O Blog do Maybuk publica hoje um texto de uma
escritora mãe sobre o tal “bebê Reborn e creio que sirva como reflexão .
A BANALIZAÇÃO DA MATERNIDADE
Por Cleusa Piovesan
–"PAREM
O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!" Essa frase nunca fez tanto sentido, diante
de tantos absurdos que estamos presenciando na sociedade atual. Adotar um
animal e sentir-se responsável por ele como se ele fosse uma criança, eu até
entendo, porque um animal é um ser vivo que retribui o carinho dedicado a ele,
mas sentir-se mãe de um bebê Reborn, e querer que a sociedade o trate como um
ser humano é o último estágio da psicose. Não é possível que alguém que não
tenha problemas mentais assuma uma boneca como filha e queira convencer as
outras pessoas de que ela realmente é.
A
situação está tomando uns extremos alarmantes, que até casos de justiça já
estão sendo julgados, por conta de maus tratos a um bebê Reborn e a sua mãe de
mentira. É a banalização da maternidade!
Sem
falar que as tais mães de Reborn estão tirando vagas em serviços essenciais à
sociedade, como é o caso dos atendimentos médicos e dos atendimentos jurídicos.
Tantas pessoas doentes, casos de "vida ou morte", esperando em uma
fila, não apenas do SUS, mas de hospitais e de clínicas particulares, tantos
casos a serem julgados pelos tribunais, esperando há anos por uma decisão, e
aparece uma situação de mãe de Reborn, sentindo-se humilhada porque seu
"bebê" não foi tratado como um ser humano.
A
única fila que deveria estar congestionada é a fila dos consultórios
psiquiátricos, porque isso é um problema psicológico gravíssimo, que precisa de
tratamento urgente, pois está interferindo não apenas numa questão de saúde da
pessoa que se sente mãe de um Reborn, mas no direito de todos os indivíduos,
humanos reais, que já têm seus direitos negligenciados, naturalmente, e que têm
que ceder sua vez para uma fake-mãe e seu fake-filho!
Bem-vindos
à Terra do Nunca! Brincar de ser mãe-fake é não assumir as responsabilidades da
vida adulta, é brincar com os sentimentos da mulher que é mãe de verdade, que
passou por uma gestação, que passou pela transformação física e psicológica de
seu corpo que esse estágio de nove meses lhe disponibiliza, que passou pelas
dores de um parto, que passou as angústias de não saber se o seu bebê nasceria
vivo ou morto, sem saber se ele seria totalmente saudável ou se teria algum
distúrbio psicológico ou deficiência física. Brincar de ser mãe-fake é brincar
com o estado emocional e psicológico das mulheres que são mães de verdade,
tenham elas parido uma criança ou adotado.
Entendo
uma pessoa adulta brincar de boneca, e entendo uma mulher que não deseja ser
mãe, diante da escolha propiciada pelos métodos contraceptivos, o que não
concebo é uma pessoa querer impor a todos seus problemas psicológicos e de
identidade ao invés de buscar tratamento especializado. Isso não é apenas uma
inversão de valores, é o resultado de uma criação superprotetora que não
prepara o ser humano para as responsabilidades que a vida lhe exigirá, seja formando
uma família ou não.
Há
mulheres que optaram por não experienciar a maternidade, e tudo bem. É o livre
arbítrio! Mulheres que agora têm a opção que as mulheres não tiveram no
passado, e que, talvez, tenham sido a primogênita e viram o trabalho que as
mães tiveram com os irmãos menores. Elas podem ter se frustrado com a
maternidade e optado por não ter filhos, o que, diante da liberdade de escola
das mulheres da modernidade, é concebível. O que não se pode admitir é que uma
mulher que criou a experiência da maternidade em sua imaginação mobilize todo
um sistema público para que seu bebê Reborn, um filho também imaginário, tenha
direitos civis adquiridos, como se fosse um ser humano.
Se
a pessoa tem realmente o desejo de ter um filho, as filas de adoção também são
bem grandes, ela poderia estar frequentando uma delas para sentir a realidade
de o que é ser responsável por uma criança, mas por uma criança real que chora,
que come e tem refluxo, que faz xixi, que faz cocô, que faz birra, que fica
doente, que acorda na madrugada e quer atenção, que tem problemas emocionais
que nem a mãe verdadeira entende, aí sim, essa pessoa teria a experiência da
maternidade em seus aspectos mais felizes e também nos mais cruéis. Acabaria a
romantização sobre a ideia de ter um filho e acabaria a banalização que essas
mães-fakes estão fazendo sobre o que é ser uma mãe de verdade.
Está
na hora de a justiça se manifestar e penalizar as pessoas que estão brincando,
na vida adulta, de vivenciarem uma experiência que jamais terão seriamente se
não tiverem um filho real. Elas precisam de tratamento especializado. Essas
pessoas estão interferindo nos direitos de todos os indivíduos que precisam de
serviços públicos, e que estão à espera da solução de seus problemas, enquanto
uma mãe com bebê Reborn está numa fila tirando-lhes a vez.
Se
eu descer deste louco mundo, com pessoas em total desequilíbrio emocional e
psicológico, em que outro hospício a céu aberto irei cair? Será que a
"vida inteligente" se manifesta em outros planetas e/ou em outras
dimensões, ou estamos à mercê de uma psicose coletiva?
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