, humanos reais, que já têm seus direitos negligenciados, naturalmente, e que têm que ceder sua vez para uma fake-mãe e seu fake-filho!

Bem-vindos à Terra do Nunca! Brincar de ser mãe-fake é não assumir as responsabilidades da vida adulta, é brincar com os sentimentos da mulher que é mãe de verdade, que passou por uma gestação, que passou pela transformação física e psicológica de seu corpo que esse estágio de nove meses lhe disponibiliza, que passou pelas dores de um parto, que passou as angústias de não saber se o seu bebê nasceria vivo ou morto, sem saber se ele seria totalmente saudável ou se teria algum distúrbio psicológico ou deficiência física. Brincar de ser mãe-fake é brincar com o estado emocional e psicológico das mulheres que são mães de verdade, tenham elas parido uma criança ou adotado.

Entendo uma pessoa adulta brincar de boneca, e entendo uma mulher que não deseja ser mãe, diante da escolha propiciada pelos métodos contraceptivos, o que não concebo é uma pessoa querer impor a todos seus problemas psicológicos e de identidade ao invés de buscar tratamento especializado. Isso não é apenas uma inversão de valores, é o resultado de uma criação superprotetora que não prepara o ser humano para as responsabilidades que a vida lhe exigirá, seja formando uma família ou não.

Há mulheres que optaram por não experienciar a maternidade, e tudo bem. É o livre arbítrio! Mulheres que agora têm a opção que as mulheres não tiveram no passado, e que, talvez, tenham sido a primogênita e viram o trabalho que as mães tiveram com os irmãos menores. Elas podem ter se frustrado com a maternidade e optado por não ter filhos, o que, diante da liberdade de escola das mulheres da modernidade, é concebível. O que não se pode admitir é que uma mulher que criou a experiência da maternidade em sua imaginação mobilize todo um sistema público para que seu bebê Reborn, um filho também imaginário, tenha direitos civis adquiridos, como se fosse um ser humano.

Se a pessoa tem realmente o desejo de ter um filho, as filas de adoção também são bem grandes, ela poderia estar frequentando uma delas para sentir a realidade de o que é ser responsável por uma criança, mas por uma criança real que chora, que come e tem refluxo, que faz xixi, que faz cocô, que faz birra, que fica doente, que acorda na madrugada e quer atenção, que tem problemas emocionais que nem a mãe verdadeira entende, aí sim, essa pessoa teria a experiência da maternidade em seus aspectos mais felizes e também nos mais cruéis. Acabaria a romantização sobre a ideia de ter um filho e acabaria a banalização que essas mães-fakes estão fazendo sobre o que é ser uma mãe de verdade.

Está na hora de a justiça se manifestar e penalizar as pessoas que estão brincando, na vida adulta, de vivenciarem uma experiência que jamais terão seriamente se não tiverem um filho real. Elas precisam de tratamento especializado. Essas pessoas estão interferindo nos direitos de todos os indivíduos que precisam de serviços públicos, e que estão à espera da solução de seus problemas, enquanto uma mãe com bebê Reborn está numa fila tirando-lhes a vez.

Se eu descer deste louco mundo, com pessoas em total desequilíbrio emocional e psicológico, em que outro hospício a céu aberto irei cair? Será que a "vida inteligente" se manifesta em outros planetas e/ou em outras dimensões, ou estamos à mercê de uma psicose coletiva?

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